Por John C. Wright
Ser homem significa buscar uma verdade que satisfaça a mente, uma
virtude que sacie a consciência, e uma beleza que toque o coração. Se
o homem for privado duma destas coisas, ele não encontrará a felicidade
e nem terá paz. Das grandes ideias que a Esquerda nos roubou, a mais
preciosa, a mais profunda e a mais importante é a beleza. Não preciso de
gastar muito tempo em redor da proposição de que a vida sem beleza é um
pesadelo: aqueles que já contemplaram a beleza - a beleza sublime,
mesmo que tenha sido só por alguns momentos - não podem comparar isso
com mais nada a não ser os êxtases dos místicos e as viagens dos
santos. A beleza consola os tristes; a beleza traz felicidade e
aprofunda o conhecimento; a beleza é como a comida e o vinho, e os
homens que vivem rodeados de feiúra tornam-se murchos e famintos de
alma.
Se a beleza é assim tão importante, porque é que não há qualquer
discussão em torno dela? A vitória da Esquerda neste campo foi tão
súbita, tão extraordinária e tão completa, que a discussão da beleza
tornou-se num silêncio desolador. Será que você, caro leitor, chegou
alguma vez a ler alguma discussão em torno da beleza, avançando com uma
teoria da beleza, ou mesmo exaltando a importância central da beleza na
alma humana, durante o último ano? E nos últimos 10 anos? Será que
alguma vez leu? Esta pode muito bem ser a única dissertação em torno
deste tópico que você lê nesta década; no entanto o tópico é de suprema
importância, sendo um assunto de vida ou de morte - não para o corpo
mas para o espírito.
Não há qualquer discussão em torno da beleza porque, ao convencer o
público que a beleza está nos olhos de quem contempla, a Esquerda
colocou a beleza para além da esfera de discussão. Segundo a Esquerda,
a beleza é uma questão de gosto, e um gosto arbitrário, note-se. Não há
qualquer discussão em torno do gosto porque dar motivos para se
preferir coisas de bom gosto em vez de coisas de mau gosto, é elitista,
desagradável, rude e inapropriado. Ter gosto implica que algumas
culturas produzem mais obras de arte que as outras, e isto levanta a
desconfortável possibilidade de que o amor à beleza seja Eurocêntrica,
ou até racista. Admirar a beleza tornou-se num crime de ódio.
Se a beleza está nos olhos de quem vê, então não há qualquer diferença
entre as belas artes e a mera decoração, e não há qualquer distinção
entre a Mona Lisa de Leonardo da Vinci e o papel de parede. Obviamente
que há diferenças: nós decoramos uma ferramenta útil como forma de a
tornar mais agradável à vista ou ao manuseio - tal como pintar detalhes
num carro e colocar imagens bordadas em tecido.
A arte popular tem como propósito o entretenimento; é suposto ela satisfazer o olhar e engodar o tempo, mas um episódio de I Love Lucy não é feito com o mesmo propósito que o Lago Dos Cisnes de Tchaikovsky. Não é suposto a arte ser útil; quando alguém olha para um bebé que tem nos braços, apenas olhar para a maravilha e o milagre da nova vida, isso não é feito porque o bebé é útil.
Se a beleza está nos olhos de quem vê, então não existe aquilo que se
dá o nome de "treinar o gosto". Pode-se sentar e assistir um programa
de entretenimento bem feito - por exemplo, os desenhos animados do Rato
Mickey - com prazer e satisfação, e nenhum estudo será necessário para
preparar uma pessoa para o apreciar e o entender. Mas para se sentar e ler o Paraíso Perdido
de Milton com prazer, é preciso a pessoa familiarizar-se com as figuras
clássicas e as figuras Bíblicas que são aludidas, e a satisfação de
quem lê aumenta quando se conhecem os modelos épicos, Virgílio e Homero,
em cujos temas Milton criativamente constrói variações impressionantes.
Se a beleza está nos olhos de quem vê, então qualquer coisa - qualquer
coisa mesmo - pode ser declarada bonita unicamente pelo artista.Tal
como Deus a criar luz a partir do nada pelo Poder da Sua Palavra, o
artista cria beleza não através do génio ou da perícia, mas sim através
do seu decreto nu. Isso passa a ser beleza não porque ele criou algo,
mas sim porque ele assim o declarou.
Por esta ordem de ideias, o urinol é bonito, uma luz que se funde é
bonito, a cabeça decapitada e coberta de sangue duma vaca é algo
bonito, moscas e larvas, o copo de água numa prateleira, um crucifixo
mergulhado em urina, uma lata de excremento, ou uma cama por fazer, são
tudo coisa bonitas. O argumento dado pela Esquerda é que a tua
inabilidade de ver a beleza destas coisas deve-se às tuas limitações, à
tua alma destreinada, e ao teu embotamento. O argumento meramente
ignora o facto de que treinar os gostos para serem sem interesse,
filisteus e grosseiros é o contrário de treinar os gostos de modo a que
estes sejam sensíveis à beleza.
