Há já alguns anos que as pessoas acreditam que elas podem mudar a forma como pensam delas mesmas - e mudar a sua vida para melhor - através de pensamento positivo e repetição de afirmações positivas. Este conselho tem sido dado por terapeutas e psicólogos através de livros de auto-ajuda, no entanto pelos menos um estudo mostrou que esta técnica pode causar mais mal que bem.
O problema.
A ideia por trás do pensamento positivo e afirmações positivas é a de que, ao serem repetidas declarações como "Eu sou uma pessoa forte" e "Eu posso atingir o sucesso", as pessoas podem mudar a forma como elas olham para si mesmas, levando a uma mudança de comportamentos e produzindo melhores resultados
Joanne Wood, professora de Psicologia (Universidade de Waterloo), decidiu testar os efeitos da práctica de afirmações positivas em pessoas com baixa estima.
O estudo.
Wood convidou 68 pessoas para participar no estudo, baseado nos seus resultados na escala de Auto-Estima de Rosenberg. Os participantes consistiam num grupo de pessoas com os resultados mais elevados e os resultados mais baixos.
Depois disto, membros dos dois grupos (os com muita auto-estima e os com baixa auto-estima) foram colocados num grupo de teste controlado. Foi dito às pessoas que estavam no grupo de teste para, após o do soar dum sino repetissem, "Eu sou uma pessoa amável" de 15 em 15 segundos .
Posteriormente, foi dito a todos os participantes (tanto os que estavam dentro do grupo de teste como os que não estavam no grupo de teste) que escrevessem sobre os seus sentimentos durante 4 minutos. Isto foi continuado com um questionário de avaliação do estado de espírito para determinar se as afirmações haviam produzido algum tipo de efeito.
Resultados.
O estudo mostrou que os participantes cujos resultados haviam demonstrado uma auto-estima baixa segundo a escala de Rosenberg sentiam-se pior em relação a si mesmos depois das afirmações - atingindo uma média de 10 na avaliação do estado de espírito que se seguiu.
Os participantes com baixa auto-estima que não haviam repetido a frase atingiram valores na ordem do 17 na avaliação do estado de espírito. No entanto, os participantes com alta auto-estima que repetiram a frase atingiram valores na casa dos 31, enquanto que os participantes com elevada auto-estima que não repetiram a frase atingiram em média valores na casa dos 25.
Conclusão:
O problema com o pensamento positivo - que os psicólogos tem revelado desde os anos 60 - é que as pessoas são mais susceptíveis de aceitar ideias mais próximas daquelas que elas já possuem e serem menos receptivas a ideias diferentes daquelas que elas sentem. Portanto, as pessoas que sofrem de baixa auto-estima rejeitarão pensamentos contrários.
De facto, o estudo da Drª Wood mostra que as afirmações positivas podem ser confusas e inacreditáveis para estas pessoas, podendo até aumentar a visão negativa que elas possuem delas mesmas.
Deste modo, o pensamento positivo pode estar a causar mais mal que bem.
○Fonte○
Gosto deste site. Apenas quero fazer resssalvas quanto a esta postagem.
ResponderEliminarA genuína psicologia positiva nada tem a ver com técnicas de autoajuda como meras afirmações e visualizações. Ela é uma especialização da abordagem psicológica cognitivo-comportamental, que é rigorosamente científica e funcional.
Durante a maior parte de sua história moderna, a psicologia se concentrou em estudar pessoas com problemas emocionais e/ou mentais e em como mitigar seu sofrimento. O que foi e é válido e importante. Mas é apenas um lado da moeda.
Depois da Segunda Guerra surgiu a Psicologia Positiva, que pesquisa cientificamente como pessoas dotadas de um bem-estar subjetivo geral pensam e agem, em especial diante de reveses, em contraste com indivíduos que nutrem um mal-estar geral mesmo em boas circunstâncias. O objetivo é ensinar as pessoas deste segundo grupo a pensar e a agir como as do primeiro.
O estudo citado é um exemplo das pesquisas científicas que a Psicologia Científica faz para descobrir o que realmente maximiza o bem-estar subjetivo. Saber com base científica que não basta exercícios de "pensar positivo" não refuta a Psicologia Positiva, ao contrário: comprova que ela é científica e funciona.
