terça-feira, 30 de outubro de 2018

O fascismo tem origem no marxismo

Se acham que o fascismo não tem origens marxistas, façam o favor de desmentir as provas que apresento nos meus romances.

Por José Rodrigues dos Santos

A minha afirmação de que o fascismo tem origens marxistas parece ter incomodado algumas almas, incluindo políticos que, à falta de melhores argumentos, recorreram ao insulto baixo. Nada de surpreendente, até porque reconheço que a afirmação contradiz ideias feitas e por isso precisa de ser fundamentada – o que é feito ao pormenor em As Flores de Lótus e em O Pavilhão Púrpura. Para quem preferir ficar-se pela rama, deixo aqui as ideias essenciais da viagem do marxismo até ao fascismo.

O marxismo surgiu num contexto de cientifismo. Newton tinha descoberto as leis da física e Darwin as da selecção natural. Indo no encalço desses dois vultos, e também de Hegel, Marx e Engels anunciaram que haviam descoberto as leis da história. Tal como as leis da física e da biologia, ambos concluíram que as leis da história eram deterministas e independentes da vontade humana.

E que leis eram essas? Eram as do determinismo histórico, estudadas pela sua nova ciência, o socialismo científico (tão científico, na sua opinião, quanto a física de Newton e a biologia de Darwin). A ideia era simples: ao feudalismo sucede-se o capitalismo, cujas contradições levarão inevitavelmente os proletários à revolução que conduzirá ao comunismo. Nesta visão a história é teleológica e determinista. Não é preciso ninguém fazer nada, pois a revolução do proletariado é inevitável.

Os anos passaram e não ocorreu nenhuma revolução, o que contradizia a teoria marxista. Como explicar isto? Surgiram duas teses revisionistas. A primeira, do marxista alemão Bernstein, foi a de que afinal o capitalismo não ia acabar, o operariado até estava a melhorar o seu nível de vida e o socialismo podia perfeitamente adaptar-se ao capitalismo. Esta corrente cresceu no SPD alemão e acabou na social-democracia como a conhecemos hoje em dia.

A segunda tese teve origem no marxista francês Georges Sorel. Numa obra tremendamente influente, Refléxions sur la violence, Sorel concluiu que a revolução não era inevitável nem seria espontânea. Teria de ser provocada. Como? Usando uma elite para guiar o proletariado e recorrendo à violência. Seria a violência que desencadearia a revolução.

Foi o marxismo soreliano que conduziu ao bolchevismo e ao fascismo. Lenine leu Sorel e apropriou-se dos conceitos revisionistas da elite, a famosa “vanguarda”, e do uso da violência. O mesmo Sorel foi lido com atenção em Itália, em particular pelos sindicalistas revolucionários, marxistas que adotaram a greve e a violência como formas de desencadear a revolução. 

Em paralelo, um marxista austríaco, Otto Bauer, notou que no Império Austro-Húngaro os operários húngaros mostravam sentimentos de solidariedade mais fortes para com os burgueses húngaros do que para com os operários austríacos. Embora o marxismo fosse uma corrente internacionalista, Bauer buscou legitimidade nalgumas afirmações nacionalistas de Marx e Engels para lançar uma nova ideia revisionista. Concluiu ele que o comportamento dos operários húngaros mostrava que o sentimento de nação era afinal mais poderoso do que o sentimento de classe. O nacionalismo era revolucionário, argumentou, pois galvanizaria o proletariado para a revolução.

Esta ideia entrou em Itália pela pena de um marxista italiano de origem alemã, Roberto Michels, e influenciou os sindicalistas revolucionários italianos. Estes, contudo, enfrentaram a ortodoxia dos restantes marxistas, incluindo Benito Mussolini, o diretor do órgão oficial do partido socialista italiano, o Avanti!

Acontece que em 1911 ocorreu um acontecimento que iria abalar as convicções ortodoxas de Mussolini: a guerra ítalo-otomana pela Tripolitania. Mussolini opôs-se a essa guerra, mas ficou atónito com a reação do proletariado italiano, que exultava com as vitórias de Itália. Michels e os sindicalistas tinham razão!, concluiu Mussolini. As pessoas estão afinal mais dispostas a morrer pela sua pátria do que pela sua classe. 

Quando a Grande Guerra começou, em 1914, ocorreu uma cisão no movimento socialista. A Segunda Internacional tinha determinado que os operários dos diferentes países não entrariam em guerra uns contra os outros, mas na hora da verdade os socialistas alemães, franceses e britânicos apoiaram a guerra. Apenas os bolcheviques russos e os socialistas italianos se opuseram.~


O problema é que nem todos os socialistas italianos estavam de acordo. Os sindicalistas revolucionários queriam a entrada de Itália na guerra porque achavam que ela seria o forno onde se forjaria o sentimento nacional dos italianos, cujo país era novo e buscava ainda a sua identidade, e que seria o sentimento de nação que uniria o proletariado italiano e desencadearia a revolução. Ou seja, a guerra derrubaria o capitalismo.

Mussolini começou por manter a linha do partido e opôs-se à entrada de Itália na guerra, mas depressa deu razão aos sindicalistas e defendeu que os socialistas italianos deveriam seguir o exemplo dos socialistas alemães, franceses e britânicos e apoiar a guerra. Esta mudança de posição valeu-lhe a expulsão do partido.

Os sindicalistas revolucionários italianos, incluindo Mussolini, fizeram então a guerra – uma posição perfeitamente em linha com a de outros marxistas europeus, incluindo os do SPD alemão. Quando o conflito terminou, os sindicalistas marxistas italianos pró-guerra regressaram a casa mas foram antagonizados pelos marxistas italianos anti-guerra. Em conflito com estes, os marxistas pró-guerra fundaram o movimento fascista, com reivindicações como o salário mínimo, o horário laboral de oito horas, o direito de voto para as mulheres, a participação dos trabalhadores na gestão das fábricas, a reforma aos 55 anos e a confiscação dos bens das congregações religiosas. Serei só eu a notar que estas reivindicações fascistas têm origem marxista?

O seu pensamento foi entretanto evoluindo. Recorde-se que Marx e Engels consideravam que o capitalismo era uma fase necessária e imprescindível da história humana e que sem capitalismo nunca haveria comunismo. Os bolcheviques renegaram esta parte do marxismo quando preconizaram que na Rússia era possível passar diretamente de uma sociedade feudal para o comunismo, mas neste ponto os fascistas mantiveram-se marxistas ortodoxos ao aceitar que o capitalismo teria mesmo de ser temporariamente cultivado em Itália.

Noutros pontos os fascistas desviaram-se da ortodoxia marxista. Por exemplo, aproximaram-se do revisionismo bolchevista quando abraçaram a ideia soreliana da violência provocada por uma vanguarda e afastaram-se do marxismo e do bolchevismo quando aderiram à ideia baueriana de que o sentimento de nação era para o proletariado mais galvanizador do que o sentimento de classe. Isto levou-os a dizer que a luta de classes não se aplicava a Itália porque esta era já uma nação proletária explorada pelas nações capitalistas. A luta de classes apenas iria dividir a nação proletária, pelo que em vez de conflitualidade deveria haver cooperação entre classes. O chamado corporativismo.

O seu pensamento continuou a evoluir, sobretudo em consequência do Bienio Rosso, altura em que os comunistas italianos lançaram uma campanha de ocupação selvagem de fábricas e de propriedades rurais. Estes eventos levaram os fascistas a afastarem-se mais do marxismo, pois entendiam que estas ações enfraqueciam a nação, que designavam de “classe das classes”, ao ponto de começarem a proclamar-se anti-marxistas. Convém no entanto recordar que Mussolini esclareceu que o fascismo objetava ao marxismo não por este ser socialista, mas por ser anti-nacional.

udo isto está explicado, com muito mais pormenor, em As Flores de Lótus e O Pavilhão Púrpura, e curiosamente nada disto foi desmentido por ninguém. Os meus críticos limitaram-se a constatar que os fascistas se descreviam como anti-marxistas – e assim foi a partir de certo ponto. Mas isso nada me desmente porque nunca disse que os fascistas, na sua fase já amadurecida, eram marxistas. O que eu disse, e repito, é que o fascismo é um movimento de origem marxista – o que é verdade.

Se acham que o fascismo não tem origens marxistas, façam o favor de desmentir as provas que apresento nos dois romances. E, já agora, aproveitem também para desmentir que o fascismo alemão se designava nacional-socialismo. Como acham que a palavra socialismo foi ali parar? Por acaso?


