sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A vida de Paul Julien Robert numa comuna

Oz Conservative

Há algum tempo atrás escrevi um post em torno da comuna Oneida com o título de "Was free love really so free?". O post lidava com uma comuna instalada nos EUA durante os 1840 onde o casamento foi abolido e substituído pelo "amor livre". Apesar de ter tido como propósito a liberdade, a comuna acabou por ser um sistema autoritário onde 300 pessoas eram governadas por 27 comités e onde os homens mais velhos decidiam quem é tinha autorização para formar pares (e estes homens mais velhos decidiram formar pares com meninas bem novas).

Agora, um documentário revela uma tentativa semelhante de estabelecer uma comuna na Áustria, durante os anos 70 e 80 do século 20. O documentário foi feito por um homem que cresceu na comuna com o nome de Friedrichshof chamado Paul Julien Robert. A comuna Friedrichshof foi fundada por um artista chamado Otto Mühl, e tinha como propósito dissolver o casamento e a família, para além de abolir a propriedade privada. "A comuna centrava-se no livre sexualidade e na propriedade comunal," tal como um dos participantes descreveu.

A mãe de Paul Julien Robert inscreveu-se porque ela pensou que se estava a juntar a uma "comuna simpática". Paul Julien, que não recebeu permissão para conhecer o seu pai biológico, viveu com a sua mãe até aos 4 anos, altura em que ela foi enviada pela comuna para a Suiça para ganhar dinheiro. Ele foi forçado a cantar slogans tais como:

"A minha mãe foi para a Suiça. Desde então, eu estou cada vez melhor a cada dia que passa."

Os membros da comunidade tinham que levar a cabo actos simbólicos de matricídio e patricídio como forma de superar a "sua geração autoritária". O fundador da comuna, Otto Mühl, falando com os membros da comuna, dizia coisas como "Já nos conseguimos libertar e salvar alguns desta coisa nojenta que é a família nuclear."

Mas destruir a família não gerou o amor livre ou a ausência de autoritarismo. Em vez disso, substituiu a amorosa autoridade de pais carinhosos pela autoridade dum só homem: Otto Mühl. Ele foi descrito como um homem "cruel, controlador e autoritário." Ele estabeleceu uma estrutura hierárquica com ele mesmo no topo, e com várias mulheres abaixo dele a competir entre si por mais poder. Ele deu permissão a ele mesmo de ter uma esposa, e era o único com autoridade para disciplinar as crianças. Quando a comuna se dissolveu em 1990, ele foi preso e condenado por vários casos de abuso de menores.

Um livro que fala da comuna pinta em traços gerais o dia-a-dia de Friedrichshof:
A realidade dos factos é que a experiência comunitária dos anos 70 foi gerando cada vez mais um sistema totalitário onde as pessoas se espiavam mutuamente, e onde ocorria o abuso de menores e o aborto forçado....
Para além disso, este modelo de amor livre também não gerou amor. Paul Julien Robert fala do tempo na comuna depois que a sua mãe se foi embora:
Eu estava muito solitário. Outras mulheres ocuparam o seu lugar, mas elas nunca foram realmente próximas. A ideologia existente era a de que todos os relacionamentos eram maus para o grupo, e como resultado, não era possível estabelecer vínculos com alguém.
Será que Robert sentiu-se amado?

Nunca. Cresci a pensar que o amor era uma coisa má. O sentimento de ser amado, e a expressão do amor, foram coisas que eu realmente tive que aceitar e aprender mais tarde. ... Havia uma ausência geral de afeição por parte dos adultos. Nunca ninguém me pegou ao colo ou foi terno comigo quando eu era criança.

Existe por aqui uma lição para todos aqueles que pregam o amor universal sem distinção: isso pode levar a algo que não é, na sua essência amor verdadeiro. O verdadeiro amor brota dentro de relações particulares, e é particularmente promovido dentro das relações familiares próximas. Se por acaso nós crescemos dentro duma família amorosa, somos mais susceptíveis de amar o vizinho e a comunidade, o que nos torna mais susceptíveis de amar a nação e as pessoas, o que nos torna capazes de amar outros membros da humanidade mais alargada.

Se, por outro lado, cortamos a ligação com os nossos próximos, não pavimentamos o caminho para o amor universal pela humanidade mas diminuímos sim a capacidade de amar no seu todo.

Fontes: The Guardian, Live For Films

* * * * * * *
As consequências trágicas da vida na comuna para Paul Robert são um caracterização perfeita do que é o totalitarismo estatal (qualquer que seja o seu nome). A elite decidiu privar Robert da sua mãe e do seu pai por motivos puramente ideológicos, tal como os governos vêem com bons olhos a destruição da família como forma dele (o governo) mais facilmente manipular a sociedade.

Convém notar também a óbvia dualidade de critérios na forma de agir de Otto Mühl: enquanto ele proibia os outros membros da comuna de terem uma esposa ou um marido, ele tinha essa benesse. Isto é análogo ao que acontece nos regimes totalitários, onde as massas são forçadas a condicionar a sua vida em favor duma ideologia em perpétua busca de validação histórica (o assim chamado "verdadeiro" <introduza_nome_da_ideologia_aqui>), ao mesmo tempo que elite vive como bem acha e como bem quer - tendo acesso a tudo do bom e do melhor:

O Khmer Vermelho disse que estava criando uma nação utópica onde todos seriam iguais. Eles reiniciaram nossa nação reassentando todos e levando nossa situação à estaca zero. A nação inteira foi lançada na pobreza de forma igualitária. Mas enquanto toda a população morria de inanição, fome e abandono, o Khmer Vermelho criava uma nova classe de poderosos. Seus soldados e os membros do Partido Comunista podiam escolher qualquer homem ou mulher para se casarem. Além de mantimentos à vontade, eles adoravam ouro, jóias, perfumes, relógios importados, medicina ocidental, carros, motocicletas, seda e outros produtos importados.

Conclusão:

As ideologias que promovem as "comunas" ou outra forma de organização familiar não o fazem para o bem estar das pessoas mas sim para fragilizar a instituição da família em si (como se viu nas palavras de Otto). A família serve de protecção contra a ditadura da minoria elitista e muito provavelmente é por isso que essa mesma elite tem tanto interesse em destruir a nossa família.


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