Quando ele se sente suficientemente forte para pensar no passado, as
memórias de Andy Phillips em relação ao seu filho são dolorosas, tal
como no passado eram preciosas. Há aquele emocionante num dia de
Novembro de 1990 quando Jordan nasceu no Tameside General Hospital
em Derbyshire, e foi colocado nos seus braços. Quando fecha os olhos e
pensa nisso, Andy ainda consegue ver o pequeno Jordan a dar os
primeiros passos. Andy lembra-se de lhe comprar o primeiro conjunto de
bateria e ver, espantado, a forma como o pequeno rapaz imediatamente
toca a música "Hey Jude!" dos Beatles.
Por cima de todas estas memórias felizes, no entanto, encontra-se o
terrível dia, há dois anos, quando Jordan, então cim 21 anos, apareceu
na casa de Andy (Telford, Shropshire) com um pedaço de papel no seu
bolso de trás. Andy, de 43 anos, recorda:
Era um teste de ADN. Jordan disse que tinha algo para me contar. Fez uma pausa e disse: "Tu não és o meu pai"
Esse momento devastador deu início a dois anos infernais na vida de
Andy, durante os quais ele batalhou para entender o porquê de ter sido
terrivelmente enganado pela mãe do Jordan, Andrea Roberts (42 anos).
Forçado a pagar pensão depois de se ter separado de Andrea quando
Jordan tinha 7 anos, Andy acredita que há já muitos anos que Andrea
suspeitava que Jordan não era filho dele. E embora Andrea tenha
concordado em pagar £19,000 como parte dum acordo legal feito nos
instantes finais, depois dele ter dado início a um processo legal tendo
em vista algum tipo de compensação por danos psicológicos a si causados
por parte da mentira de Andrea, Andy afirma que não há vencedores nesta
triste história - muito menos o Jordan, que tem andado para trás e
para frente na guerra entre os seus "pais".
De facto, o caso judicial causou uma tal mágoa a Jordan, hoje com 23
anos e baterista duma banda, que ele já não fala com o homem a quem ele
dantes chamava de Pai apesar de Andy sempre dizer que o amava como um
filho:
Ele não quer saber mais de mim. É como se eu o tivesse perdido duas vezes.
Embora Andy (engenheiro) esteja ainda a receber aconselhamento
psicológico como forma de lidar com o trauma de ter descoberto que
Jordan não é seu filho, Andrea diz que também ela sofreu, insistindo
que não sabia ao certo se Jordan era filho de Andy ou não, e que só
ficou a saber de certeza depois do teste de Outubro de 2011 ter
revelado toda a verdade:
Eu tinha 18 anos. Nem acredito que o que aconteceu quando eu ainda era tão jovem ainda me atormenta até aos dias de hoje.
Numa carta sentida que ela enviou ao Andy depois dele ter descoberto a verdade há dois anos atrás, ela escreveu:
Quando eu tinha 18 anos, eu não tinha qualquer tipo de plano, mas [eu] era uma rapariga assustada, imatura e confusa, cujo próprio pai lhe havia virado as costas. Eu levava as coisas um dia de cada vez, e [eu] tentava fazer o que era o melhor para mim. Eu e tu estávamos juntos, e era assim que eu queria que ficássemos. Eu não queria magoar ninguém. [ênfase adicionado]
E em mais um episódio desta história, Andrea encontra-se agora num
relacionamento com o pai biológico dde Jordan - um antigo amante dela.
O Princípio
Então como foi que as coisas chegaram a este ponto confuso e triste?
Segundo documentos legais enviados ao Daily Mail, as sementes da
mentira foram plantadas logo desde o início da relação entre o Andy e a
Andrea.
Conheceram-se num pub em Glossop (Derbyshire) no verão de 1989 quando
Andrea tinha 17 anos e Andy 19. Eles tinham andado na mesma escola
integral na cidade mas mal se lembravam um do outro dos tempos da
escola:
Ela
aproximou-se de mim. Ela era muito bonita e conversadora. Começamos a
sair juntos e eu sempre a acompanhava para casa. Eu era muito leal a
ele, logo desde o início.