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domingo, 28 de outubro de 2018

O arauto da revolta popular

Por Jaime Nogueira Pinto

Rejeição. Não é, por enquanto, senão isso. Não pelos reaccionários, pelos latifundiários, pelos generais golpistas, pelos fascistas declarados ou encapotados, mas pelo povo brasileiro, que vota agora contra a esquerda dita idealista - e notoriamente irrealista quanto à natureza humana (sobretudo à própria) - que montou um "mecanismo" de enriquecimento ilícito e de perpetuação no poder digno dos piores hábitos do coronelismo e do caciquismo que os seus antepassados ideológicos, de Josué de Castro a Celso Furtado, tanto criticaram. Um povo zangado, enganado, roubado, manipulado pelos fariseus da tolerância, dos direitos humanos e das flores de retórica do melhor dos mundos, pelos donos de tudo - do pensamento único aos recursos do Estado.

Nas suas delirantes interpretações do voto Bolsonaro, incapazes de admitir que o voto também é popular e que boa parte do povo brasileiro - pobre, favelada, trabalhadora - votou nele, os comentadores de serviço dizem que o voto é das elites que não querem perder privilégios (ficamos assim a saber que 47% dos brasileiros são privilegiados). Ou então que se trata de um povo que o colonialismo e a ditadura militar condenaram à ignorância, um povo manipulável pela religião e pelas fake news de redes sociais financiadas por conspiradores internacionais (sempre de direita e nunca de esquerda). Isto sem que a total isenção dos grandes media, bem como a sua proverbial independência de interesses económicos e de pressões políticas, saiam beliscadas; ou como se a ideologia por eles propagada não igualasse em zelo e em interditos a mais fundamentalista das religiões. 

Dizem ainda que o PT, que estava muito bem a distribuir recursos, a libertar o povo e a emancipar minorias, foi vítima da perseguição insana de um poder judicial reaccionário ao serviço da CIA e "dos americanos" (que terão encontrado na luta contra a corrupção um pretexto para intervir no Brasil) e do "populismo penal" do Lúmpen que semelhante cabala desencadeou. Dizem muita coisa.

Esta esquerda, que há muito se habituou a condicionar as cabeças e os corações dos eleitores, controla o léxico da comunicação, continuando a distribuir qualificativos destinados a acordar fantasmas de tiranias passadas (só as "fascistas") e a toldar a dura realidade das presentes tiranias. Mas se ainda domina nos grandes media, na Academia e até nas Artes, perdeu o domínio do povo. E é isso que lhe dói: deixar de controlar o que deve ouvir, ver, pensar e escolher "o povo".

Estabelecida no poder e corrompida por ele, sem o controlo da nova "rua" ou das novas formas de dissidência, alienada do povo e das suas velhas causas, esta esquerda arrogante, decadente mas habituada a ser campeã da revolta e do progresso, vê-se agora subitamente ancien regime, ortodoxia contra a qual lutam os novos insubmissos e os novos "danados da terra". E é ela que censura e policia o discurso; é ela que rasga as vestes e se escandaliza e se ruboriza com as blasfémias, as barbaridades e as imoralidades proferidas pelos líderes selváticos que o povo, ou parte dele, sem outra escolha, resolve levar em ombros.

Desde 2016 que o sistema estabelecido começou a sofrer derrotas. Por sistema estabelecido entenda-se uma espécie de hipercapitalismo financeiro, burocrático e global, combinado com os novos e coloridos direitos humanos, animais e planetários de uma esquerda que parece ter desistido do velho e humilde "feijão com arroz" para impor ao(s) género(s) humano(s) o seu novo cardápio gourmet.

O denominador comum da revolta popular e das alternativas escolhidas é a rejeição do que está, sem medo de correr riscos na alternativa. Por isso, como em todas as revoltas e em todas as revoluções, as escolhas recaem sobre personalidades extremas, como Donald Trump e Jair Bolsonaro. Que podem não ser uns santos varões, que podem não ser cruzados do novo humanismo, que podem dizer coisas chocantes ou até aviltantes, mas que têm a grande vantagem de não ser nem Hillary Clinton nem Fernando Hadadd, representantes de um sistema oligárquico adocicado pela retórica de quem tira milhões da pobreza... para os pôr na Suíça.

Os pobres honestos do Brasil - que são a maioria - são os mais expostos à brutalidade das máfias que dominam os bairros periféricos e ao crime desorganizado das violações, dos homicídios, do terror cleptocrático. Com mais de 62 mil homicídios em 2016, não admira que os brasileiros queiram mão dura sobre os criminosos. E para os que não vivem em condomínios de luxo nem têm segurança privada, essa mão dura terá necessariamente de vir do Estado e da polícia.

Estes dois factores - a corrupção de todos mas sobretudo do PT e a segurança - são sem dúvida os que, pela negativa, penalizam os partidos clássicos e favorecem Bolsonaro. Mas há também factores que, pela positiva, o favorecem: a afirmação da nação e do seu valor central na equação política e a campanha cultural pelos valores religiosos e familiares contra a pressão intimidatória dos activistas dos mil "géneros", que querem transformar uma legítima campanha pelas liberdades e direitos de minorias sexuais numa missionação apostada em elevar a regra condições, opções e costumes minoritários.

A esquerda radical e o centro moderado não têm de se queixar: a arrogância, a impunidade e a agressividade de uns e a cobardia cúmplice de outros, a corrupção ou a tolerância à corrupção de todos e, sobretudo, a hipocrisia levaram o povo brasileiro ao desespero e à revolta. Esse desespero e essa revolta encontraram voz num inesperado arauto: Jair Bolsonaro,17.


Jaime Nogueira Pinto: Professor universitário e autor. Escreve de acordo com a antiga ortografia
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segunda-feira, 25 de junho de 2018

Esquerda das ilusões está de volta com a receita antiga

A esquerda pura e dura, à moda antiga, está de volta – nos programas políticos, no mundo académico, nas cabeças “bem pensantes”. O velho marxismo mais uma vez promete a “felicidade” a pataco, ignorando o bom senso e a racionalidade e endeusando o Estado omnipotente e omnipresente.

A queda do muro de Berlim tinha deixado o socialismo “tradicional” à margem da política mundial. Os principais partidos socialistas meteram silenciosamente o marxismo “na gaveta”, de forma a poderem ganhar eleições. O radicalismo de esquerda, esse, parecia ter praticamente desaparecido.

Esta esquerda pura e dura, à moda antiga, que quisera um dia submeter tudo e todos ao controlo omnipotente e omnipresente do Estado, já só sobrevivia em enclaves minúsculos da Europa, na China e na América do Sul, onde a sua natureza folclórica se adapta bem à cultura política da região.

Mas eis que, despertando de três décadas de hibernação, essa esquerda velha e relha volta a dar sinais de vida no Ocidente, ressuscitando da sepultura uma “receita” sem emenda.

O socialismo tem um historial longo e conturbado na Europa. Nasceu no final do século XIX e continuou a crescer e a ganhar poder, corroendo por dentro a democracia “burguesa”. Acabou, no entanto, por se acomodar ao sistema e adquirir as mesmas características da classe de topo que supostamente queria substituir. Na URSS, o Czar foi substituído pelo secretário-geral do Partido Comunista. Na Europa Ocidental, os partidos socialistas acabaram por ser tão parte do sistema como os seus antecessores.

Revelaram-se, no entanto, hábeis a reescrever a História – um campo que a distracção ocidental deixou perigosamente nas mãos da esquerda académica.

Os comunistas soviéticos, sempre desajeitados, chegaram até a apagar dessa História, à tesourada grosseira, aquilo ou aqueles que não interessavam à sua “narrativa”. Quem não ouviu já a patranha de que o Estado Social era criação dos socialistas, quando na verdade nasceu das ideias de um aristocrata “reaccionário”, Otto Von Bismark? 

Quem não os ouviu já gabar-se de terem “conquistado” a diária laboral de 8 horas, esquecendo o papel dos democratas-cristãos nessa “conquista”? Apenas eles são os “defensores do povo”, embora geralmente não estejam presentes quando chega a hora de esse povo pagar pela sua má gestão…

MUDAM-SE OS TEMPOS…

Hoje, a velha “cassette” passou a ser um MP4, mas a canção mudou pouco. Entre os académicos, estão agora na berra os “estudos behavioristas”, segundo os quais os mercados promovem, por inerência, a ganância e os comportamentos “anti-sociais”. Em resposta a este problema, a solução que apontam é (de novo) a intervenção em grande escala do Estado para nos “salvar” de “nós próprios”. 