Por esta altura, o leitor pode-se questionar o quê ou quem na Esquerda
alguma vez fez tais declarações absurdas. Sem dúvida que nem todo o
Esquerdista está preocupado com a arte, e nem todos os que estão
inclinados para a Esquerda em outros tópicos adoptam a visão da arte mainstream entre os Esquerdistas. Aqueles que adoptam, dizem exactamente
o que eu digo que eles dizem. Se por acaso nunca ouviste tais disparates
sobre palafitas, só posso dizer que não tens estado a prestar atenção
ao mundo da arte - o que, diga-se de passagem, é algo positivo da tua
parte.
Embora se possa pensar que estou a brincar, não estou. Cada um os exemplos que mencionei é real.
Fountain (1917) de Marcel Duchamp é um urinol; Work
No. 227, The Lights Going On and Off (2000, Turner Prize Winner) de Martin Creed é a luz a piscar; A Thousand Years
(1990) de Damien Hirst é a cabeça duma vaca coberta de larvas; An Oak Tree
(1973) de Michael Craig-Martinis é um copo de água numa prateleira; Piss Christ
(1987) de Andres Serrano é um crucifixo mergulhado em urina; Artist’s Shit
(1961) de Piero Manzoniis é uma lata de excremento; My Bed (1998) de Tracey Emin é uma cama por fazer.
A nossa geração é a primeira da história da Cristandade a não possuir,
de todo, belas artes. O público voltou as suas costas ao chafurdar neurótico
auto-repugnante que domina as belas artes, e busca saciar os seus
desejos nas artes populares: suponho que se um retrato gera sentimentos
de repugnância, sempre se pode olhar para os cartazes de filmes, para
os calendários, e para as capas das revistas. O tema musical de John Williams do filme
Star Wars fará o lugar de Elgar,
Wagner ou Holst. Mas todos estes entretenimentos servem para entreter e não para arrebatar.
A
arte popular sacia os apetites e as paixões. Mesmo que alguma dessa
arte sirva apetites e paixões nobres, não é suposto os trabalhos
populares ocuparem o lugar que pertence às obras de arte - obras essas
que envolvem esquecer os apetites e as paixões. É por essa razão que uma
estátua clássica nua não é como a página central da Playboy; uma é egoísta, visto que a luxúria é egoísta, e usa a outra como
instrumento; a outra é altruísta, visto que o amor é altruísta.
Se em qualquer altura antes da Primeira Guerra Mundial, se
perguntasse a qualquer filósofo ou intelectual qual era o propósito da
arte, da poesia, da música, das pinturas, das esculturas, das obras d
arquitectura, todos eles - em cada geração até Sócrates - diriam que o
propósito da arte é buscar a beleza. O próprio Sócrates teria dito que
através da beleza, através do amor forte e pelo desejo que é criado no
peito humano quando ele se encontra na presença de algo sublime, somos
atraídos para fora de nós, e somos levados, passo a passo, para longe
do mundando em direcção do Divino.
O
argumento mais forte contra o ateísmo tão amado pela Esquerda não é
aquele que pode ser expresso em palavras, visto que é o argumento da
beleza. Se olharmos para um pôr-do-sol revestido em escarlate, qual rei
a descer para a sua pira empurpurada, ou nos maravilharmos perante o reluzente trovão duma cascata, se dermos por nós fascinados pela suave complexidade duma rosa vermelha, ou contemplarmos a majestade virgem da estrela da manhã, ou se observamos uma catedral ou um jardim murado, ou se ouvirmos a "Ode à Alegria" de
Schiller, por Beethoven, ou se olharmos para [a estátua] David de Miguel Ângelo, ou se ficarmos imersos dentro da música e do esplendor da tristeza Nórdica de "Der Ring des Nibelungen", de Wagner, ou "Lord of the Rings",
de Tolkien, se, de facto, observamos beleza genuína e por alguns
momentos nos esquecermos de nós mesmos, então somos atraídos para fora
de nós rumo a algo maior.
Nesse momento intemporal de arrebatamento sublime, o coração sabe,
mesmo que a cabeça não possa colocar isso em palavras, que o enfadonho
e quotidiano mundode traição, dor, desapontamento e mágoa não é o único mundo que existe.
A beleza aponta para um mundo para além deste mundo, um domínio mais
elevado, um país de alegria onde a morte não existe. A beleza aponta
para o Divino.