Mas Andy não era o único admirador de Andrea. Alguns meses depois de se
terem tornado amantes, ela traiu Andy com o seu primeiro namorado, Paul Rothery, outro antigo aluno da "Glossop Comprehensive"
que Andy conhecia de jogar futebol com ele no clube de jovens local.
Por essa altura, Andy não ficou a saber da infidelidade da sua
namorada. Andrea alega que o seu "encontro" com Paul foi um "incidente
único".
Na carta que ela enviou ao Andy, ela disse que, embora ela
suspeitasse que Paul pudesse ser o pai, "
havia sempre a chance dele (Jordan) ser teu filho".
[ed: os testes de ADN existem desde os finais dos anos 70, início dos anos 80]
Andrea estava grávida de vários meses quando disse a Andy sobre o bebé.
Ele comprometeu-se a ficar com ela, o que gerou a ira do pai dela - um
sargento-detective na polícia de
Greater Manchester - bem como a ira dos seus próprios pais. Andy relata:
Eu
sempre usava contraceptivos, e como tal, fui apanhado de surpresa; mas
assumi que algo tinha falhado. Eu estava apaixonado por ela e nem
questionei a possibilidade do filho não ser meu. Eu tinha um emprego
estável e estava feliz por me tornar num pai. Mas o pai dela estava
furioso e como tal, ela veio viver comigo e com os meus pais pouco
antes do Jordan nascer.
Andy esteve presente no nascimento de Jordan, em Novembro de 1990, e
lembra-se de ver Jordan a rastejar pela primeira vez. Os pais dele
também adoravam o bebé:
Foi
um momento espectacular e muito emotivo. Mas hoje em dia é muito
difícil pensar nisso, sabendo que eu estava a cuidar do bebé de outro
homem, e que ela nunca me disse que suspeitava que o Jordan não era meu.
Por meados de 1991, Andy havia poupado dinheiro suficiente para alugar
uma pequena casa em Glossop para a sua pequena família. Ele pagou tudo,
diz Andrea, enquanto Andrea cuidava do Jordan:
Eu
só ganhava cerca de £300 por semana, mas estava feliz em suportá-los.
Quando eu chegava a casa, depois do trabalho, levava o Jordan ao
parque. As pessoas diziam o quanto que ele se parecia comigo, e como
ela tinha os meus maneirismos. Não havia nada que me deixasse suspeito.
Mas ele sempre achou estranho a Andrea não ter tido interesse em casar ou ter mais filhos.
Olhando
para trás, pergunto-me se isso não era porque ela nunca me amou. Se
calhar nós só estávamos juntos porque eu fui o único que permaneci por
perto durante o período em que ela estava grávida.
Mesmo que seja possível sentir simpatia pelo drama de Andrea, é muito
mais difícil de sentir simpatia pelo comportamento que ela adoptou nos
anos que se seguiram. Sem surpresa alguma, dado o segredo que ela
escondia, o relacionamento deles lentamente se deteriorou:
Com
relativa frequência, eu estava cansado depois do trabalho, e ficava em
casa a tomar conta do Jordan. Ela começou a sair demasiadas vezes com
as suas amigas.
No entanto, Andrea colocou a sua própria versão dos eventos nos
documentos legais, afirmando que o temperamento de Andy causou uma
divisão entre eles. Andy nega tudo isto e diz que - ameaçada por uma
acção legal - esta foi uma tentativa desesperada de tentar manchar a
reputação do antigo companheiro.
Eles separaram-se temporariamente em 1995, quando Jordan tinha 5 anos,
mas no ano seguinte, Andy convenceu Andrea a dar mais uma chance à
relação por amor ao Jordan. Em 1997, e depois dela voltar a dizer para
ele se ir embora [da casa que ele havia comprado], ele saiu de casa e
nunca mais voltou:
Era mais do que óbvio que ela não me queria por perto.
Começam os Pagamentos
A separação poderia ter apresentado uma chance de Andrea colocar as
coisas em pratos limpos e revelar toda a verdade em torno da
paternidade de Jordan, mas em vez disso, ela pediu ao Andy que lhe
pagasse £120 por mês como pensão alimentícia, mesmo depois dela se ter
casado com o mais novo namorado (1990), Rod Pryce. [Note-se
que o argumento de que ela escondeu a paternidade do Jordan porque
estava "assustada, imatura e confusa" já não cola desta vez.]