Na sua versão mais radical, estes académicos defendem mesmo o controlo dos “sectores estratégicos da economia”. Basicamente, o mesmo discurso do PREC de há 40 anos, mas desta vez com a chancela das universidades norte-americanas a substituir as citações d’O Capital de Karl Marx.

Ninguém parece querer saber que grande parte da ineficiência do Ocidente radica nos próprios Estados que em tudo se intrometem. Por exemplo, há na Europa países, incluindo um à beira-mar plantado, onde os custos da gasolina são 100% mais elevados devido aos impostos com que os sobrecarregam – e não devido aos preços praticados pelos operadores ou ao “mercado”. 

O vulgar cidadão pergunta-se porque não baixa o custo dos combustíveis, mesmo quando o preço do petróleo cai. A resposta simples é: o Estado regula os preços, e não quer deixar de meter o seu dinheiro ao bolso.

Mesmo com todas as evidências em contrário, o discurso do controlo estatal da economia parece estar a ganhar novo fôlego entre a esquerda. Para esta, basta “sonhar” e prometer que o Estado fará, o Estado dará. Saber quanto essas promessas custam e de onde virá o dinheiro – pouco interessa aos neo-esquerdistas.

No Reino Unido, o actual líder trabalhista, Jeremy Corbyn, propõe-se chegar ao poder para instalar uma governação socialista “à antiga”, voltando a pôr debaixo da alçada do Estado uma economia liberal de sucesso. Se, por absurdo, o conseguisse, só o custo da nacionalização das empresas de gás seria de 200 mil milhões de euros (mais do que todo o PIB português). Re-nacionalizar os caminhos-de-ferro custaria outro tanto. 

Nacionalizar a indústria automóvel e aeronáutica colocaria o Reino Unido em apuros face a países como a Alemanha e o Japão. E restringir “ao máximo” o sector financeiro, como Corbyn deseja, significaria pura e simplesmente o desemprego para milhões de pessoas, enquanto os “capitalistas” simplesmente transitariam para outras praças, como Nova York, Paris ou Frankfurt. Seria o fim da City, que desde o século XVIII está na base da prosperidade britânica.

CONTRA A PROSPERIDADE

Corbyn, que se assume como admirador do marxismo, também gostaria de desmilitarizar o Reino Unido, começando pelas suas armas nuclear, “unificar” a Irlanda entregando a Irlanda do Norte à República da Irlanda sem sequer consultar os habitantes (qualquer semelhança com as “descolonizações exemplares” é pura coincidência) e lidar com a ameaça terrorista através de “negociações”. Nada de original, vindo de quem considera o Hamas como “amigo”. 

O próprio Reino Unido seria desmantelado num governo socialista liderado por Corbyn, que é um republicano militante e defende o fim imediato tanto da Monarquia como da união entre a Escócia, Inglaterra, Irlanda do Norte e Gales. E quem diria, há apenas dez anos, que um homem destes poderia algum dia liderar um partido e aspirar ao poder?

Já nos Estados Unidos o discurso de “morte aos traidores” é gritado por Bernie Sanders, coqueluche da minoria radical do Partido Democrático e putativo candidato a candidato na próxima corrida presidencial. 

Sanders quer duplicar o tamanho do Estado norte-americano e rescrever a Constituição, transferindo o poder partilhado com os Estados, inteirinho, para as mãos do Governo Federal. Estima-se que, caso fosse eleito, Bernie Sanders custaria aos norte-americanos 18 biliões (sim, com 12 zeros!) ao longo de um mandato – o equivalente a toda a actual dívida dos EUA, contraída durante décadas. Como é possível que, face a toda esta evidência, a popularidade de Sanders esteja a subir nas sondagens? Só mesmo o poder desinformador da comunicação social o pode explicar.

E, no entanto, basta olhar para o resultado das políticas estatizantes, em qualquer região do mundo onde tenham sido aplicadas, para perceber que são contrárias à prosperidade dos povos. E não é necessário recuar no tempo: já neste século XXI, na China, o “crash” do mercado bolsista e a desaceleração da economia são resultado da mesma ideia fixa: mais Estado, cada vez mais Estado.

Apesar de ser fantasiada como modelo de eficiência, a economia chinesa baseia-se num controlo fortíssimo por parte do poder central. Os bancos são propriedade do Estado, e concedem empréstimos de risco por razões políticas a empresários aliados do regime. O povo é mantido artificialmente pobre, para que a classe alta do regime possa viver em prosperidade e, em muitos casos, na maior das opulências. O povo, esse, vive miseravelmente a construir as auto-estradas para os carros dos lideres.

DITADURA SOCIAL

Num raro vislumbre do mundo rural chinês, uma equipa de reportagem ocidental descobriu recentemente os tristes retratos das famílias despedaçadas pelo socialismo chinês. Enquanto os pais têm de ir trabalhar para as fábricas das grandes metrópoles urbanas, os filhos são obrigados a ficar para trás, na terra de origem. 

Tudo isto porque o regime quer controlar (para “proteger” os cidadãos “de si mesmos”) os fluxos de população, não permitindo às famílias mudarem os filhos de província sem autorização especial do governo central. Sem tal autorização, as crianças ficariam sem acesso sequer à escola, e caso descobertas poderiam ser “confiscadas” aos pais. 

O caso de Yang Hailian, noticiado pelo Wall Street Journal, é apenas um entre milhões: uma criança de 10 anos que tem de viver como uma adulta porque apenas vê os pais alguns poucos dias por ano. Nada que preocupe o socialismo chinês, que não acredita na família, como aliás se viu nas colectivizações durante o “grande salto em frente”.

A classe média, essa, apenas prospera enquanto a manipulação estatal dura, um pouco como no caso do Brasil debaixo do regime do PT de Lula e Dilma. Assim que a “bolha” rebenta, tudo o que foi artificialmente conquistado é rapidamente apagado pelo desemprego. 

A classe média que Dilma Rousseff tanto se orgulhou de ter criado está a pagar agora o colapso económico do Brasil. Neste caso, o regime político ainda é algo parecido com uma democracia, e o povo pode pedir a exoneração da impopular “presidenta”.

Na Venezuela e na China, o povo não tem essa hipótese. Aliás, o líder da oposição venezuelana acabou de se tornar um preso político, condenado a 13 anos de encarceramento numa prisão militar. As eleições legislativas deste ano prometem ser pouco mais do que uma farsa. 

O povo, esse, morre quase à fome nas imensas filas à frente dos supermercados nacionalizados. A maioria já não tem dinheiro para comprar comida no único sítio onde o mercado livre funciona: o mercado negro.

PENSAR É CRIME

Não é apenas na economia que os neo-socialistas nos querem controlar: a “engenharia social” é também uma forma a moldar a sociedade mais “à sua maneira”. No Reino Unido, a “ministra” da Agricultura do “governo-sombra” trabalhista diz que, caso um dia chegue ao poder, quer fazer anúncios sobre os malefícios do consumo de carne iguais aos que existem contra o consumo de tabaco. Kerry McCarthy é “vegan” (pelos vistos, a nova moda da esquerda) e acha que as suas crenças têm de ser acatadas por todos os cidadãos. A política trabalhista afirmou que os “consumidores de carne devem ser tratados da mesma maneira que os fumadores”: como párias.

E do outro lado do Atlântico as sementes da ditadura intelectual também estão a ser espalhadas. O “liberalismo americano”, termo que nos EUA equivale ao socialismo europeu, alcançou níveis tão radicais que alguns comentadores moderados consideram que se tornou uma ameaça à liberdade de expressão e pensamento naquele país.

Em Nova Iorque, para sermos “protegidos” de “nós mesmos”, já não se pode comprar uma garrafa de Coca-Cola com mais de 33 centilitros. Os brindes que acompanhavam algumas embalagens de produtos alimentares foram proibidos para se “proteger” as crianças, que supostamente poderiam ser aliciadas pelos brinquedos.

Chegou-se ao ridículo de os célebres ovos da marca Kinder estarem banidos nos EUA e ser um delito estar na posse de um desses chocolates. Isto sucede num país onde não é delito possuir uma ou várias armas de fogo. A ideia esquerdista de que “temos de ser salvos de nós próprios” domina, e não são poucas as vozes que alertam para a “infantilização” da sociedade.

O “politicamente correcto” não é apenas uma praga que surgiu das redes sociais da internet: é uma nova forma de pensar, e na génese de todas as “experiencias sociais” e dos “linchamentos públicos” estão os agitadores de sempre. Os comissários políticos continuam a existir, apenas com um nome diferente. E o KGB e a Stasi também, apenas substituídas pela melhor máquina de censura que existe: os eternos “ofendidos”. Há apenas uns meses eram todos “charlie”, mas mal a revista francesa publicou mais um ‘cartoon’ de gosto duvidoso (o que é comum na sua linha editorial), desta vez sobre os refugiados, os “ofendidos” exigiram o rolar de cabeças.

