Por Natalia Vitrenko
O Ocidente desencadeou uma guerra contra [o Presidente Russo Vladimir]
Putin dentro da Rússia. Por enquanto, é uma guerra de informação, mas
os insultos podem escalar até às ameaças. Totalmente de acordo com as
técnicas das revoluções coloridas, o palco agora a ser preparado pode
muito bem ser chamado de "o magma em aquecimento" da população, onde os
descontentes são treinados para irem para as estradas e ouvir as ordens
do "chefes".
Não há qualquer dúvida que a percentagem de agentes do Ocidente
influentes, pessoas que vivem dos subsídios de Americanos, e aqueles que
odeiam a Rússia como estado, era insignificante entre aqueles que se
reuniram na
Bolotnaya Square em Moscovo, no dia 4 de Fevereiro.
Mas essas pessoas são levedura para o fermento. As pessoas são
treinadas a ouvi-las, e centenas de milhares de pessoas crédulas e
enganadas estão prontas a segui-las.
Eu sou uma economista, bem como mulher da política. Para além da minha
predisposição genética em favor da unidade entre nós Ucranianos e os
povos da Rússia e da Bielorrússia, bem como a minha experiência própria
em lutar contra a psicose "
alaranjada", sou também uma cientista
que entende certos padrões fundamentais do desenvolvimento. Isto
permite-me antecipar e prever resultados, e pelo menos avisar as
pessoas de certos perigos. E isso é o que eu honestamente quero
fazer aos cidadãos Russos que se encontram angustiados com o desafio de
fazer a escolha certa, para além de estarem em busca de respostas para questões
difíceis.
É impossível disponibilizar um quadro adequado para a totalidade de
questões num só artigo. Irei-me focar num só tópico que revela um só
aspecto - e talvez o mais importante - do ódio feroz que a máfia
banqueira mundial tem por Vladimir Putin. O tópico do qual se vai falar não é levantado
nos comícios de rua, e é algo que os recém-aparecidos treinadores de
"democracia" não falam.
O que é um Banco "Independente"?
A economia é base da sociedade. O dinheiro é o "sangue" da economia. Um
dos muitos atributos principais duma nação-estado independente é o
monopólio da emissão de dinheiro (a impressão de dinheiro), que
determina a quantidade de dinheiro em circulação. A emissão de dinheiro
por parte do governo é um mecanismo básico para o avanço do crescimento
económico. E se o dinheiro é emitido segundo as necessidades da
economia, para o desenvolvimento da produção, então isso não é uma
fonte de inflação. Regular tal emissão de dinheiro pode até
contribuir para a diminuição dos preços.
Na União Soviética, o dinheiro era emitido para financiar o crescimento
da riqueza nacional. O estado lidava com os seus problemas financeiros,
imprimindo ele mesmo o dinheiro. Nos pagamentos entre os países membros
do
"Council for Mutual Economic Assistance"
(CMEA) era usado um rublo de "transferência" sem dinheiro, ao mesmo
tempo que no mercado mundial a União Soviética usava o dólar bem como outras
moedas estrangeiras. Os bancos estatais financiavam e providenciavam
empréstimos para toda a economia nacional. Os bancos não especulavam
mas serviam o sistema circular da economia, apoiando a troca de
mercadoria, o empréstimo, e as poupanças.
A globalização da economia mundial, isto é, a mudança das económicas
mundiais para o controlo de um núcleo único de capital [monetário], nas
mãos do governo mundial, começou a ser implantada depois da Segunda
Guerra Mundial, inicialmente via métodos económicos através da rede do
FMI [Fundo Monetário Internacional] e od Banco Mundial. Eles operaram
junto das elites políticas dos países, uma de cada vez, usando o
suborno, a chantagem e a lavagem cerebral. Todo o tipo de
"instituições da sociedade civil" foram criadas para este propósito.
Um papel importante foi atribuído às organizações não-governamentais
(ONGs) financiadas por subsídios estrangeiros. Então, os políticos que
foram seduzidos desta forma usaram a Constituição nacional para
forçar a independência do sistema bancário do governo dum país, e fizeram com que
o seu país ficasse agarrado aos empréstimos do FMI. Estamos cientes da
forma como isto foi feito à Rússia de Boris Yeltsin e à Ucrânia de
Leonid Kravchuk, entre outro exemplos [ed: Em Portugal isso aconteceu
em 1977].