A Esquerda odeia este argumento visto que, como não pode ser expresso em palavras, não pode ser refutado com palavras. Este argumento só pode ser refutado com um urinol, uma cabeça de vaca cortada, uma lata de excremento, uma cama desarrumada.
Estas imagens são feias, agressivamente feias, feitas com o propósito
de serem humilhantes, feitas para serem absurdas, chocantes, ofensivas,
repugnantes e nojentas. Se a visão da estrela da manhã aponta para um
mundo para além deste mundo, justo e repleto com a música das esferas, então as visões de excremento e de luzas
a piscar, bem como cabeças cortadas e camas por fazer, apontam-nos para
um mundo de desespero vociferador, um cemitério profanado,um monte de estrume.
A Esquerda odeia este argumento porque se a beleza não está só nos
olhos de quem vê, então a beleza diz-nos o que é a verdade, uma verdade
real, uma verdade que nos chega dum mundo para além do mundo da
propaganda mesquinha, um mundo para além da pornografia.
A Esquerda odeia este argumento porque se a beleza não está só nos
olhos de quem vê, então é suposto a beleza ser servida, e não usada
para prazeres egoístas. A beleza humilha o orgulhoso visto que revela
que existe um mundo para além dele mesmo e para além dos seus apetites.
E a Esquerda odeia isso.
Acham que estou a exagerar? Acham que aquilo com que estamos a lidar
nada mais é que uma falta de gosto ou uma educada diferença de opinião? Entrem num museu de arte moderna; olhem para o urinol, para a cabeça da vaca cortada, para a lata de excremento, para a cama suja. Isto não expressões de um ou de dois indivíduos aberrantes com problemas psicológicos: este é o status quo da nossa cultura há quase um século, uma indústria que envolve quantidades infindáveis de dinheiro público e privado. Esta é a liderança da visão artística que controla a nossa civilização,
e aquilo que os arqueólogos do futuro irão apontar como as imagens
espirituais características da nossa era.
Porque é que eles gostam de tais imagens? A resposta não é difícil:
a desolação do que é feio ajuda a causa Esquerdista duma forma real e
bem subtil.
Imaginem dois homens: um está numa casa iluminada, alta e com
colunas de mármore, adornada com arte luxuosa, esplêndida e com
brilhantes imagens de vidro de heróis e santos, lembranças de grandes
mágoas e grandes vitórias do passado, e vitórias prometidas. Um coro
polifónico eleva a sua voz numa canção dourada, cantando uma ode à
alegria.
O outro homem encontra-se numa pocilga com papel de parede a cair, ou
numa ruína sem tecto infestada de ratos, cercada com lúgubres paredes
de cimento borrifadas de excremento e com graffiti irregular, manchada
de palavrões e trémulas luzes néon a publicitar locais de strip. Por perto ouve-se uma ensurdecedora música rap, gritando obscenidades.
Um burocrata
aproxima-se de cada um dos homens e ordena-os que façam rotinas, e
tarefas rotineiramente humilhantes, tais como urinar num copo para
serem testados pela presença de drogas, ou deixar que as suas
impressões digitais sejam recolhidas, ou sofrer uma busca na cavidade
anal, ou entregar as suas armas, ou o seu dinheiro, ou o seu nome.
Qual dos dois homens, em princípio, é mais susceptível de não
se submeter? Qual dos dois homens irá automaticamente assumir que a
vida humana é sagrada, que os direitos humanos são sacrossantos, e que
o Homem foi feito à Imagem e Semelhança de Deus? O homem rodeado por
imagens divinas ou o homem rodeado por sujeira gritante? Dito de outra
forma, qual dos dois homens é mais susceptível de cair vítima duma
visão do mundo sombria, sem significado, sem verdade, e sem virtude?
O propósito de quase um século de feiúra agressiva é o de gerar
repugnância. Não interessa se tu te tornas fã da horrível e da chocante
arte moderna, com todo o seu horror, ou se voltas as costas, num
desgosto cínico, e buscas a beleza apenas no entretenimento popular.
Tanto os fãs da feiúra bem como os cínicos repelidos por ela perderam a
sua inocência. Nenhum dos dois irá ouvir o argumento da beleza, e
nenhuma dos dois irá ouvir a música das esferas.
* * * * * * *
Resumindo, o propósito da "arte" moderna, é o de separar o homem do
Divino (acostumando-o com o feio, o horrível, o desagradável e o
nojento), e torná-lo mais susceptível de obedecer cegamente às
imposições da elite política (porque se a arte é o reflexo do homem, e
a arte é feia e horrível, então se calhar o homem também não seja nada
de especial, e desde logo, não há nada de mal em ele ser mal tratado pela elite).
