quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Escritor asiático afirma que o multiculturalismo fragmenta a sociedade

Na palestra anual "Milton K. Wong" realizada na UBC, o autor britânico Kenan Malik condenou as políticas multiculturais europeias.

O que o multiculturalismo faz não é dar poder às comunidades minoritárias mas sim dar poder aos alegados líderes comunitários - que ganham poder não porque representam a sua comunidade, mas sim porque têm uma relação com o Estado.

Ele revelou como as políticas da cidade inglesa de Birmingham "geraram conflitos" ao fomentarem competição entre as minorias étnicas por recursos. Em vez de priorizarem as necessidades. disse Malik, distintos "grupos guarda-chuva" que representavam as comunidades tentaram maximizar os seus interesses.

Mal o poder politico e os recursos financeiros são distribuídos por etnia, então as pessoas começam a olhar para si como membros dessa etnia e só como membros dessa etnia.

Imagina que tu és um homem secular oriundo do Bangladesh a viver em Birmingham. Tu não olhas para tu como muçulmano. Tu podes até nem olhar para ti como alguém oriundo do Bangladesh. No entanto, com o passar do tempo, tu começas a olhar para ti nesses termos não só porque essas identidades te dão acesso a poder, influência e recursos, mas também porque essas identidades possuem uma realidade social através da constante afirmação e confirmação.

É dessa forma que as pessoas olham para ti, e como consequência passa a ser a forma como olhas para ti.


Isso, diz Malik, leva a que esse tal homem do Bangladesh tema e tenha ressentimento contra os Africanos oriundos da Caraíbas, contra os Sikhs e contra os Irlandeses, parcialmente porque eles estão em competição consigo no acesso ao poder e aos recursos, mas também porque a sua identidade bangladesa precisa de ser vista como distinta das identidades dos outros grupos.

As consequências disto são o que o grande economista com ascendência indiana Amartya Sen chamou de "monoculturalismo pluralístico" - uma politica impelida pelo mito de que as sociedades são constituídas por uma série de culturas distintas e homogéneas que gravitam umas em redor das outras.

O livro de Amartya Sen, "Identity and Violence: The Illusion of Destiny" (2006) , avisou dos perigos da redução das pessoas para parte da sua identidade - tal como a religião - à custa da multiplicidade da sua identidade, incluindo a classe, o nível de educação, ocupação, passatempos e local de residência.

Sen alegou no seu livro que, depois dos ataques do 11 de Setembro, este "reducionismo" levou políticos tal como o antigo PM Tony Blair a conferir poder imenso aos líderes religiosos para falar em nome das comunidades.

Na sua palestra, Malik colocou ênfase no facto dele viver numa sociedade menos insular e mais cosmopolitana, e no facto dele detestar o racismo. Mas ele alegou também que as políticas multiculturais do governo Europeu fazem da sociedade segmentada uma realidade. [ed: É esse um dos propósitos do multiculturalismo.]

Em Birmingham o resultado [destas políticas] foi o de aumentar as divisões entre a comunidade negra e a comunidade asiática de tal maneira que se geraram conflitos intercomunitários.

Ele continuou afirmando que a controvérsia em torno das imagens de Maomé, feitas por um caricaturista dinamarquês em 2005, estava ligada às políticas multiculturais que reforçam a noção de que as vozes mais conservadoras e reaccionárias são as vozes "autênticas" da comunidade. Ele afirmou ainda que "não há proibição universal islâmica em torno da representação do Profeta" [sic] e que era comum retratá-lo até tempos modernos. Entre os Xiitas, ainda são feitas imagens de Maomé.

A publicação dos cartoons, em Setembro de 2005, não causou reacção imediata, nem mesmo na Dinamarca. Os jornalistas, desapontados com a ausência de controvérsia, entraram em contacto com um certo número de imãs para saber a sua resposta.

Um dos primeiros a ser contactado, Ahmed Abu Laban, "aproveitou o evento dos cartoons para se transformar no porta-voz dos muçulmanos dinamarqueses." Malik acrescentou que os cartoons só se tornaram numa controvérsia depois de alguma pressão por parte dos Sauditas e 4 meses de campanha.