Os empréstimos do FMI eram sempre dados sob condições duras. Na tríade de reformas prescritas pelo FMI (
desregulamentação, privatização e estabilização macroeconômica),
o lugar mais importante era alocado para o sistema bancário. Era
obrigatório que esse sistema bancário ficasse independente do Estado
(!), para além do facto de bancos comerciais (privados) terem que ser
estabelecidos junto aos bancos que já existiam.
Pensem nisso! Era obrigatório que os bancos centrais ficassem independentes dos governos dos seus países! Depois disto, como os únicos bancos emissores de dinheiro, eles
começaram a emprestar dinheiro ao governo. Com juros. Estes juros
bancários passaram a ser, ao mesmo tempo, uma fonte de enriquecimento
para o sistema bancário, e uma fonte de inflação (aumento dos preços
dos bens e dos serviços) para o resto do país.
Os interesses corporativistas dos donos dos bancos integraram-se na máfia bancária global. Este agrupamento promove bolhas financeiras especulativas
(derivados), ao mesmo tempo que destrói a verdadeira economia (produção
de bens). O resultado é desemprego em massa, empobrecimento, e aumento
das taxas de morte entre a população. Ao mesmo tempo, o processo de
enriquecimento da oligarquia global acelera, e o hiato entre os ricos e
os pobres aumenta em todos os países.
O governo mundial olha para a independência dos bancos apenas em termos
da sua independência dos governos nacionais. Mas todo o sistema
bancário mundial depende (se depende!) dum único centro emissor da
maior moeda do mundo: o dólar Americano. O dólar é emitido pelo
"Federal Reserve System" (Fed), que é privado.
Há cem anos atrás o Fed foi criado por 12 bancos comerciais Americanos
dos mais variados estados. Várias dezenas de banqueiros apoderaram-se,
antes de tudo, do governo Americano. Então, e através de bancos
centrais "independentes" de vários países vítimas, eles apoderaram-se
da emissão de dinheiro desses países, o que significa, para todos os
efeitos, que eles apoderaram-se da gestão económica desses países.
É o Fed que satura o mundo com toneladas de papel sem valor - o dólar,
que não tem qualquer tipo de suporte genuíno, nem ouro nem bens. O Fed
arrastou os Estados Unidos para um gigantesco endividamento nacional.
No dia 1 de Janeiro de 2012, a dívida dos EUA já era de $16.39
triliões. Quase todos os países do mundo estão afectados por uma enorme
escravidão resultante da dívida: o total da sua dívida externa já é de $54
triliões, incluindo um endividamento externo total na ordem dos $33.5
triliões.
Isto é o resultado natural das operações da máfia banqueira
internacional. Defendendo os interesses do governo mundial, o FMI
coloca os bancos centrais dos países vítimas sob condições impostas por
um "conselho monetário". Dentro deste modelo, a emissão da moeda
nacional é permitida apenas em quantidade igual ao aumento das reservas
monetárias no banco central do país.
Não é o volume do mercado doméstico, mas apenas o volume das
exportações do país (isto é, venda de bens e serviços no mercado
mundial e, em regra geral, em troca por dólares) que permite o
crescimento do ouro e das reservas monetárias e, em conformidade,
permissão para emitir uma quantidade equivalente da moeda. Isto leva
à dolarização da economia duma nação supostamente soberana.
Poucas pessoas do mundo entendem este problema, e certamente que os
participantes das revoluções coloridas não pensam nisto visto que são
enganados por
slogans sobre a liberdade, democracia e a luta contra a
corrupção. As pessoas presentes nas manifestações de protesto falam da
corrupção dos oficiais, mas nada dizem das fraudes bancárias e de
outras actividades bancárias destrutivas, que têm atingido, duma forma muito mais dura, o país e
todas as pessoas que lá vivem.
A Vingança da Máfia Banqueira
Todos os países do mundo sofrem com um sistema bancário que destrói a
verdadeira economia, protegendo os interesses do capital financeiro
especulativo. Os EUA não são excepção; o governo depende duma
organização privada, o Fed, e dos interesses e apetites de duas dúzias
de chefões banqueiros. Há quase meio século atrás, o Presidente John F.