A pessoa que não vê valor na sua existência (porque erradamente
acredita que evoluiu dum animal) é mais susceptível de ser oprimida
pelas invasivas imposições governamentais do que a pessoa que sabe que
o valor da sua vida prende-se com o
facto dela ter sido criada à Imagem do Autor da beleza.
Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus Todo-Poderoso!
Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos santos
Revelação 15:3
Seria um ótimo post caso não promovesse ódio e ignorância quanto ao ateísmo e ciência básica.
ResponderEliminarO post não promove "ódio e ignorância quanto ao ateísmo e ciência básica". Mas se achas que sim, tens toda a liberdade para o comprovar (se fores capaz).
EliminarÓdio, vandalismo, terrorismo e toda ordem de violência exacerbada, sr. Nanbiquara, são expedientes, conforme demonstra a cronologia histórica, tipicamente VERMELHOS, ou seja, DA ESQUERDA, que, assim como o IGUALITARISMO TEM UMA HISTÓRIA TERRORISTA, COMEÇANDO PELA REVOLUÇÃO FRANCESA, um movimento compreendendo CRIMINOSOS, PSICOPATAS, ALCOOLOTRAS e GÊNIOS SOCIOPATAS.
EliminarAplausos por esta magnífica tradução, Lucas.
ResponderEliminarE teu comentário final, como sempre, fechou com chave de ouro...
O pior mesmo é gente que paga por esses lixos. Por exemplo, a “obra” My Bed (aquela cama feia e desarrumada) foi vendida por mais de 2,5 milhões de libras esterlinas!
ResponderEliminarE teve gente também que pagou mais de 100 mil euros pela “obra” Artist’s Shit (uma lata com merda dentro).
Esse urinol de Mercel Duchamp atualmente vale mais de 2 milhões de dólares e não duvide que existe gente que pode pagar por esse lixo.
Alguém pode perguntar: quem em sã consciência compraria ou até aprecia lixos como esses?
A resposta é simples: são as pessoas que estão ligadas as ideias esquerdistas e que mais atacam a nossa sociedade Ocidental cristã. São pessoas que moram em bairros seguros e de maioria branca, que estão nos melhores cargos políticos ou empresariais, nas melhores universidades, que são donos de grandes empresas e que ganham super bem. São justamente eles, que gritam por igualdade, multiculturalismo, comunismo, desarmamento, direitos humanos, atacam nossos valores e a classe média, mas nunca, é claro morariam em um bairro cheio de imigrantes ou andariam em um bairro assim a noite.
Praticamente a única coisa hoje em dia que pode ser chamada de arte mesmo é o ramo das fotografias. Em sites sobre fotografias, há muitas dicas de como fotografar bem e até sobre a importância das proporções, que fazem parte da beleza das coisas, além de fotos belíssimas.
Apesar de tudo esse lixo cultural parece estar chegando ao ramo das fotografias também. É o caso de um tal de Andreas Gursky que tira foto de prateleira do Wal-Mart ou de um riozinho qualquer e acaba tendo as fotos mais caras do mundo.
Em qualquer lugar que a esquerda chega, ela deteriora as coisas, transformando-as em bizarrices.
"A necessidade de se sentir cool, por dentro, parte do jetset, um VIP que frequenta os mesmos lugares badalados das celebridades, de estar onde as coisas estão acontecendo, é isso que move tanta gente na mesma direção. Quem vai ter coragem de gritar que o rei está nu? Quem vai querer demonstrar ser um pequeno-burguês insensível e sem cultura que não se emociona diante de esculturas horrendas, pinturas grotescas e colagens estúpidas, mas que os “entendidos” juram de pé junto se tratar de algo sensacional e profundo?"
ResponderEliminar"a arte moderna é um bálsamo para inúmeros oportunistas de plantão, para embusteiros de todos os tipos, para malandros sem habilidade e vocação verdadeiros. Afinal, se tudo é arte, então nada é arte. E se vale tudo, então por que não posso realizar um ato “performático” e me tornar também o mais novo representante “icônico” da vanguarda?"
http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/cultura/arte-moderna-ou-um-bando-de-porcaria/
John C. Wright Ortografias estas deveriam estar nas paginas principais de noticiarios. Infelismente, noticias que dao ibope e que despertam interesse sao exposicoes de corpo, cuidados de beleza, corpo e saude. Enquanto o essencial deve ser alimentado de textos como este. Chegara o tempo que a materia nao tera proveito algum, ja nossa alma, esta sim, vai refletir o que se faz hoje para garartir a vida eterna junto a o pai. Que Deus te abencoe te dando graca e sabedoria em abundancia para alcancar geracoes que enxergam, mas que estao cegas. Desculpe os erros ortograficos, meu teclado nao me possibilita correcoes.
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