ILUSÕES

O “novo” movimento socialista é igual ao antigo. Enquanto políticos conscienciosos, consultores e intelectuais se reúnem para discutir soluções sérias para os problemas das nossas sociedades, os socialistas por todo o mundo apregoam as soluções “fáceis” que já proclamavam há trinta ou quarenta anos.

‘Slogans’ como “acabar com a austeridade”, “não pagar” ou “sair do euro” são atiradas para o ar, dando a ideia que tudo é fácil, e apenas não é feito porque “o poder” e “a direita” não deixam. Pior: pretendem convencer o povo de que eles, e só eles, são capazes de encontrar a chave da “felicidade” – na condição, claro, de o povo os pôr no poleiro. 

E, tal como no tempo da Monarquia os republicanos prometiam bacalhau a pataco, os neo-socialistas de hoje têm mãos largas: eles “vão criar emprego” (eles, não as empresas); eles “vão pôr as contas em ordem” (mas aumentando a despesa pública). “Milagres” prometidos em todo o mundo e repetidos, como receita nauseante, em cada acto eleitoral.

Apenas quem acredita no tolo mito do “fim da História” pode pensar que os confrontos ideológicos e políticos acabaram no século XXI. Os acontecimentos dos últimos meses provam que a frase usada para celebrar a edição 2.000 do nosso jornal ainda faz muito sentido: “Os inimigos de hoje são outros, mas o combate é o mesmo”. O socialismo de índole marxista e estatizante apenas mudou de roupa, mas por debaixo continua a ser o mesmo. Isto ainda não é o fim da História.

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sábado, 23 de junho de 2018

Isto é um assalto – Filha de Camilo Mortágua no Parlamento

Mariana Mortágua, filha do membro da LUAR Camilo Mortágua, substituiu, em 2013, a deputada do Bloco de Esquerda Ana Drago. A filiação é relevante porque várias ideias defendidas pela deputada e pelo seu partido já foram postas em prática pelo pai, com resultados desastrosos, designadamente na ocupação e gestão da Herdade da Torre Bela.

QUEM É CAMILO MORTÁGUA?

Nasceu em Oliveira de Azeméis, a 29 de Janeiro de 1934. Sem inclinação para os estudos, como o próprio reconhece nas suas memórias, pegaram-lhe a alcunha de Batata. Aos 12 anos segue com os pais e as duas irmãs para Lisboa. Em 1951, emigra para a Venezuela.

Na madrugada de 22 de Janeiro de 1961, integra o grupo de revolucionários que, sob o comando de Henrique Galvão, toma de assalto o paquete Santa Maria. Durante o acto, o oficial Nascimento Costa é assassinado pelos assaltantes.


A tomada do navio, que transportava 600 turistas em viagem para Miami e mais de 300 tripulantes, foi preparada na Venezuela pelo Directório Revolucionário Ibérico de Libertação (DRIL). Era um organismo híbrido que nasceu da fusão entre o grupo de Galvão e um grupo de exilados espanhóis, dirigido por Jorge de Soutomayor, ex-combatente comunista na Guerra Civil de Espanha.

Aviões americanos acompanharam os movimentos do Santa Maria, que ostentava no castelo da proa a faixa “Santa Liberdade”, pintada à mão. Entretanto, enquanto decorriam as negociações, o corpo do piloto assassinado apodrecia no seu caixão, na capela do paquete.

Antes do assalto ao Santa Maria, o DRIL, que estava classificado pela CIA como “organização terrorista”, promovera atentados em várias cidades de Espanha. A bomba que o grupo fez explodir em 1960 na estação de Amara, em San Sebastián, matou uma criança de 2 anos, Begoña Urroz.

O crime foi atribuído por largo tempo à ETA, mas dados históricos revelados nos últimos meses em Espanha demonstram a autoria do DRIL. Era com esta gente que Mortágua e os outros democratas queriam combater as ditaduras ibéricas e apear do poder Salazar e Franco.

A 10 de Novembro de 1961, desvia à mão armada com Palma Inácio e mais uns tantos criminosos um avião da TAP, no voo Casablanca-Lisboa. Foi assim um pioneiro do terrorismo aéreo, com o objectivo singelo de sobrevoar Lisboa e outras cidades portuguesas a baixa altitude para lançar milhares de folhetos subversivos.

Se quisermos descobrir um rasgo verdadeiramente inovador nos oposicionistas ao Estado Novo, forçoso será recorrer à aeronáutica: o primeiro desvio de um avião comercial em todo o mundo. Os terroristas islâmicos regulam com atraso em relação aos nossos antifascistas, sempre na vanguarda.

O ASSALTO AO BANCO DE PORTUGAL

A 15 de Maio de 1967, Camilo Mortágua, Palma Inácio, António Barracosa e Luís Benvindo assaltam a filial do Banco de Portugal na Figueira da Foz. O golpe é comummente atribuído à LUAR, acrónimo de Liga de Unidade e Acção Revolucionária, mas tal não corresponde por inteiro à verdade.

Na data do assalto, a LUAR ainda não existia. Foi criada à pressa no mês seguinte, como reconheceu Emídio Guerreiro, um dos fundadores, “para dar uma cobertura política e credível ao assalto do banco” (‘Diário de Notícias’, 6/9/1999, pág. 15) e assim evitar e extradição para Portugal dos criminosos, que entretanto se haviam refugiado em França

Em consequência do golpe, Palma Inácio foi monetariamente crismado de “Palma Massas”. E havia fundadas razões para isso. A operação rendeu cerca de 30 mil contos, uma fortuna para a época, equivalente a 9 milhões de euros de hoje, ainda que boa parte das notas tenha sido depois recuperada pela PIDE.

“Logo que se apanharam com o dinheiro, acabou o romantismo revolucionário”, acusou depois Emídio Guerreiro, em entrevista a O DIABO (22/9/1992, pág. 8). É o costume. O dinheiro sobe sempre à cabeça das pessoas. Deviam ter lido Marx e Kautsky antes de começarem a roubar.

A TORRE BELA

A Herdade da Torre Bela, com 1700 hectares, a maior área de terra agrícola murada do País, pertencia ao duque de Lafões. A 23 de Abril de 1975, foi ocupada pelo “povo trabalhador” aos gritos de “a terra a quem a trabalha”.

Para comandar aquela tropa mista de camponeses, delinquentes e bêbados, aterrou na herdade ribatejana o revolucionário Camilo Mortágua, já grávido de ideias bloquistas.

O processo ficou documentado no filme “Torre Bela”, de Thomas Harlan (filho do cineasta Veit Harlan, com ligações ao regime nacional-socialista). Militante da extrema-esquerda, o alemão quis filmar a utopia socialista, mas dormia no quarto do duque. Era o único que tinha casa de banho privativa.

As imagens são divertidas e esclarecedoras: Mortágua e Wilson, outro ladrão de bancos, a doutrinar as massas sobre “latifundiários” e “cooperativas”; Zeca Afonso, Vitorino e o padre Fanhais, este também membro da LUAR, a cantar o Grândola de megafone, diante do povo aparvalhado; o inesquecível diálogo entre Wilson e o camponês avesso à “comprativa” [sic] sobre a enxada que “passa a ser de todos”; a inenarrável reunião em que o oficial do MFA incita à ocupação do palácio: “primeiro vocês ocupam e depois a lei há-de vir”; e os camponeses a experimentar as roupas dos patrões, remexendo-lhes as gavetas com um misto de culpa, curiosidade e desejo.

O filme é um documento notável de cinema directo, uma comédia do absurdo sobre a “reforma agrária”, processo de espoliação que nos custou os olhos da cara. Ainda há dias o Estado português foi condenado pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem a pagar mais 1,5 milhões de euros de indemnização a famílias expropriadas.

Os desvarios de Abril não começaram com o BPN ou as PPP (Parcerias Público-Privadas). Tiveram início logo após a revolução, com as ocupações de terras e as nacionalizações selváticas, que ainda agora figuram – de forma mais velada – entre os objectivos do Bloco de Esquerda, da menina Mortágua.

E DEPOIS DO ADEUS

Após a frustrada experiência na Torre Bela, os mais destacados membros da LUAR, como Mortágua e Palma Inácio, achegaram-se mais e mais aos partidos dominantes. Alguns membros da organização não gostaram. Um deles, Belmiro Martins, exprimiu o seu descontentamento ao jornal ‘Tal & Qual’ (5/9/1997, pág. 6): “Vejo que os chefes da LUAR se passam de armas e bagagens para o Poder […] Senti-me traído […] Decidi então que passaria a roubar para mim.”