Kennedy entrou em rota de colisão com a política monetária da Reserva
Federal e batalhou contra os donos das maiores empresas de aço de Wall
Street. O seu assassinato seguiu-se a estes confrontos. Mais alguns
exemplos:
* Depois da sua re-eleição em 1965,
o Presidente Francês Charles De Gaulle
pediu aos Estados Unidos para trocar 1,5 biliões por ouro, propondo a
que se revertesse ao ouro físico nos acordos internacionais. Sendo
firmemente oposto aos ditames dos EUA, ele retirou a França da NATO em
1966. Para evitar um escândalo internacional, os EUA tiveram que trocar
o preferido dólar-lixo por ouro, tal como De Gaulle havia pedido.
Passados que estavam dois anos, demonstrações e greves aconteceram por
acaso, resultando na demissão forçada de Charles De Gaulle em 1969. No
ano seguinte ele morreu subitamente.
*
Eu mesma experimentei a
vingança da máfia banqueira internacional. Durante a campanha
Presidencial para a Ucrânia, em 1999, a minha popularidade estava mais
elevada que a popularidade de qualquer outro candidato (32%) e eu tinha
fortes possibilidades de derrotar Leonid Kuchma na segunda volta. Eu
fiz a minha campanha de acordo com um programa onde apelava para que a
Ucrânia saísse do FMI, colocasse o sistema bancário sob o controle
estatal, des-dolarizasse economia, e fizesse uma maior integração com a
Rússia. Nenhum dos outros candidatos tinha planos iguais a estes.
Uma gigantesca campanha de difamação foi lançada contra mim, seguido
duma ataque terrorista. No dia 2 de Outubro de 1999 em Krivoi Rog, duas
granadas RGD foram atiradas a mim durante um encontro com votantes.
Fiquei ferida, e no total, 44 pessoas ficaram feridas com mazelas do
mais variados graus de gravidade. Nenhum dos governos pró-Ocidente da
Ucrânia (nem Kuchma, ou Yushchenko, ou Yanukovych) descobriram que
ordenou tal crime, e as investigações foram abandonadas.
* Ou tomemos ainda outro exemplo:
os eventos no Iraque.
O Presidente Iraquiano Saddam Hussein deixou de aceitar dólares em
troca de petróleo e mudou para o Euro. Sob o fabricado pretexto do
Iraque ter armas de destruição em massa, em 2003 os EUA bombardearam e
mutilaram este estado soberano, e depois disso, os carniceiros
Americanos executaram o Presidente do Iraque, eleito de forma legitima.
* E temos também
o exemplo da Líbia.
O que foi que o líder Líbio Muammar Qaddafi fez que enfureceu os
imperialistas Americanos e Europeus? Ele alcançou a prosperidade e a
harmonia na Líbia multi-tribal, com base numa economia forte. Esta
economia tornou-se forte através da nacionalização da produção de
petróleo, regulamentação governamental do sistema bancário, e a
proibição do empréstimo com juros. Mais ainda, Qaddafi começou a agir
de modo activo em favor duma integração dos países do Norte de África.
Qaddafi planeou apresentar uma moeda comum - o dinar-ouro. Isto era uma
coisa que o governo mundial não poderia perdoar! Foi por isso que eles
fortaleceram bandidos locais, deram armas, e levaram-nos a atacar a
autoridade legítima da Líbia. Os EUA e a União Europeia são
responsáveis pela derrota da soberana nação da Líbia, e pela morte de
Qaddadi, que foi despedaçado por uma turba.
* Vejam a forma como eles trataram a
Hungria, onde o governo decidiu
tomar conta do banco central. A UE, o FMI e, claro, os EUA,
desencadearam uma tempestade de ultraje contra a liderança Húngara. Em
Dezembro de 2011, Hillary Clinton chegou até a ter tempo para mandar uma
carta pessoal furiosa ao Primeiro Ministro Húngaro Viktor Orban. O
motivo para isto não foi a alegada violação de certos direitos e
liberdades democráticos por parte das leis Húngaras recentemente
adoptadas, nem a sua nova Constituição, que entrou em efeito no dia 1
de Janeiro de 2012.