Poucos anos depois ela pediu ao Andy que aumentasse os pagamentos para £160 por mês, ameaçando que se queixaria à "Agência de Apoio à Criança" [Child Support Agency - CSA] caso ele não concordasse. Andy, que se recusou a pagar mais por acreditar que já estava a pagar o suficiente, disse:
Foi
cruel da sua parte fazer-me passar por tudo isto sabendo que havia a
possibilidade do Jordan não ser meu. Todos aqueles anos de engano são
difíceis de serem perdoados. Durante os meus anos 20 e anos 30 tive
isto a pairar sobre a minha cabeça.
Explicando o porquê de ter mantido a mentira por tanto tempo, Andrea escreveu na sua carta a Andy:
À
medida que o tempo foi passando, comecei a pensar seriamente de que tínhamos que saber a verdade. Senti que o Jordan tinha o direito de
saber, mas o tempo certo nunca parecia chegar. Mais do que tudo, eu
estava assustada com a perspectiva de magoar o Jordan.
Mas se Andrea tinha suspeitas em torno da paternidade do filho, o pai
biológico de Jordan, Paul Rothery, também as tinha. E em mais uma
declaração legal disponibilizada como parte deste caso perturbador,
disse que desde o princípio que a ideia de Jordan ser seu filho lhe
passou pela cabeça. Houve uma altura, era Jordan ainda criança, que
Paul - que vivia por perto - o viu a brincar no jardim e notou
semelhanças físicas que o levaram a admitir:
Isto fez com que eu começasse a pensar que se calhar Jordan era meu filho.
Ele escreveu a Andrea, sem mencionar as suas suspeitas, mas ele diz que
Andrea nunca lhe respondeu à cara. Foi só em 2011, depois do casamento
com o padrasto de Jordan, Rob Pryce, se ter desmoronado, que eles
finalmente se encontraram e discutiram o assunto.Alguns meses depois,
contaram a Jordan dos seus receios e ele pediu logo que o assunto fosse
resolvido com um teste de ADN.
Andy foi o último a saber. Por essa altura, ele estava casado com
Mariya, hoje com 33 anos, que ele conheceu há 10 anos e com quem
se casou em 2007. O seu filho Joshua nasceu em Abril de 2011 e havia
sido apresentado a Jordan como seu meio-irmão. Embora Andy se tenha
mudado para Telford, que fica a duas horas de carro, Jordan às vezes
vinha e passava lá a noite, chegando até por uma vez a trazer a sua
namorada.
Não
consigo perdoar a Andrea por não vir ela mesma, para me dizer. Nem
consigo pensar no que Jordan passou por ter que me contar os resultados
dos testes e visto que a sua mãe não tinha a coragem de ser ela a fazer
isso.
Embora Andy tenha chorado quando soube da notícia, Jordan permaneceu calmo:
Ele
já sabia da notícia há alguns meses, e como tal, eu questiono-me se ele
já não tinha superado o seu momento de dor. Ele [Jordan] disse que isso
não iria afectar a nossa relação, e que ele ainda me via como pai e que
isso não iria mudar. Eu estava totalmente chocado mas eu disse-lhe o
mesmo: que o amava e que ele seria sempre meu filho.
Mas Jordan retirou-se da presença de Andy, e depois de mais algumas visitas, parou de responder às suas chamadas e aos seus SMS.
Finalmente,
eu liguei para o padrasto do Jordan, Rob, e perguntei-lhe se ele estava
bem. Ele disse-me que ele apenas estava a tentar lidar com a situação.
Andrea tentou explicar o seu comportamento numa carta enviada a Andy
ANTES dele ter dado início ao processo legal. Nessa carta, ela escreveu:
Eu só me posso culpar a mim mesma, mas eu desejava que, com tal idade, eu não tivesse que lidar com tal problema - sozinha. Eu não podia falar com ninguém, não tinha apoio e não tinha onde viver. Precisei da minha mãe e do meu pai mas eles não estavam lá para me ajudar. Devido a isso, eu tive que resolver as coisas sozinha. Tu e eu estávamos juntos e era assim que eu queria que as coisas ficassem. Por essa altura, eu não pensei a longo prazo e inocentemente pensei que poderíamos ser uma família. [ênfase adicionado]
Nos dois anos que já se passaram desde que ficou a saber a verdade, e
afastado que está do convívio com Jordan, a dor de Andy transformou-se
em raiva, e, sem surpresa, em amargura dirigida à Andrea:
Isto
começou a devorar-me por dentro. Senti que não conseguia respirar de
noite e nem conseguia dormir. Essa altura da minha vida foi horrível.