O título da postagem deveria ser "Os perigos da autoajuda" ou "psicologia polular".
* * *
caro Perseu
ResponderEliminarNós cremos que a psicologia positiva seja subversiva porque a maneira como é anunciada quase que negando os factos é no mínimo alarmante, mais se investigarmos o histórico dos seus principais apoiantes verificamos que muitos tiveram uma ascensão rápida a nível profissional e social nos média principalmente se tivermos em conta a crise em que estamos actualmente.
Mais, o bem estar subjectivo tem a ver com a pessoa e como essa pessoa reage ás situações algumas pessoas têm certas capacidades outras não, não é algo que se ensine poderá treinar-se indivíduos para reagir desta ou daquela forma mas no fundo tudo tem a ver com a capacidade da pessoa, agora o que esta "psicologia" defende é quase (e sublinho quase) negar os factos gritantes à nossa volta ou seja "acredita no que eu te digo e não no que os teus olhos vêm" ou seja diz ás pessoas quase que para negarem a situação em que estão.
A realidade é só uma e não pode ser alterada o que pode ser alterado é a percepção da realidade e aqui está a parte perigosa, se a percepção(sentimentos, emoções, pensamentos, comportamento, etc) de uma pessoa não está de acordo com os factos, com a realidade, com a situação em questão, então o que poderíamos dizer sobre o estado clínico dessa pessoa?
Estamos a investigar toda esta situação que aconteceu recentemente aqui em Portugal, pois achamos que algo está mal porque algumas pessoas já foram prejudicadas em várias situações.
caro Perseu
ResponderEliminarNós cremos que a psicologia positiva seja subversiva porque a maneira como é anunciada quase que negando os factos é no mínimo alarmante, mais se investigarmos o histórico dos seus principais apoiantes verificamos que muitos tiveram uma ascensão rápida a nível profissional e social nos média principalmente se tivermos em conta a crise em que estamos actualmente.
Mais, o bem estar subjectivo tem a ver com a pessoa e como essa pessoa reage ás situações algumas pessoas têm certas capacidades outras não, não é algo que se ensine poderá treinar-se indivíduos para reagir desta ou daquela forma mas no fundo tudo tem a ver com a capacidade da pessoa, agora o que esta "psicologia" defende é quase (e sublinho quase) negar os factos gritantes à nossa volta ou seja "acredita no que eu te digo e não no que os teus olhos vêm" ou seja diz ás pessoas quase que para negarem a situação em que estão.
A realidade é só uma e não pode ser alterada o que pode ser alterado é a percepção da realidade e aqui está a parte perigosa, se a percepção(sentimentos, emoções, pensamentos, comportamento, etc) de uma pessoa não está de acordo com os factos, com a realidade, com a situação em questão, então o que poderíamos dizer sobre o estado clínico dessa pessoa?
Estamos a investigar toda esta situação que aconteceu recentemente aqui em Portugal, pois achamos que algo está mal porque algumas pessoas já foram prejudicadas em várias situações.
Concordo com o autor. A psicologia positiva (ou de auto-reforço positivo), como mostra o estudo, tem efeitos positivos em pessoas saudáveis, cuja auto-estima está elevada. E efeito rebote em quem se encontra com baixa auto-estima. Hoje, parece comum, na nossa era da desinformação e desautorização da ciência, que fatores psicológicos sérios sejam depreciados e relegados todos à categoria de baixa auto-estima. Creio pessoalmente ser resultado de uma postura centrada no indivíduo, na produção e na felicidade a qualquer preço que tenha nos levado a este ponto. Como a psicologia e a medicina tradicional sempre pregou, não há como resolver nada sem averiguar as causas dos nossos 'distúrbios', sejam pessoais ou sociais. Que tenhamos seriedade e coragem para ir à causa desta que, a meu ver, tem sido nosso mais primitivo mecanismo de defesa social: a negação. Obrigada pela partilha.
ResponderEliminarPsicologia Positiva é Ciência. Esfera de pesquisa em pessoas saudáveis. Disfunções, Patologias e diversos desvios são de competência da Psicologia Clínica, Psiquiatria e Psicanálise. para quem não respeita as bases epistemológicas, sugiro sair da superfície.
ResponderEliminarparabéns para o promotor do site. ótima oportunidade para fomentar o crescimento.