Não, o exemplo da Ucrânia mostra que os "democratas" ocidentais
preferem não ver coisas tais como essas. Na Ucrânia, o Presidente, o
Parlamento e o Governo, sob o olhar do mundo inteiro, privam o nosso povo dos nossos direitos
constitucionais, o neo-fascismo
está a mostrar a sua cara feia, a Constituição da Ucrânia está a ser
reconstruída e claramente ajustada para o próximo líder do país. O
mundo olha para outro lado porque o governo Ucraniano não ameaça mudar
as coisas que o Ocidente considera sagradas, tais como a
"independência" do banco central.
A razão principal por trás das ameaças de expulsar a Hungria da União
Europeia, cortar o seu acesso aos empréstimos do FMI, e levar o país à
bancarrota, prende-se com a nova lei em torno do Banco Nacional (o
MNB), aprovada pelo Parlamento Húngaro bem no final do ano passado.
Esta lei coloca o MNB totalmente sob o controle do governo. O presidente do MNB será nomeado pelo Primeiro Ministro e aprovado pelo
Presidente do país. Os nove membros do Conselho Monetário serão
escolhidos pelo Parlamento. Orbán introduziu também taxas adicionais
sobre o sector bancário, e implantou regulações governamentais nos
ordenados e nas pensões dentro do sector bancário. Para além disso, a
Constituição inclui medidas de protecção para o
forint como a moeda
nacional. Estas medidas foram uma verdadeira provocação ao governo
mundial, bem como à máfia bancária. É por isso que a Hungria tem sido
atingida.
A Perda de Direitos Soberanos
Os líderes de nações ostensivamente soberanas, que, em nome de
empréstimos em dólares e apoio político dos EUA e da União Europeia,
obedecem a todas as exigências do governo mundial. estão, na verdade, a
privar os seus próprios países do direito de determinar e regular eles
mesmos a sua política monetária nacional. O exemplo da Ucrânia é
bastante ilustrativo. O líder do Banco Nacional da Ucrânia Victor
Yushchenko (que disfrutou duma ascenção meteórica na sua carreira
profissional, ele que era um contabilista) tornou-se num favorito dos
EUA e do mundo bancário mundial devido aos serviços prestados.
Realmente!
O sistema bancário Ucraniano foi organizado de tal forma que os homens
de negócios Ucranianos sufocavam com a falta de acesso ao crédito; a
produção industrial teve uma queda, milhões de pessoas passaram a viver
nas estradas devido à falta dos meios de subsistência, e a população
foi atingida com o aumento dos preços. Ao mesmo tempo que isto ocorria,
a oligarquia enriqueceu, graças à especulação em torno do ouro nacional
e às reservas monetárias, graças às remessas provenientes de pessoas a
trabalhar no estrangeiro e graças também à reforma monetária de 1996.
O Ocidente organizou e financiou a Revolução Laranja - a demonstração
em Maidan ("Independence Square") - e todo o processo do golpe de 2004
como forma de colocar Yushchenko como Presidente. Devido a isso, a
reforma do sistema bancário, com a obrigatória independência do banco
central em relação ao governo nacional, é um rigoroso requerimento por
parte do governo mundial. De modo a que isto possa ser levado a cabo,
as constituições nacionais são alteradas e são introduzidas leis
especiais. Foi assim na Rússia, na Ucrânia e em todos os países-alvo. O
Artigo 2º da Lei Federal do Banco Central da Federação Russa (Banco da
Rússia) declara:
O
Banco da Rússia irá exercer os seus poderes de possuir, usar e gerir as
suas propriedades, incluindo as reservas de ouro e moeda do Banco da
Rússia. . . . O estado não será responsável pelas obrigações do Banco
da Rússia, e o Banco da Rússia não será responsável pelas obrigações do estado.
A Lei Ucraniana em torno do Banco Nacional da Ucrânia é quase idêntica. O Artigo 4º diz:
O Banco Nacional será uma instituição economicamente independente.
. . . . O Banco Nacional não será responsável pelas responsabilidades
das agências governamentais; as agências governamentais não serão
responsáveis pelas obrigações do Banco Nacional.
Esse é o propósito. Eles querem que os bancos, que formam o sistema circulatório da economia,
sejam independentes dos governos
- isto é, independentes das suas próprias nações. Eles não se importam
com os problemas da sociedade ou se os seus objectivos são atingidos em
prol da população e do desenvolvimento da produção! Tal sistema
bancário, liderado por um banco central, torna-se numa massa cancerosa,
devorando e matando todo o organismo em vez de sustentar a nação. Sem
uma mudança radical, sem mudanças no papel do banco central, qualquer
desenvolvimento económico e modernização da produção, qualquer
transição para um modelo inovador, está fora de questão.
