Por Drew Vox
Na Primavera de 2002 a minha vida mudou drasticamente. A minha mãe
havia estado a batalhar contra o cancro há quase um ano, e em Maio de
2002 ela perdeu a batalha. Embora o meu pai não tenha estado totalmente
ausente, eu diria que a minha mãe foi a maior responsável por me educar
e educar o meu irmão.
Ela era a "mãe fixe" da vizinhança e era também
uma das minhas maiores amigas. Era comum os meus amigos virem passar
algum tempo comigo e acabarem por ficar na sala ou na cozinha a
conversar com a minha mãe. Por essa altura eu pensei que perder a minha
mãe aos 22 anos era a dor mais profunda que eu poderia alguma vez
experimentar.
Eu estava errado.
Por altura em que a minha mãe foi diagnosticada, eu já estava a namorar
com uma rapariga (vamos-lhe chamar de "Liz") há dois anos. Ela era tudo
o que eu poderia querer numa mulher: tinha sentido de humor, era
encantadora e generosa. Ela era também muito bonita e parecia ser
honesta. Crescemos na mesma área e claro que conhecíamos a família um
do outro. Eu não tinha dúvidas nenhumas que ela era tudo aquilo que eu
queria numa parceira. Olhando para trás, tenho a sensação de que eu
buscava estabilidade na minha vida, dado tudo que eu havia sofrido.
Poucos depois da minha mãe ter morrido, foi-me oferecida uma posição no
departamento de Tecnologia de Informação num centro de distribuição
localizado no Sul da Flórida. Isto deu-me a chance de avançar com a
minha carreira bem como uma oportunidade de (tentar) avançar para além
da minha dor.
Falei a hipótese de mudança com a Liz, e tomamos a
decisão e tentar fazer com que a relação funcione à distância. Tomei
também a decisão de lhe pedir em casamento logo na minha primeira
visita e pedir-lhe que ela viesse viver comigo na Flórida. Foi isso que
fiz, ela aceitou, e duas semanas mais tarde ela estava comigo na
Flórida permanentemente.
Tudo correu bem durante dois meses, até ao momento em que recebi a
notícia que mudou a minha vida de que ela estava grávida. Depois de
muita deliberação, concordamos que seria melhor para nós (e para a
criança ainda por nascer) voltar para o nosso estado para vivermos
perto das nossas famílias. Afinal de contas, estávamos à beira de
sermos pais jovens, e queríamos um sistema de apoio.
Também tomamos a decisão de adiar o casamento até o nascimento da criança.
No final de 2002 mudamo-nos de volta para o nosso estado e em Abril de
2003 o nosso filho nasceu. A minha família ficou extática com o
primeiro neto, e tal como todas as famílias, fez do pequeno rapaz o
centro do seu universo. A Liz e eu raramente discutíamos e estávamos
extremamente felizes com a nossa pequena família.
Tudo isto mudou no dia em que ela disse que já não me amava. Isto
apanhou-me totalmente de surpresa e por mais que eu lhe tentasse
convencer a reconsiderar as coisas, ela recusou. Continuei a pagar o
nosso apartamento de modo a que ela e o nosso filho tivessem um lugar
para viver, e passei a viver no sofá dum amigo. Numa das semanas que se
seguiram consegui encontrar um apartamento para mim, e continuei a ver o
meu filho durante os fins de semana.
No preciso momento em que me adaptava à minha nova vida, o golpe que se
seguiu (o mais fatal de todos) foi lançado contra mim. A Liz
ligou-me uma noite e disse-me que tinha algo de importante para falar
comigo. Fiz planos para ir à casa ela no dia seguinte de modo a que
pudéssemos falar. Eu ainda estava cego por mor e como tal, não tinha
ideia nenhuma do que estava para acontecer.
No dia seguinte, enquanto conduzia para a casa da Liz, o meu telemóvel
tocou. Era a minha tia Debbie, a mesma que havia assumido o papel
maternal depois da morte da minha mãe.
“Drew, estás a caminho de falar com a Liz?” perguntou ela.
“Sim.......porquê?” respondi eu.
“Diz à Liz que falei com a mãe dela, e que eu sei da verdade.....e que ACHO BEM que ela te diga a verdade.”
Eu sei que por esta altura da história parece que eu estou totalmente
alheio, mas eu honestamente não sabia o que estava a acontecer.
Sentei-me para falar com a Liz, e ela procedeu dizendo que me havia
traído antes de se mudar para a Flórida, e que havia a chance do filho
não ser meu.
Embora eu tivesse motivos para estar preocupado, eu não
estava. Afinal, o nosso filho parecia-se comigo e já me chamava de
"papá". Não havia a mínima possibilidade dele não ser meu filho.
À medida que eu estava ali sentado a brincar com a criança, o telefone
da Liz tocou. À medida que ela se levantava para atender o telefone, o
meu telefone começou também a toar. Atendi e era a minha tia Debbie.
“Drew, falaste com a Liz?” perguntou ela.