Decidiu e cumpriu. Estabeleceu-se por conta própria no ramo dos furtos, secção de ourivesarias. Parece que assaltou mais de cem lojas. Afirma-se com orgulho o “maior assaltante de ourivesarias de todos os tempos”. Foi preso em 1977 e condenado, tendo cumprido 17 anos de cadeia. Foi libertado em 1994, mas logo se entusiasmou por outras montras a reluzir de ouro. De novo preso em 1997, saiu finalmente em 2006, quando oficiava de sacristão na cadeia de Pinheiro da Cruz.

Belmiro Martins chegou a integrar os órgãos sociais do Fórum Prisões, associação presidida pelo advogado de Otelo no caso das FP-25 de Abril, Romeu Francês, antigo militante do MRPP, que depois seria condenado em processos de burla, falsificação de documentos, abuso de confiança e fraude fiscal, que acabariam por ditar a sua expulsão da Ordem dos Advogados.

MORTÁGUA, HOJE

Um homem com a folha de serviços de Mortágua não podia deixar de ser homenageado pelo novo regime. A justiça democrática tarda, mas não falta. A 10 de Junho de 2005 foi-lhe atribuída a condecoração de Grande Oficial da Ordem da Liberdade, por Jorge Sampaio, então Presidente da República.

Camilo Mortágua, hoje com 81 anos, está estabelecido no Alvito, em pleno Alentejo, como empresário. É hoje um “agrário”, nome pejorativo que os revolucionários de antanho colavam na região aos proprietários de terras agrícolas.

Mariana Mortágua nasceu em 1986. Licenciada em Economia, é mestra pelo ISCTE (‘where else?’) com uma dissertação sobre “O Papel da Caixa Geral de Depósitos na Recente Crise Económica (2007-11)”.  Militante do Bloco de Esquerda, a filha de Camilo Mortágua publicou dois livros a meias com Francisco Louçã.

Em 2012 editou “A Dívida(dura) – Portugal na crise do Euro” (Bertrand, 2012, 240 págs.) A obra foi apresentada na FNAC do Chiado por Marcelo Rebelo de Sousa, para escândalo dos bloquistas mais pedregosos. Em Abril de 2013 lançou “Isto é um assalto: a história da dívida em banda desenhada” (Bertrand, 2013, 184 págs.), com ilustrações de Nuno Saraiva.

A contracapa informa que o livro ”descreve o assalto que Portugal está a sofrer”. Reconheça-se, antes de mais, a legitimidade do título. Em matéria de assaltos, os Mortáguas são especialistas. O roubo que Portugal está a sofrer começou logo após a revolução, com o papá Camilo e outros que tais, imbuídos de um ideário que Mariana não rejeita. Limita-se a defendê-lo com outros termos e balelas, que aprendeu no ISCTE e na Rua da Palma.

No pai e na filha, a mesma necessidade de lutar contra a “ditadura” (seja a de Salazar ou a da dívida), o mesmo ódio ao “adversário” (seja lá ele quem for), a mesma receita de nacionalizações (começa-se com herdades, depois bancos, energia, água, transportes e tudo o que aparecer à frente), o mesmo desrespeito à propriedade alheia e quase uma relação de amor e ódio com o “grande capital financeiro”: o pai assaltava bancos, a filha faz teses de mestrado sobre a Caixa Geral de Depósitos.

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sábado, 16 de junho de 2018

Ainda e sempre o processo "Casa Pia"

E se alguém de repente vem dizer para um qualquer pasquim que o nosso Presidente da República também foi indiciado e acusado por "testemunhas" fazer parte da "Rede de Pedofilia"?  Porque devemos verdade à nossa memória, e porque este processo é uma vergonha, segue o texto de 2011 de autoria de  Carlos Tomás.

-O Ministério Público nunca explicou os critérios usados para acusar uns denunciados e ilibar ou nem sequer investigar outros!-

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*São mais de 200 os nomes que foram referenciados como alegados abusadores de menores na fase de inquérito (investigação) do processo da alegada rede de pedofilia que operava na Casa Pia de Lisboa.

Jorge Sampaio, Marcelo Rebelo de Sousa, Jaime Gama, Ferro Rodrigues, Narana Coissoró, Paulo Portas, Francisco Louça, Chalana, Carlos Manuel, Joaquim Monchique, Medina Carreira, Carlos Monjardino, Vítor de Sousa, Adelino Salvado, Bagão Félix e Valente de Oliveira são apenas algumas das figuras públicas que viram os seus nomes referenciados no processo por várias pessoas interrogadas pelos investigadores da PJ ao serviço do Ministério Público.

Marcelo surpreendido

O professor e comentador televisivo Marcelo Rebelo de Sousa está, por exemplo, referenciado como tendo abusado de um menor e presenciado actos de pedofilia numa casa em Lisboa. Foi acusado, a 8 de Abril de 2003, por uma professora, residente na Margem Sul do Tejo. 

Segundo a denúncia da docente, ela foi levada à referida casa pelo pai, e lá estaria o professor que assistiu, nas palavras desta mulher, a abusos de menores, tendo ele próprio abusado de um. A procuradora Paula Soares, uma das titulares do inquérito (juntamente com o procurador João Guerra e a procuradora Cristina Faleiro), foi quem recolheu este depoimento, que, mais tarde, mandou simplesmente apensar ao inquérito principal. 

A mesma mulher acusou ainda o ex-ministro da Saúde, Luís Filipe Pereira, de ter abusado de menores (de ambos os sexos) numa casa localizada no Estoril e confessou que ela própria agrediu, com um ferro, uma jovem, na mesma casa, estando convencida ainda hoje que a matou.

A procuradora Paula Soares considerou que os factos denunciados eram muito antigos e não estavam relacionados com nenhum dos arguidos, suspeitos ou ofendidos do inquérito da rede de pedofilia, pelo que não ordenou qualquer diligência investigatória, nomeadamente que se procedesse ao interrogatório do pai da suposta vítima a fim de se apurar que casa era aquela e quem era o seu proprietário. 

Confrontado com esta acusação, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se surpreendido: “Nunca fui interrogado sobre essa matéria. Nem sabia que tinha sido referenciado. Tinha conhecimento que a minha fotografia aparecia num álbum que foi mostrado às vítimas e até achei isso muito bem. De qualquer forma, essa acusação não faz o mínimo sentido. Não conheço essa pessoa de lado nenhum.”

Testemunhos desvalorizados

Muitos dos testemunhos e denúncias recolhidos pela equipa de investigadores que trabalharam na fase de inquérito do processo foram desvalorizados, apesar de alguns deles terem testemunhado em tribunal contra alguns dos arguidos que foram a julgamento, nomeadamente contra Ferreira Diniz, Jorge Ritto e Carlos Cruz.

Uma das testemunhas que acusou estes três arguidos (baptizado por alguma Comunicação Social como João A., tratando-se na realidade de Ricardo Oliveira, actualmente com cerca de 30 anos, julgado em 2007 por assaltos a várias residências na região de Sintra e referenciado pelas autoridades como estando ligado ao narcotráfico) denunciou à PJ outros alegados abusadores, nomeadamente Paulo Pedroso, Ferro Rodrigues, Jaime Gama, Fernando Chalana e Carlos Manuel, tendo mesmo indicado uma casa em Cascais, no Bairro do Rosário, onde terá sido abusado e filmado em práticas sexuais por Ferro Rodrigues, Jaime Gama e Jorge Ritto.

Uma outra testemunha/vítima, que acusa todos os arguidos de abusos na casa de Elvas, onde agora, de acordo com a sentença, apenas Carlos Cruz terá praticado abusos, denunciou à PJ Carlos Mota, antigo “assessor” de Carlos Cruz. 

As testemunhas que terão sido abusadas em Elvas referiram também à PJ abusos praticados por outras pessoas, nomeadamente por outros funcionários da Casa Pia, por colegas mais velhos e pelo antigo provedor Luís Rebelo, que foi demitido do cargo na sequência do escândalo. Curiosamente, apesar de ser referenciado nos autos como abusador e de ter estado mais de duas décadas à frente da Casa Pia, nomeadamente na altura em que terão ocorrido os abusos que foram agora julgados, o ex-provedor nunca foi interrogado pelas autoridades na fase de inquérito.