A Atitude de Putin em Relação a Sistema Bancário Russo
 |
Putin visita um hospital |
Putin sabe de todas estas coisas. Na verdade, ele apercebeu-se disto há
já algum tempo, por altura em que ele se tornou presidente. Ele assumiu
a posição em Maio, e alguns meses depois apresentou as suas reformas à
lei ao DUMA, essencialmente nacionalizando o banco central. Claro que
Putin contava com o apoio dos partidos do DUMA, que defendiam
verbalmente o apoio a medidas que fomentassem a prosperidade nacional. Mas o que aconteceu foi que . . . .
nenhum partido apoio a proposta de lei - nem mesmo o Partido Comunista.
Isto foi um banho de água fria para Putin, e isto gerou uma pergunta
fundamental em relação aos partidos políticos do DUMA: a quem é que
eles servem? Quais são os interesses que eles representam? Nesta
situação, Putin fez o único gesto correcto possível. Deu ao
"Foreign Economic Bank" (Vneshekonombank, ou
VEB) funções semelhantes às funções do banco central.
Começando em 2001, este banco, que depois da destruição da União
Soviética havia-se limitado a re-estruturar a dívida externa da antiga
União Soviética, começou a executar instruções governamentais relativas
ao financiamento de projectos sociais. Em 2003 este banco tornou-se na
empresa governamental gestora dos investimentos dos fundos de pensões.
Em 2007 o banco foi reorganizado como o
"Development and Foreign Economic Bank" (VEB).
Já em 2008, o VEB financiou mais de 70% dos projectos de investimento,
no valor de 750 biliões de Rublos (cerca de 25 biliões de dólares). Em
2009 o banco providenciou o crédito para a construção das instalações
para os Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi. Este mesmo banco emite
empréstimos a longo prazo com a duração de 5-10 anos. Isto é o que o
Banco Central da Rússia não não poderia fazer. Ou melhor ainda, o que a
máfia bancária não deixaria que o Banco Central Russo fizesse.
A execução de tais funções por parte de bancos "clones" - criados para
passar por cima das exigências do governo mundial - foi habilmente
delineada por
Nikolai Starikov no seu livro
"Nationalization of the Ruble: Pathway to Freedom for Russia" (Moscovo: Piter, 2011). Ele identificou um segundo clone, um duplo do
Sberbank (o
"Savings Bank of Russia" do
estado), que era subsidiário do Banco Central. Um pacote controlador
das suas acções, mais de 60%, pertence ao Banco Central.
O Sberbank é o banco com cotação mais elevada em termos de activos. De
forma a promover o investimento na economia, o governo deu um prazo
final ao Sberbank em 2002, criando o VTB, um grupo bancário controlado em cerca de 85% pelo
estado e que está em segundo na Rússia em termos de activos. O VTB
começou a investir em negócios e na economia genuína. Chegou até a
emprestar 2 bilhões de dólares à Ucrânia (sem qualquer tipo de
exigências, tais como as que o FMI impõe sempre que faz um empréstimo).
Os bancos centrais "independentes" estão proibidos de levar a cabo tais
funções.

A máfia bancária mundial, olhando apenas para os seus interesses, e
preocupando-se só em aumentar o seu capital, ignora por completo as
necessidades das economias nacionais. Eventos recentes demonstraram
mais uma vez. Bem no meio da crise financeira global, que se tem feito
sentir de forma bem forte na Europa (a dívida externa está a
estrangular os países da zona Euro, a produção está em queda, e a
recessão está a tornar-se numa estagnação), o Banco Central Europeu
começou, de repente, a disponibilizar quantidades ilimitadas de
empréstimos (a 3 anos) aos bancos comerciais.
Em Janeiro de 2012, €489 bilhões foram bombeados para dentro do sistema bancário a taxas de juro bem moderadas.
