Eis que recentemente tive contato com uma teoria que eu não conhecia, e usei-a para implementar novas políticas organizacionais de tolerância zero. E não por coincidência, tem tudo a ver com as críticas que faço ao cristão manso e até a tolerância com a desonestidade neo ateísta praticada por alguns.
A teoria em questão é a Teoria da Janela Quebrada, que foi publicada pela primeira vez em 1982 pelo cientista político James Q. Wilson e o psicólogo criminologista George Kelling em um artigo no jornal Atlantics Monthly.
O próprio Kelling escreveu, em 1996, um livro expandido o tema, agora em parceria com Catherine Cole: Fixing Broken Windows: Restoring Order and Reducing Crime in Our Communities.
A base da teoria é extremamente simples, tanto que provoca um sentimento estranho: como demoraram tanto tempo para teorizar algo tão óbvio?
Vejamos a teoria. Ela diz que se uma janela está quebrada e o dono do local não a conserta depressa, uma “mensagem” é automaticamente passada aos vândalos. A mensagem implícita é “quebrem mais janelas”.
Isso por que as pessoas vão assumir a idéia de que quebrar janelas é algo com que ninguém se preocupa. Portanto, quem tem vontade de quebrar janelas, irá fazê-lo, mais e mais vezes.
Em um ritmo de cascata, a tendência é que isso se multiplique em novas mensagens, como “vandalismo é permitido”, que pode ser ampliado para “o crime é permitido”. Ou seja, a tolerância com as janelas quebradas tende a levar não só a um maior vandalismo daqueles que adoram jogar pedras em janelas, como aumento da ação criminal como um todo.
Definindo de uma maneira mais didática. A janela quebrada que não é substituída lança um sinal de vulnerabilidade, que é compreendido pelos meliantes.
A tendência é a prática do “ataque teste”. Outras janelas serão quebradas, e novamente será observado se alguém toma uma providência. Sem que providência alguma seja tomada, logo o prédio estará com quase todas as janelas quebradas. O sinal emitido a todos os que virem o local é claro: o prédio está vulnerável.
O valor dos imóveis irá baixar na região, sendo que alguns deles ficarão desocupados por um tempo (pois estão à venda). Vez por outra algum bandido poderá ocupar o local e estabelecer um ponto de venda de crack. As pessoas que moram próximas ao prédio vão sofrer mais ameaças. Não demora para o índice de furtos aumentar. Vias poderão ser bloqueadas, de forma que a polícia não tenha acesso ao local. Em alguns casos, o bairro pode até passar a ser conhecido como aquele lugar onde a polícia não tem coragem de entrar.
Mas para as pessoas que moram em um lugar desses há muito tempo, tudo isso passa a ser normal. O resultado inclui mais crianças criadas e TREINADAS para viver em um ambiente de crime. Quer dizer, uma linha de produção de criminosos. (Não que todos os habitantes de locais assim sejam criminosos. Mas que a tendência de alguém ser levado ao crime é maior se este viver em um ambiente de tolerância ao crime é um fato, quanto a isso não há dúvidas)
É por isso que a teoria pode causar incômodos em alguns. A tolerância aos pequenos delitos é aceita continuamente. Por quase todos. Mas as conseqüências dessa tolerância tendem a ser cruéis e produzirem resultados devastadores e duradouros.
Foi pensando exatamente nisso que o prefeito conservador de Nova York, Rudy Giuliani, resolveu estabelecer sua política de Tolerância Zero no combate à criminalidade, a partir de 1994, quando assumiu o cargo.
Naturalmente uma medida que incomodou muitos esquerdistas, que, como todos sabem, são tolerantes à criminalidade. Até a banda Agnostic Frost escreveu uma música, Police State, criticando fortemente as medidas de Giuliani.
E no que consistiam tais “medidas duras”? Simplesmente a punição aos criminosos mais violentos foi mantida, mas até as infrações de menor periculosidade foram punidas. Isso incluía a pichação nos metrôs e o lançamento de lixo nas ruas. Até o ato de lavar os vidros dos carros de alguém sem a autorização do proprietário eram coibidas. Giuliani nada mais fez que consertar as janelas quebradas.
Os resultados foram excelentes, levando a uma redução de crimes em Nova York em uma escala de 57% cento. E para que alguns não digam que a redução ocorreu por causa da punição aos crimes de menor periculosidade, o número de assassinatos foi reduzido em 65%.
E o que isso tem a ver com os cristãos mansos? Simplesmente tudo.
Hoje em dia temos uma altíssima incidência de ações preconceituosas e atos desonestos cometidos contra religiosos. E isso vai desde a doutrinação escolar (com professores mentindo sobre religião), a repórteres escrevendo mentiras na mídia, ataques de pânico moral, religiosos ofendidos em comunidades do Orkut e daí por diante. Enfim, chegamos a uma situação vergonhosa.
Neste blog, assim como em alguns outros (exemplos incluem Quebrando o Encanto do Neo Ateísmo, Teismo.Net, Neo Ateísmo Português e Pérolas dos Poucos), já se pratica a tolerância zero contra os neo ateus e humanistas.
Mas o problema ainda reside nos cristãos mansos. Um exemplo é a comunidade “Perguntas Cristãs Complicadas”, no Orkut, em que cristãos mansos toleram e são servis perante qualquer tipo de desonestidade cometida contra eles. Tanto que até alguns neo ateus dizem: “Gosto de ficar por aqui, é uma de minhas comunidades preferidas”. Não é muito diferente dos bairros que patrocinam a existência das janelas quebradas, preferidos pelos meliantes.
Algo totalmente diferente ocorre na comunidade “Contradições do Ateísmo”, em que o desrespeito e a desonestidade dos neo ateus não é tolerada. Lá, se um ateu quiser permanecer, terá que respeitar os teístas.
O mesmo ocorre aqui. Nessa semana, não publiquei uns 5 ou 6 posts de neo ateus. Todos com gracinhas, provocações e até ofensas. Alguns escreveram coisas pensando algo como “Ih, vou entrar lá e ofender o Luciano na frente de todos os leitores do blog”. Pois é, não conseguiram. Pois aqui consertamos as janelas quebradas.
Temos que, aos poucos, orientar os cristãos mansos e explicar para eles a teoria das janelas quebradas. Depois da primeira explicação, não há mais JUSTIFICATICA MORAL a postura de conivência. Temos uma base e exemplos para mostrar que a culpa do que ocorrer politicamente negativo aos cristãos é PARTE deles.
A política de tolerância zero contra os anti-religiosos pode se ampliar para o comportamento cotidiano, como por exemplo a rejeição social a alguém que mostre uma postura anti-religiosa. Podemos boicotar jornais que publicam mentiras.
Mas sempre tendo em mente a idéia da tolerância zero. A punição e o contra-ataque começam com A MÍNIMA DESONESTIDADE. Essas pequenas desonestidades é que são as janelas quebradas.