Outros jovens foram claros, quando interrogados pela equipa que investigava a pedofilia na Casa Pia de Lisboa, em denunciar como alegados abusadores de menores Joaquim Monchique, Francisco Louça, Medina Carreira, Narana Coissoró, Paulo Portas, Vítor de Sousa e Carlos Monjardino, entre outros. Todos foram acusados pelas testemunhas/vítimas como frequentadores assíduos do Parque Eduardo VII, onde “arranjariam” os menores de quem abusavam. 

Felícia Cabrita deu vários nomes

Quem também contribui para engrossar a lista de nomes de suspeitos de pedofilia foi a jornalista Felícia Cabrita, autora da notícia que esteve na origem do escândalo. Ouvida pelas autoridades a 16 de Janeiro de 2003, duas semanas antes da detenção de Carlos Cruz, Hugo Marçal e Ferreira Diniz, a jornalista revelou que tinha denúncias contra dois cozinheiros da Casa Pia, Jorge Ritto, Carlos Cruz e Fernando Pessa. 

Felícia entregou ainda à PJ um papel que lhe terá sido dado pela antiga secretária de Estado Teresa Costa Macedo, onde aquela denunciava o advogado Lawdes Marques, os doutores Eduardo Matias e André Gonçalves Pereira, os embaixadores António Monteiro e Brito e Cunha, bem como Carlos Cruz e João Quintela.

Isabel Raposo, a meia-irmã de Carlos Silvino, também escreveu uma carta à procuradora Paula Soares, que consta do processo, onde denuncia Pedro Roseta e o irmão, Valente de Oliveira, Martins da Cruz, Narana Coissoró, Paulo Portas, Bagão Félix e Adelino Salvado, entre outros.

O Ministério Público nunca explicou os critérios usados para acusar uns denunciados e ilibar ou nem sequer investigar outros!

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sábado, 9 de junho de 2018

A maçonaria e o genocídio

A maçonaria ofereceu ao mundo estas revoluções sangrentas:

- O assassinato de 17 mil sacerdotes (padres) e 30 mil religiosos durante o ano 1789, primeiro ano da Revolução Francesa;

- A morte de 250 mil Católicos durante a Batalha de Vendéia entre os anos de 1793 e 1796 (1/4 de milhão de Católicos em apenas 3 anos) somente porque rejeitaram e resistiram à república maçónica, quando os maçons derrubaram a Monarquia Católica;

- Financiou a Revolução comunista na Rússia em 1917;

- A morte de 30 mil Cristeros (Católicos) no México entre os anos de 1926 e 1929;

- O assassinato de meio milhão de Católicos entre os anos de 1936 e 1939 durante a Revolução Comunista na Espanha;

- A maçonaria utilizou a república para destronar os Reis Católicos e levar o caos ao povo Cristão para que posteriormente pudesse implantar o seu liberalismo sobre os escombros, e levar à apostasia as nações!

Nota:

- Karl Marx escreveu o Manifesto Comunista de 1848 a mando da maçonaria; ele era maçom do grau 31;

- Lenine entrou na maçonaria em 1914 na loja mais subversiva: Das Nove Irmãs;

- Trotsky em 1917 entrou na maçonaria judaica na loja B'nai B'rith.

Além de tudo isto, a maçonaria está por trás do financiamento e promoção do aborto da união homossexual, através do alto escalão da NOM (Nova Ordem Mundial).

Fonte: http://bit.ly/2JpdTY7
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quinta-feira, 7 de junho de 2018

E as mulheres polícias abatidas na Bélgica não revolta as feministas?

Por Cristina Miranda

Isabel Moreira, essa deputada cujas batalhas tem sido apenas pela defesa do cigarro electrónico, pelo direito de fumar em locais públicos, eutanásia, casamento gay, adopção gay, pelo aborto, mudança de sexo aos 16 anos e drogas livres, está zangada.

Então não é que foram fazer uma publicidade com uma mãe fumadora para alertar sobre os perigos dessa dependência agora que foi revelado um estudo que aponta para o crescimento de mulheres fumadores ultrapassando já os homens?  Onde já se viu usar uma mulher para passar uma mensagem às mulheres com tanto género disponível (dizem que são cerca de 70)?

Uma publicidade, não pode ter um mercado alvo. Tem de ser ambígua. Tem de servir os géneros todos senão é discriminação. A mesma disse à agência Lusa: “Espero que o Ministério da Saúde retire a campanha, que é uma campanha misógina e culpabilizante das mulheres”. Não se assustem. Este raciocínio não é de um doente mental. É de uma deputada que é paga (e bem paga!) por todos nós.

Estamos na era da idiotice avalizada pelos defensores do politicamente correcto. Os criadores de idiotices estão em todo o lado prontos para actuar a cada segundo. Escrutinam tudo ~e mais alguma coisa para encontrar motivos de discórdia alegando discriminação. Uma simples opinião que põe em causa uma teoria oficial ou até comprovar cientificamente a falácia de certas ideologias, vai imediatamente desencadear todo um processo de desacreditação das pessoas que tiveram a coragem de questionar ou contrariar, chegando ao extremo de processar, rotular  ou prender quem não se submete às idiotices da desconstrução social como foi o caso do jornalista inglês Tommy Robinson. 

Este Mundo tornou-se perigoso. Os doidos agora andam soltos e com  o apoio dos Governos e organizações internacionais.

O caso da dita publicidade podia ter ficado por aqui com estas baboseiras a que Isabel nos habituou há muito. Mas não. Tinha de entrar no “campo de batalha” as Capazes, famosas pela defesa dos transportes públicos separados,  sanções a livros para meninas,  proibição de voto a homens brancos e tantas outras pérolas. 

A associação vai mesmo processar quem autorizou esta publicidade alegando que “o problema é a redução da campanha a uma série de estereótipos que têm prejudicado a mulher, reduzindo-a ao papel de mãe e ao papel de princesa”. 

Estas “snowflakes” sentem-se atingidas na mensagem da publicidade cujo filme é da autoria de alunas da Escola Profissional de Artes, Tecnologias e Desporto. Vejam só que irónico. São duas meninas. Vá lá… o mundo das mulheres não está perdido. A esperança vive, sem dúvida,  nestas jovens lúcidas imunes à lavagem cerebral do marxismo cultural.

É curioso ver quanta hipocrisia reina nestas cabeças desorientadas. Estão tão presentes nas causas inventadas onde não há problemas (só uma mente distorcida vê descriminação na publicidade em causa) mas completamente ausentes, a marimbarem-se literalmente com  mulheres vítimas do politicamente correcto, em serviço na Bélgica enquanto defendiam o país de migrantes extremistas que o governo alberga. 

A morte destas duas mulheres polícias não as comoveu, não as fez exigir mais controlo na aceitação de migrantes nem tão pouco foi exigido um voto de pesar no Parlamento como o foi  para Marielle Franco. Porquê? É simples: estas feministas não representam as mulheres. Representam uma agenda  “sui generis” para as mulheres. Quem não bater palmas a essa agenda, feita por elas, onde só cabem as mulheres ocidentais (mas não todas) é excluída das suas  “lutas”. Haja coragem para o admitir.

Sou mãe de uma jovem que fuma e confirmo que este flagelo está em crescimento nas adolescentes que amanhã serão também mães. Mas eu não sou politicamente correcta. Não digo à minha filha que “as princesas não fumam” (uma forma muito querida e inofensiva de abordar o tema para as sensibilizar). 

Digo peremptoriamente que “fumar é estúpido” numa sociedade que promove cada vez mais uma vida saudável. Digo com toda a dureza que “é uma tonta” e que se não fizer nada por ela agora, mais tarde se arrependerá com a perda da própria saúde. Digo-lhe que “só alguém pouco inteligente” se mata lentamente com uma porcaria que não serve para nada muito menos para se promover socialmente (como era no meu tempo de liceu).  Digo o que tem de ser dito sem delicadeza. Sem pinças. 

Não por não a ver como minha princesa (que mal tem isso?) mas porque quando o tema é duro,  opto sempre por uma mensagem também dura.  Se  em vez de uma menina fosse um rapaz e a mãe dissesse,  “os heróis não fumam” , também seria uma histeria porque haveria sempre uma feminista a ver descriminação “contra as mulheres”, ao atribuir aos rapazes a imagem de heróis, porque os coloca numa posição superior  em relação às meninas. 

É assim que funciona a cabeça destas mulheres. Vêem discriminação em tudo.

Perder tempo a alegar descriminação imaginária numa simples publicidade, muito bem feita, idealizada por duas jovens do ensino secundário, sem qualquer desrespeito por ninguém, enquanto se ignora as verdadeiras vítimas, só demonstra a inutilidade desta gente que vive à custa do Estado. Não há paciência!