Ao fazer isto, o Banco Central Europeu (BCE) estava a proteger os bancos
(!) de qualquer perda, na eventualidade da dívida de países
problemáticos vir a ser amortizada. Bancos da Itália, Espanha, Irlanda,
França, Grécia e Alemanha haviam já recebido
em dobro,
por parte do Banco Central Europeu, quantidades de dinheiro mais do que
suficientes para cobrir os seus riscos. Apesar disso, eles não estão a
investir nos sectores genuínos da economia (pelo contrário, eles
apertam os seus termos de empréstimo).
Eles têm estado a comprar os títulos Italianos, Espanhóis, e
Irlandeses, esperando com isso aumentar o seu capital especulativo. E é
disso que a máfia bancária está atrás! Putin atreveu-se a desafiar a
máfia: ele fortaleceu o estado, usando o controle governamental sobre o
capital bancário, colocando-o a trabalhar de forma a desenvolver a
produção, e promover o crescimento económico e o bem estar da população
Russa.
Putin, a propósito, foi capaz de pagar a dívida externa da Rússia, não
através do ouro e das reservas monetárias do Banco Central, mas só
através da criação dum
Fundo Estabilização.
Devido a isto, ao mesmo tempo que a dívida externa do Japão se encontra
fixa em 220% do PIB, na Grécia a 142%, nos EUA a 91,6%, na França a
84,3% e na Alemanha a 80%, na Rússia este nível centra-se em apenas 9%
do PIB.
Apercebendo-se que o Banco Central não iria usar o Fundo de Estabilização
para suprir as necessidades da população, Putin dividiu-o em duas
partes - o Fundo de Reserva (gerido pelo Banco Central) e o Fundo
Nacional de Bem-Estar (controlado pelo governo). Isto tornou possível
apoiar a produção nacional durante a crise global e fortalecer os
programas sociais. Como resultado, enquanto que em 2011 o PIB nos EUA
cresceu em 1,6%, e na zona Euro cresceu por 1,5%, na Rússia o PIB
cresceu em 4,2%, bem acima da média mundial de 2,8%.
No meio da crise, os ordenados e as pensões na Rússia estavam em
crescimento de forma bem notória, e o sistema de saúde, bem como a
educação, estavam a receber um financiamento maior. O governo Russo não
cedeu às exigências do FMI de elevar a idade de reforma (tal como foi
feito na Ucrânia) e nem cedeu à pressão do FMI de aumentar a duração do
dia de trabalho (que também se encontra em preparação na Ucrânia).
Se levarmos em conta que Putin tem militado de forma bem vincada por
uma maior integração das antigas repúblicas Soviéticas (e não só numa
União Aduaneira mas numa União Eurasiana!), e tem-se manifestado de
forma bem frontal e inequívoca contra a NATO como a polícia do mundo, e
contra a expansão do sistema de defesa anti-mísseis Americano, não se
torna claro o porquê dos bandidos do governo mundial, os líderes do
mafioso sistema bancário e a NATO se terem voltado contra Putin?
O Propósito do Ocidente é Destruir a Rússia
Não irei escrever sobre coisas que são amplamente conhecidas, tais como
os repetidos planos do Ocidente de fragilizar e destruir a Russia. Para
além de ter rodeado a Rússia com tropas da NATO e com sistemas de
defesas anti-mísseis, o modelo económico e o sistema bancário
representam uma ameaça interna à Rússia. Os magnatas bancários estão
dispostos não apenas a gastar milhões mas biliões de dólares em
subornos, chantagens, intimidação, e decepção, voltada a cidadãos
Russos ingénuos e crédulos, bem como a organizar informação e guerra
psicológica contra aqueles que não se ajustam ao que eles querem.

A ordem, a prosperidade e a protecção da soberania nacional da Rússia,
bem como a criação duma união poderosa entre eles, não tem qualquer
utilidade para estes magnatas bancários. Não; o que eles querem é a
liberalização, o que significa a remoção total do estado como agente
regulador do processo económico. Mas tal desregulamentação seria um
suicídio para a Rússia. As suas duras condições climáticas (sendo o
país mais a norte do mundo), o seu vasto território, um acumulado de
problemas económicos, ambientais, sociais, demográficos e políticos,
requerem uma gestão calibrada do governo.