O sentido de injustiça de Andy tornou-se tão profundo que ele escreveu
uma carta à CSA perguntando se ele poderia ter os seus pagamentos de
volta. Ele calcula que os pagamentos somem um total de £4,894 e que ele
pagou £2,760 adicionais, colocados na conta de Jordan durante os anos.
Quando lhe foi dito que ele não pode ter de volta o seu dinheiro, ele
decidiu seguir pela via legal.
Em retrospectiva, será que este foi um passo inteligente? Será que ele
não previu que isso poderia ser doloroso para o seu filho? Admitindo
que ele não levou em conta como isso poderia afectar a relação, Andy afirmou:
Eu queria justiça. Não estava interessado na vingança mas não conseguia viver cm o que ela me havia feito.
Visto que os tribunais do Reino Unido consideram o acto de educar uma
criança como um privilégio, não é possível reclamar pagamentos de
manutenção que tenham sido feitos a uma mãe mentirosa, mas só reclamar
danos psicológicos como consequência da decepção.
O advogado de Andy, Roger Terrell,
que se especializa na fraude na paternidade, afirma que tal número de
alegações está a crescer rapidamente. Em Janeiro de 2013, naquele que
se acredita ter sido o primeiro caso deste tipo, outro dos seus
clientes, Richard Rodwell, recebeu £25,000 em danos depois de descobrir
que o filho e a filha que havia criado não eram dele. Desde então, o
Terrell foi contactado por dezenas de outros homens que de igual modo
foram enganados; crê-se que um em cada 25 pais estão a criar filhos que não são seus.
Mas em casos como este, raramente há um final feliz. Andy descobriu
através de documentos enviados ao seu advogado que seis meses depois
dos testes de ADN, Jordan mudou o seu nome de Phillips para Pryce,
segundo o ex-marido de Andrea e seu ex-padrasto. Andy comenta:
Isto foi incrivelmente doloroso. Eu ainda olhava para ele como o meu filho, e ainda teria um relacionamento
com ele, se pudesse, mas o Jordan virou-se contra mim. Ele pensa que,
ao tomar esta acção legal contra a sua mãe, eu o estou a castigar; mas
ele é uma vítima, tal como eu o sou.
O relacionamento da Andrea com o pai biológico de Jordan foi o mais
recente dado desta história. Mas tal como ela diz na sua declaração
legal, "Não estaria correcto
pensar que estamos a jogar o jogo da "Família Feliz" com o Jordan visto
que isso está totalmente longe da realidade." Na sua declaração, Paul admite que:
Tem sido difícil gerar um relacionamento com o Jordan e isso é algo que está a demorar tempo.
E depois de tantos anos de segredos e mentiras, é difícil ver como é
que as feridas se podem curar facilmente. Andy, que espera outro filho
com a sua esposa, diz:
É como se uma grande parte da minha vida não tivesse sido o que eu pensava que era.
(...)
Daily Mail
* * * * * * * *
De forma bem concreta, esta história revela um dos grandes motivos que
leva os homens a não querer casar com mulheres promiscuas (ou mulheres
com um passado sexual "
frutífero"). Este homem, Andy, envolveu-se com uma mulher promiscua e passou
20 anos da sua vida a pagar por um filho que não é seu, algo que ninguém no seu perfeito juízo qualificaria de "bom".
Isto não quer dizer que casar com mulheres castas é garantia de não ser
vítima de fraude, e nem quer dizer que não é possível uma mulher com um
passado sexual promíscuo mudar o seu estilo de vida. O que isto quer
dizer é que o homem é perfeitamente lógico e racional em usar o passado sexual da mulher para saber quais são as probabilidades dele vir a ser vítima de fraude no futuro.