Cristina Miranda

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segunda-feira, 4 de junho de 2018

Esquerdistas expulsam Neo-Ateus do partido

Por Elliot Kaufman

Os críticos mais superficiais da religião organizada fizeram o erro de criticar o Islão ao mesmo tempo que criticavam o Cristianismo, e os Esquerdistas crucificaram-nos por isso.

Na Sexta-Feira, as coisas ficaram oficiais: os Neo-Ateus já não são bem vindos dentro do esquerdismo. Duramente tratados, condenados, e desconvidados, estes ímpios e outrora-favorecidos "intelectuais públicos" encontram-se agora sem-abrigo, e rejeitados pelos seus antigos aliados progressistas. Richard Dawkins, o famosamente incrédulo biólogo evolutivo, foi o último a ser abandonado. Segundo um dos organizadores do evento, o mesmo foi desconvidado duma palestra em Berkeley devido aos seus "comentários em relação ao islão" que haviam "ofendido e magoado.....tantas pessoas".

Dawkins está bem acompanhado. Christopher Hitchens e Sam Harris, seus compatriotas Neo-Ateus, já haviam sido expulsos do partido. Em ambos os casos, deferência insuficiente em relação ao islão foi causa aproximada. Hitchens não deixou de ser um socialista comprometido, mas sentiu que era necessária uma guerra contra o terror e contra  a autocracia islâmica. Devido a isto, foi denunciado como um "neocon".

Harris é um liberal - puro e verdadeiro - mas causou a ira de Reza Aslan por se recusar a excluir o islão da sua crítica generalizada à religião. "O islão não é uma religião pacífica" diz Harris com relativa frequência. De facto, ele acredita que é exactamente o contrário. Devido a isso, todos - desde Glen Greenwald a Ben Affleck - qualificaram-no de "islamofóbico" e intolerante.

O quarto é Daniel Dennett, que também crítica o islão. O único do grupo que realmente é um filósofo, Dennett é demasiado aborrecido e tedioso para ser reparado, e muito menos para ser denunciado por alguém. No seu lugar pode-se adicionar o nome de Bill Maher, um popularizador do Neo-Ateísmo, que também foi banido de Berkeley por criticar o islão. Um a um estes homens foram excomungados da Esquerda.

O que foi que aconteceu? Porque é que a Esquerda se deleitou enquanto estes homens ignorantemente faziam pouco dos Cristãos, mas denunciou-os quando eles começaram a tratar o islão da mesma forma? O viés de confirmação merece, pelo menos parcialmente, parte da culpa. Há já muito tempo que os Neo-Ateus nutrem um medo irracional dos Cristãos, mas a Esquerda não está preocupada com a Cristofobia. No entanto, combater a islamofobia é uma prioridade dos progressistas, e é notado e lidado quando surge.

No entanto, o argumento de que a obsessão liberal com a islamofobia emana da saudável preocupação com o estatuto das minorias não explica tudo. Tal como o intelectual socialista Michael Walzer escreve no Dissent, “Deparo-me com frequência com esquerdistas que estão mais preocupados em evitar acusações de islamofobia do que condenar o fanatismo islâmico."

Afinal de contas, não é por acaso que os Democratas se recusam veemente a dizer as palavras "terrorismo islâmico", preferindo usar termos gerais tais como "extremismo". Mas estas mesmas pessoas que insistem que homens mal intencionados perverteram o islão, são as primeiras a falsamente citar Timothy McVeigh como exemplo de "terrorista Cristão". Estas pessoas apresentam o Cristianismo como reflexo das acções dos seus mal-feitores (e até daqueles que negam essa fé), mas as acções dos crentes islâmicos ortodoxos não são de maneira nenhuma o reflexo dos princípios da pacífica fé islâmica.

Navegando mais para a esquerda, a defesa do islão torna-se numa defesa do radicalismo e da intolerância do islão. Slavoj Žižek vê no islamismo "a ira das vítimas da globalização capitalista". Judith Butler insiste que "entender o Hamas e o Hezbollah como movimentos sociais que são progressistas, que são de esquerda, que fazem parte da esquerda global, é extremamente importante."

Estas vozes não podem ser repudiadas como aberrantes. Estas são, na realidade, vozes de intelectuais esquerdistas proeminentes, ferozmente seculares, e que encontram causas comuns com o Hamas - grupo que empurra homossexuais do topo de prédios e esfaqueia crianças enquanto elas dormem - e com o Hezbollah, o "Partido de Alá."

De facto, eles juntam-se a uma longa linha de apologistas esquerdistas que defendem regimes assassinos e anti-Ocidente. O renomeado historiador Eric Hobsbawm recusou-se a abandonar a União Soviética mesmo depois dos seus tanques terem marchado sobre Praga. Os professores Noam Chomsky e Edward Herman passaram anos a rejeitar e a minimizar as notícias do genocídio no Cambodja, qualificando essas notícias de "propaganda do Ocidente". Michel Foucault, filósofo pós-modernista, defendeu a indefensável crueldade da Revolução Iraniana alegando que o Irão não "tem o mesmo regime de verdade como o nosso."

Claramente, o problema da Esquerda é maior que o islão. Qualquer líder que pode ser visto como inimigo da dominação capitalista do Ocidente irá encontrar algum tipo de louvor, ou pelo menos racionalização, por parte dos progressistas. Tal como escreveu Alan Johnson, o teórico político social-democrata:

A esquerda está numa posição vulnerável....porque ela obtém as suas directrizes a partir daquilo que é contra e não a partir daquilo que é a favor. Numa conversa com o dissidente anti-Estalinista Polaco, Adam Michnik, em 1993, o filósofo liberal Jurgen Habermas admitiu que "evitava qualquer tipo de confronto com o Estalinismo." Porquê, perguntou Michnik? Ele não queria "aplausos do lado errado" respondeu Habermas.

Temos que ler isto duas vezes, pensar nas enormidades do Estalinismo, e apercebermo-nos do quão chocante isto é. Mas Habermas nada mais estava a fazer do que a expressar uma parte do senso comum da esquerda liberal.

Resumidamente, os Neo-Ateus conquistaram os aplausos do lado errado: da Direita cruzadista anti-islâmica. Christopher Hitchens, escritor bastante divertido que poderia atacar o Saddam Hussein como ninguém, era o radical favorita de todos os direitistas.

Sam Harris começou a ter pontos comuns com pessoas tais como Douglas Murray e Ayaan Hirsi Ali. A defesa que Rich Lowry fez aos ataques que Sam Harris recebeu por parte de Ben Affleck apareceram no New York Post. Actualmente, Bill Maher encanta a Direita tal como a enerva. E a Esquerda, sentido o odor da traição nas suas fileiras, não pode pura e simplesmente tolerar este tipo de transgressão.

Mas mais atenção é necessária para a natureza específica do padrão duplo da Esquerda no que toca ao islão. Porque é que ardentes secularistas do mundo islâmico tais como Ayaan Hirsi Ali - o tipo de pessoa que a Esquerda toma como inspiração na história do secularismo Ocidental - são vistos como intolerantes, ao mesmo tempo que teóricos da conspiração e defensores da sharia tais como Linda Sarsour são estimados? Porque é que criticar o islão causou a que os Neo-Ateus tenham atravessado a linha vermelha na imaginação progressista?

Estas posições não fazem qualquer tipo de sentido se olharmos para a Esquerda como genuinamente secular, convencida da necessidade de terminar com a era da superstição. Mas os liberais Americanos não professam o apaixonado cepticismo de Hume, nem o ateísmo urgente e honesto de Nietzsche. Eles preferem abraçar o superficial ateísmo da guerra cultural.

Este ateísmo-da-guerra-cultural disponibiliza "evidências", de forma rápida e facilitada, para vincar a ideia de que a América se encontra dividida em dois campos: o lado do liberal inteligente, sofisticado, urbano e justo, e o lado do intolerante, idiótico, crédulo, retrógrado conservador. Os primeiros são ateus mas os segundos são crentes, elogiando os primeiros, e criticando os segundos.

Na verdade, foi este tipo de pensamento que fez com que os progressistas inicialmente se apaixonassem pelos Neo-Ateus. O Neo-Ateísmo agradou à Esquerda enquanto ele se limitou a criticar "Deus", que estava associado às crenças do Presidente George W. Bush e os seus apoiantes. Foi, devido a isso, divertido, e não ofensivo, quando Bill Maher qualificou a "religião" de ridícula porque se assumiu que ele estava a falar do Cristianismo. Christopher Hitchens poderia qualificar Deus de "Ditador" e o Céu de "Coreia do Norte celestial" e a Esquerda rir-se-ia.