A ideologia liberal e as condicionalidades do FMI, bem como a
Organização Mundial do Comércio (OMC),
colocaram a Rússia em desvantagem logo à partida. Teria sido mais
apropriado estabelecer inicialmente uma economia competitiva, e então
depois, lidar com o ponto de se afiliar à Organização Mundial do
Comércio, e não o contrário. Vejam o que aconteceu à Ucrânia em 2008; o
Presidente Yushchenko, tendo o apoio dos partidos "laranja", e do
Partido das Regiões, assegurou a decisão por parte do "Supreme Rada"
(Parlamento) de se unir à Organização Mundial do Comércio.
Em Setembro de 2011, líderes de 50 associações industriais (do sector
agrícola, da indústria alimentar, da indústria leve, da construção de
máquinas, da construção de mobília e o de outras áreas) apelaram ao
Primeiro-Ministro da Ucrânia algum tipo de protecção
contra
a Organização Mundial do Comércio. A Ucrânia perdeu milhares de milhões
de dólares desde que abriu o seu mercado doméstico. Por volta de 2011,
o deficit comercial encontrava-se na marca dos $12 biliões.
Devido a isto, o liberalismo de Dimitri Medvedev [Presidente Russo],
expresso na sua remoção dos membros do governo da gerência das
companhias, o seu arrastamento da Rússia para dentro da Organização
Mundial do Comércio, bem como a sua promoção de privatizações em larga
escala e outras coisas que ocorreram durante a sua Presidência,
travaram de forma significativa o desenvolvimento da Rússia. Estes e
outros erros têm que ser corrigidos. Um homem que represente os
interesses do Estado tem que substituir este liberal.
Claramente, não é isto que o governo mundial, a rede bancária
internacional, quer. Eles precisam dum Presidente Russo que dê aos
bancos acesso livre, garantindo uma contínua fuga de capitais,
inflação, inacessibilidade ao crédito para desenvolvimento, servidão
através da dívida, apropriação e exploração dos mais ricos recursos da
Rússia, e o total empobrecimento de milhões de pessoas, ao mesmo tempo
que alguns indivíduos se tornam bilionários.
Eles estão interessados em ver o crescimento do desemprego, o aumento
do alcoolismo, a debilitação mental, e o aumento das taxas de morte
entre a população Russa. Eles precisam desesperadamente que a Rússia
fique fraca e em desintegração. Então, ajoelhando-se perante o
Ocidente, cada entidade individual - Bashkortostão, Moscóvia,
Tartaristão, Chechênia, Udmurtiya, e as outras, irão implorar por
empréstimos, sacrificando a sua inteligência e a sua força de trabalho,
os seus recursos naturais, a sua terra natal, e a sua dignidade humana
em prol duns vazios dólares em papel. Este cenário seria letal para a
Rússia e é absolutamente inaceitável para os seus cidadãos.
Os Objectivos da Rússia Deveriam Inspirar e Unir os Povos
Tendo o desejo de ver o renascimento duma Rússia forte e a sua transformação num altamente estável
centro
civilizador, acredito que o Presidente da Rússia está na obrigação de
disponibilizar um programa de reformas que inspirem e unam as pessoas.
Cada cidadão Russo quer viver num país que batalha para produzir as
melhores aeronaves e as melhores máquinas de café, os melhores
submarinos e as melhores televisões, os melhores carros e os melhores
aviões. Ele quer que o seu país tenha o exército mais poderoso,
um padrão de vida elevado para todas as pessoas, bem como a melhor
ciência e a melhor medicina do mundo. As tradições e a cultura do país
devem ser cuidadosamente preservadas e desenvolvidas. A paz e harmonia
inter-étnica e inter-religiosa deve ser mantida, Para atingir estes
objectivos, o Presidente tem que estabelecer uma equipa de pessoas com
pensamento semelhante.
As revoluções coloridas têm propósitos bastante diferentes. Elas buscam
dividir a sociedade; inflamar o conflito através de slogans em torno da
democracia e liberdade; voltar as pessoas contra o governo; e como tal,
afastar o governo do propósito de lidar com os objectivos com os quais
se havia comprometido. Este é o que a implementação dos planos dos
chefes bancários mundiais significa.
Isto é o que está em jogo nas eleições Presidenciais Russas do dia 4 de Março de 2012.

Fonte: "Russia’s Destiny: Banking Mafia Seeks Revenge against Putin" - http://bit.ly/1ojnZGR (PDF).