domingo, 22 de maio de 2011

O amor que nunca vai ser expressado

A pior festa do mundo estava na máxima força, e lá estava eu, entre 40 pessoas e desejando estar em qualquer outro sítio. A música era má, a comida ainda pior, e os convidados, que eram casados e tinham filhos, estavam envolvidos em conversas em torno da vida familiar.

Como eu não era casada e nem tinha filhos, eu pouco tinha a oferecer à conversa. "Com que então você é uma mulher de carreira." O que soava a uma acusação foi dito por uma mulher corpulenta que eu nunca havia conhecido antes. Eu respondi que sim, eu era uma jornalista.

"Não me leve a mal", continuou ela, "mas não consigo entender como é que uma mulher pode escolher o emprego no lugar da vida familiar. Deve ser uma vida solitária sem crianças. O que é que a leva a acordar todos os dias de manhã? Não quero soar rude, mas você torna-se mais egoísta se você é a única pessoa em quem você tem que pensar."

Resisti à tentação de molhar a mulher com Rioja e, em vez disso, saí da festa, magoada e admirada com o quão maldosas as pessoas podem ser. Não preciso que ninguém faça comentários cruéis em torno do facto de eu não ter filhos. Eu passei os últimos 10 anos a conjurar a minha própria agonia sobre esse assunto.

Sei, por exemplo, que o facto de não ser mãe faz com que haja uma parte de mim que permanece sem uso, um amor que nunca vai ser expresso. Sei que o amor que qualquer mãe descreve como o amor mais profundo que ela vai alguma vez conhecer, é, para mim, uma porta fechada.

Há muito amor que eu nunca vou ser capaz de oferecer, sabedoria e entendimento que nunca vou partilhar, abrigo e consolo que eu nunca vou providenciar.

Nunca imaginei a minha vida sem uma família. Tive 3 relacionamentos significativos nos meus anos 20 e 30 - cada um deles eu assumi que conduziriam a casamento e a filhos. O meu primeiro relacionamento, com um colega estudante, terminou depois de cinco anos. Tínhamos 25 anos e ele não estava pronto para assentar, e como tal cada um seguiu o seu caminho.

Quando tinha 27 anos comecei um relacionamento com um homem - naquele que foi o meu segundo grande relacionamento. Já estávamos juntos há 18 meses quando fiquei a saber que ele andava com outra. Por isso fiquei sem escolha senão acabar com tudo.

Quando tinha 30 anos envolvi-me com um homem que eu tinha a certeza ser O Tal. Parceiro certo, idade certa; o que é que poderia correr mal? Três anos depois ele disse que se tinha apaixonado por outra pessoa.

Os anos que se seguiram foram dos mais difíceis da minha vida, à medida que amigos próximos se casavam e começavam famílias. Eu estava cheia de inveja e tinha ódio a mim mesma por me sentir assim.

À medida que elas iniciavam um capítulo mais maduro e excitante da sua vida como pais, eu parecia debulhar num inferno de encontros, impaciente com a expectativa mas muito longe de encontrar o homem com quem eu assentaria e iniciaria uma família própria.

O meu arrependimento vai pairar sempre. A minha vida é mais pobre porque não tenho filhos, e eu sou menos mulher por não ser mãe.


Podem lêr o artigo na íntegra aqui.

Vêr também:

Zoe Lewis: Fui enganada pelo movimento feminista

3 comentários:

  1. Em partes, o que penso acontecer algumas vezes é que a 'mulher de carreira' quando envolvida em um relacionamento, ela não se dedica ao amado de forma completa... o trabalho sempre fica acima do amor à relação que está sendo construída e principalmente da família. O homem que quer realmente um compromisso, ele se cansa disso. Ele percebe que aquela não é a mulher certa para ser mãe dos seus filhos e nem mesmo para ser esposa. Nós podemos e devemos ter nossas carreiras, mas nunca, jamais, abandonar o amor, carinho, responsabilidades com 'A Família' - menos ainda, colocar acima da família o trabalho. Se esta falta já é iniciada no namoro, nunca chegará ao casamento. O homem não quer uma concorrente, ele quer uma companheira.


    Beijinho.

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  2. Não adianta achar o cara certo e agir de forma errada.

    Nos últimos relacionamentos notei que há uma profunda falta de honra e respeito em relação ao parceiro, a figura masculina em geral. Com o passar dos meses, vão aos poucos se tornando agressivas, respondonas e teimosas;

    Além disso tem uma falsa concepção de amor e relacionamento, se deixando levar demasiadamente por opinião de amigas - que normalmente são invejosas solteironas ou tem relacionamento de merda; por novelas - o cara deve sempre ser super bem sucedido, ter tempo livre, andar de terno e gravata, levar a mulher pra jantar e trazer flores todos os dias; caso contrário começam a achar a relação tediosa...

    ACHO que as mulheres da nossa geração precisam conversar mais com suas avós; pois da forma que a mídia e os sistemas de educação atuais tem ensinado as relações não funcionarão para suprir aos dois o que cada um espera do outro. Motivo que gera tanta discórdia e separações.

    E a separação é uma merda, a sensação de vazio, de que poderia ter dado certo, a solidão e a depressão sempre a espreita.

    Os esforçados conseguem extrair alguma sabedoria, refletir e trabalhar tudo isso; os fracos arranjam logo outro relacionamento pra esquecer o anterior, saem curtindo em várias festas e baladas, entram no hedonismo e na agitação: Tudo pra calar a voz da consciência, que surge nos momentos de solidão e silêncio. Para estes a maturidade os espera com os mesmos problemas e crises interiores da juventude, além de anti-depressivos e soníferos.

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  3. "Não me leve a mal", continuou ela, "mas não consigo entender como é que uma mulher pode escolher o emprego no lugar da vida familiar. Deve ser uma vida solitária sem crianças. O que é que a leva a acordar todos os dias de manhã? Não quero soar rude, mas você torna-se mais egoísta se você é a única pessoa em quem você tem que pensar."

    Tem que levar a mal, ninguém tem o direito de a julgar assim desta maneira, até porque não conhece o seu passado, e como diz mais adiante sempre foi o seu sonho ter uma família com filhos. Uma das qualidades que eu acho que as mulheres têm é a sensibilidade e solidariedade, e deviam usar estas mesmas qualidades com as outras mulheres. Mas o que se vê é o contrario é uma competição danada, as que têm marido e filhos a tecer julgamentos precipitados ás que não têm e vice-versa.

    "O meu arrependimento vai pairar sempre. A minha vida é mais pobre porque não tenho filhos, e eu sou menos mulher por não ser mãe."

    Não devia pensar assim, até porque há mulheres que são bem casadas e não podem ter filhos. É uma mulher, mas não deixa de ser um ser humano digno e amado por Deus, deixe de pensar assim, e valorize a vida que lhe foi dada por Ele, ame-se todos os dias em Honra do amor Dele por si! O cúmulo do egoísmo é esquecermos de quem morreu por nós na cruz para nos salvarmos, de todos os nossos pecados!

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