Por aquela altura, a organização de Abu Laban atraía apenas 1,000 dos 180,000 muçulmanos para as rezas de Sexta-Feira. Mas uma vez que Abu Laban era famoso no país por ter dado o seu apoio ao ataque de Osama bin Laden às torres do "World Trade Center", ele era a pessoa ideial para ser contactada pelos jornalistas.

"Os liberais ocidentais passaram a ver figuras como Abu Laban como as genuínas e autênticas vozes dentro do islão," disse Malik. E é por isso que eles olham para os cartoons como algo ofensivo. Como consequência desta forma de pensar, diz Malik, as vozes progressivas dentro das comunidades são paulatinamente marginalizadas. Elas passam a ser consideradas "muito ocidentais, seculares ou progressivas demais para genuinamente pertencerem à comunidade."

Malik alegou também que o desejo liberal de exibir respeito por todas as culturas e crenças leva a que seja feito um policiamento ao discurso público como forma de reduzir as fricções entre as culturas.

Parece que uma das ironias de se viver numa sociedade pluralista é que a preservação da diversidade requer que deixemos menos espaço para a diversidade de pontos de vista. . . . Deixando de lado a questão se há ou não algo de errado em ofender - e eu acho que não há - o problema com esta linha de argumento é que o que é geralmente considerado uma ofensa para uma comunidade, é sim um debate dentro da comunidade.


* * * * * * *

Se o multiculturalismo não funciona, a lógica leva-nos a concluir que o mais sensato é dar término a todos os passos que visam colocar lado a lado pessoas que, aparentemente, não querem estar lado a lado. Mas pacificamente dar término a um processo social, político e ideológico é difícil sem primeiro que os autores de tal processo revelem o porquê de o terem instalado.

Malik lamenta o facto das manobras multiculturais fragmentarem a sociedade sem saber que esse é o objectivo. Quem lançou as bases para a imigração em massa de grupos religiosos e culturais não assimiláveis com a cultura ocidental, sabia perfeitamente que tal influxo de estrangeiros perturbaria não só perturbaria a ordem social, como geraria conflitos comunitários. Aliás, foi com os olhos colocados nessas tensões sociais futuras que as portas da Europa e dos EUA foram abertas à imigração em massa.

Devido a isto, ficar surpreso com o facto do multiculturalismo gerar sociedades balcanizadas, é o mesmo que ficar surpreso por um homem morrer depois de dar um tiro na sua própria cabeça: era esse o objectivo.

2 comentários:

  1. A estratégia é a seguinte. Permitir que o caldeirão social e multicultural ferva até chegar aos limites da anarquia, para ENTAO, implemementar um estado totalitário e governo central único como solução. No meio da "anarquia" as pessoas que rejeitariam esse engodo de governo unico e NOM vão praticamente IMPLORAR pra ele ser imposto. Praticamente todas as ditaduras nazi/faci tiveram esse mote de "botar ordem no caos" e foram amplamente apoiadas pela população.

    O 4º reich é logo ali, e já está sendo totalmente desenhado nos EUA.

    http://m.youtube.com/watch?feature=relmfu&v=dq2J9kUFGxw

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  2. Para ver os males da diversidade, visitem New York - E.U.A. e região metropolitana, e vejam como todo mundo odeia todo mundo.

    Ou então, permita que traficantes e usuários de drogas, prostitutas, bêbados, skatistas fazendo piruetas e tocando música bem alto se misturem numa mesma praça com mães e suas criancinhas brincando, anciãos tentando ler um bom livro, jovens praticando algum esporte, e você logo verá os conflitos surgindo. Prevalecerá o grupo mais selvagem, claro (o primeiro)e o outro, pacífico, fugirá da praça, já que não há uma uma UNIDADE de respeito, de regras e de ordem no local (é o mito da LIBERDADE e da IGUALDADE, achando que pode haver FRATERNIDADE entre pessoas pacíficas e elementos anti-sociais).

    Em breve,

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