Os estudantes de Berkeley nunca pensariam em desconvidar Richard Dawkins enquanto ele dizia que "Bush e bin Laden estão do mesmo lado da fé e da violência contra o lado da razão e da discussão." Verdade seja dita, o Neo-Ateísmo sempre foi fundamentalmente pouco sério. Ele nem sequer tenta lidar com os argumentos teístas para a existência de Deus. De facto, o filósofo A.C. Grayling insiste que os ateus nem se deveriam preocupar com a teologia visto que eles "rejeitam as premissas". Parece que os nossos novos "racionalistas" nem sequer avaliam os argumentos que não se conformam com os seus preconceitos.

Ao atacar o espantalho fundamentalista com um igualmente fundamentalista materialismo, o Neo-Ateísmo é um gigantesco erro de categoria. Vez após vez, os seus progenitores exigem evidências materiais para a existência de Deus, como se Ele fosse um outro tipo de coisa - uma chávena, ou, se calhar, um poderoso computador.

Esta confusão leva a que os Neo-Ateus favoreçam o claramente simplista argumento da regressão-infinita: se Deus criou tudo, então quem criou Deus? Mas, tal como o teólogo David Bentley Hart responde: [Deus não é] um "ser supremo", não é mais uma coisa juntamente ou lado a lado com o universo, mas o Acto Infinito de Existência, a Fonte Eterna e Transcendente de toda a existência e sabedoria, dentro do Qual todos os seres finitos participam.

Só o falhanço completo em entender os termos filosóficos básicos duma conversa pode causar esta estranha inversão de lógica, onde o argumento da regressão infinita - tradicionalmente e correctamente considerado o mais poderoso argumento contra o materialismo puro - pode ser, agora, tratado como argumento irrefutável contra a crença em Deus.

O restante dos argumentos dos Neo-Ateus podem ser lidados ainda mais rapidamente. Dawkins olha para Deus como um Ser Super Complexo sujeito à evolução natural, e depois qualifica-O de estatisticamente improvável. Ele pode estar certo, mas porque é que ele pensa que, através desta lógica, ele criticou algo parecido com a "religião"?

Dennett, que se foca essencialmente em mostrar como a religião é um fenómeno natural, parece confudir a validação duma alegação religiosa com a sua refutação. Hitchens não oferece qualquer tipo de argumento real, mas bastantes erros históricos. De forma geral, ele contenta-se a listar as más acções dos crentes, ignorar as boas acções dos mesmos, e fingir que, de alguma forma, refutou o Cristianismo.

Harris, e para citar mais uma vez David Bentley Hart, "declara que todos os dogmas são perniciosos, excepto a sua aderência dogmática ao misticismo contemplativo não-dualista, do tipo que ele erradamente imagina ter descoberto numa escola de Budismo Tibetano, e um que (naturalmente) ele qualifica de puramente racional e científico."

Nada desta idiotice Neo-Ateísta perturbou a Esquerda desde que elogiasse as tribos certas, e atacasse as erradas. Foi só quando os Neo-Ateus estenderam a sua crítica da religião ao islão que os progressistas se voltaram contra eles. Os muçulmanos, embora fossem largamente de direita antes da "Guerra ao Terror", haviam-se tornado num "grupo marginalizado." Vistos como vítimas do colonialismo Ocidental, da agressão por parte dos neo-conservadores, e da discriminação diária, eles tornaram-se parte da coligação dos oprimidos. o que significa que se tornaram virtuosos.

Consequentemente, o islão tornou-se numa fé e numa tradição a merecer respeito, não como o "vírus mental" do Cristianismo, ocupado a infectar os néscios. Como tal, ataques aos muçulmanos ou à sua fé, não só passaram a ter a aparência de "esmurrar o inocente que está abaixo de ti", como passaram a ser vistos como ataques à Esquerda em si.

Os Neo-Ateus, que nada mais estavam a ser que consistentes e a focarem a sua atenção no mais sério exemplo de intolerância religiosa, colocaram de parte a sua sofisticação, e, aos olhos da Esquerda, juntarem-se às fileiras da Direita intolerante e reaccionária. Só há um pequeno problema: nós também não os queremos entre nós.

Fonte: http://bit.ly/2sEUBmq

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A Esquerda rejeita o Neo-Ateísmo porque a Esquerda nunca foi secular e nem ateísta. Ela sempre foi anti-Cristã e anti-Ocidente. A Esquerda defende o islão porque, por enquanto, esta fé serve de arma mais eficaz no ataque ao Cristianismo do que o ateísmo ou o humanismo secular (sobre os quais a Esquerda dependeu num passado recente).

O cerne do esquerdismo é o Neo-Babelismo, que é inerentemente globalista e satânico na sua essência. Todas as suas variadas ideologias - desde o comunismo, ao feminismo, passando pelo neo-liberalismo, e pelo progressivismo - nada mais que são que fachadas que o esquerdismo usa na sua guerra sem fim contra Deus.

Mas ao contrário dos Neo-Ateus, os Neo-Babelistas não estão a levar uma guerra contra a ideia de Deus, e muito menos a questionar a Sua existência. Eles estão, de facto, e efectivamente, a travar uma guerra contra o Todo Poderoso, e contra o Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo.

Só há uma resposta à pergunta recorrente que a Direita faz em relação à Esquerda: eles são estúpidos ou são malignos? A resposta é, obviamente, "sim". Todas as ideologias da Esquerda - desde o Marxismo ao marxismo cultural Gramscianiano ao feminismo ao ateismo ao multicuturalismo ao globalismo neo-liberal - mais não são que racionalizações diversas e incoerentes que os esquerdistas usam como forma de condenar e atacar o Cristianismo segundo o ângulo que mais lhe apela num dado momento.

E o Neo-Babelismo (que pode ser igualmente identificado como o anti-Cristianismo) é muito mais que um grupo de ideologias úteis; ele é, no verdadeiro sentido do termo, uma religião. Os Neo-Ateus que inocentemente se uniram aos esquerdistas para atacar o Cristianismo (na sua "guerra contra a religião") sempre estiveram ao serviço duma religião sem se darem conta disso.

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sábado, 6 de janeiro de 2018

Alemanha: Empresas passam a ser obrigadas a informar mulheres sobre salário dos colegas do sexo masculino

As grandes empresas alemãs, a partir deste sábado, dia 6 de Janeiro, vão passar a ser obrigadas a revelar/informar quanto ganham os seus colegas do sexo masculino.

“Se uma mulher souber com certeza que o seu salário é menor do que o auferido por um homem poderá exigir em tribunal que lhe seja pago o mesmo para realizar um trabalho equivalente”, refere a ministra alemã da Mulher, da Família e da Juventude, Katarina Barley.

Além disso, “a mulher poderá ainda utilizar a informação na próxima negociação salarial com o empregador, fortalecer a sua posição para exigir uma remuneração mais elevada”, declara ainda a ministra.  

A Alemanha é dos países da União Europeia (UE) com maior desfasamento entre géneros, sendo que os homens recebem cerca de 21% a mais do que as mulheres. Agora, Berlim quer lançar uma base de forma a reduzir esta diferença salarial.

A “lei para a promoção de transparência nas estruturas salariais” já tinha entrado em vigor na Alemanha no mês de Julho, mas só agora será aplicada. Segundo esta legislação, os funcionários das empresas passam a ter direito a solicitar informações relativas aos salários dos homens que realizem funções iguais ou idênticas.


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Note-se que nenhuma das pessoas envolvidas na luta pela "igualdade salarial" salienta a hipótese de se "produzir o mesmo" ou "trabalhar o mesmo número de horas" como base para se "ganhar o mesmo".

Qualquer pessoa que já trabalhou com mulheres sabe que a sua disponibilidade não é a mesma que a dos homens; muitas vezes elas têm que sair a uma determinada hora por causa dos filhos, e salvo raras excepções, elas não estão disponíveis (ou dispostas) a trabalhar noutra parte do país (ou mesmo fora do país) por algum tempo.

Os homens em média ganham mais que as mulheres não porque existe discriminação contra as mulheres, mas sim porque os homens, em média,  produzem mais do que as mulheres. E não há nada que se possa fazer em relação a isso porque a distinção na produção centra-se na biologia de cada uma dos dois sexos.

Basicamente, a luta pela "igualdade salarial" é uma luta que visa colocar os homens e as mulheres em guerra uns contra os outros, e não algo que tem em vista ajudar as mulheres.
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