“Falei. Ela disse que me traiu antes de ir para a Flórida e que há possibilidade do nosso filho não ser meu.”
Houve um silêncio do outro lado. De facto, houve demasiado silêncio.
Hoje, olhando para trás, acho que sabia o que estava para vir a seguir.
“Drew…” respondeu ela. “A Liz está a mentir. Ela recebeu os resultados do teste de paternidade há mais de 8 semanas, e tu não és o pai.”
É difícil imaginar como duas pequenas frases podem destruir por
completo o teu mundo, mas foi isso que aconteceu. O meu queixo caiu e
eu deixei cair o telefone à medida que o meu filho estava a subir a
minha perna e a dizer "papá", pedindo que eu o tomasse ao colo.
Peguei-o ao colo e agarrei-o o mais próximo que pude de mim, e chorei.
Os três meses que se seguiram foram os piores da minha vida. Até esse
ponto eu não tinha a certeza se acreditava que a depressão era algo
real. Tal como aprendi, é real. Vou-me afastar por alguns instantes da
minha história, e dizer a todas as pessoas que enfrentam depressão
para, por favor, buscarem ajuda o mais rapidamente possível. A
depressão é real e pode ser perigosa. Eu senti-me abandonado, enganado
e totalmente destruído.
Por todo o sítio onde ia era seguido por uma nuvem negra de desespero.
Eu chorava e soluçava durante o dia todo. Tinha um pesadelo recorrente
onde eu estava a dirigir tendo ao lado o meu filho, e chocava numa
árvore. Eu era ejectado do veículo e o mesmo ficava envolvido em
chamas. Por mais que eu tentasse, eu não conseguia tirar o meu filho do veículo.
Tudo o que eu podia fazer era assistir ele a ser queimado até à morte.
Por diversas vezes contemplei o suicídio, chegando até a amarrar uma
corda à volta do meu pescoço e a ficar de pé sobre uma cadeira. Não sei
bem porquê, mas posso dizer que estive próximo de não estar aqui hoje,
a contar a minha história.
Os meus pais e membros familiares obviamente
também que ficaram perturbados e naturalmente tiveram que retirar das
paredes, e efectivamente apagar das nossas vidas, uma pequena pessoa
maravilhosa. Em termos prácticos, o meu filho havia morrido. Eu
perdi-o. Os meus pais perderam um neto.
Depois de 3 meses de depressão severa, a minha tristeza transformou-se
em raiva. Ela era culpada de tudo, aquela vadia! E assim começou a
minha busca por um advogado, embora eu não soubesse bem o que chamar a
isto. Mas certamente que o que ela fez tinha que ser ilegal de alguma
forma, certo?
Claro que não há recursos disponíveis para homens na minha posição, e
como tal, comecei a ligar aleatoriamente para advogados e a explicar
minha história. A minha elaboração em relação ao potencial de receber
justiça rapidamente se transformou em desespero à medida que advogado
atrás de advogado me foi dizendo que não estava interessado no meu caso.
Não é ilegal, disseram-me eles. Não há caso legal estabelecido para
este tipo de coisas no nosso estado.
Depois de ter ligado para todos os advogados das páginas amarelas,
desisti e segui com a minha vida. Três meses mais tarde recebi uma
chamada dum número que não conhecia. Atendi e o homem do outro lado
apresentou-se e disse-me que havia ouvido o meu caso da boca dum colega
seu. Embora ele nunca tivesse lidado com um caso como o meu, ele já
havia lidado com casos semelhantes num estado próximo, e a sua licença
permitia que ele exercesse advocacia no meu estado.
Ele simpatizou com a minha situação e disponibilizou-se a tomar conta
do caso numa base de contingência. Contratei-o imediatamente e ele
disse-me que o que a Liz havia feito era, na verdade, fraude.
Aparentemente há dois tipos de fraude:
1) Fazer uma declaração como se
fosse verdadeira embora tu saibas que é falsa. (Por exemplo: vender um
carro a outra pessoa depois de lhes teres dito que colocaste um motor
novo, quando na verdade o motor já fez 150,000 milhas.)
e
2) Fazer uma declaração como se fosse verdadeira embora tu não saibas
se é ou não verdadeira. (Ex: Dizer a um homem que ele é o pai da
criança quando na verdade não sabes se ele é ou não pai da criança).
Durante as deposições, a sua defesa essencialmente foi que ela se embebedou durante uma festa, teve sexo com uma pessoa, mas que não
se lembrava de nada. (Embora todas as suas amigas soubessem que ela
sabia, nenhuma destas amigas teve o pensamento de me dizer que se
calhar o filho não era meu.)
O que fazia deste argumento particularmente interessante é que, por
essa altura, ela estava casada com o homem com quem ela me havia
traído, e ela estava grávida de outro filho. Portando, ela estava a
dizer que "Eu estava bêbada e nunca cheguei a consentir e nem sequer me
lembro do sexo", mas no entanto ela casou-se com o homem que, segundo a
declaração dela, a havia violado.
Durante os dois anos que se seguiram o advogado dela arrastou o caso
usando todo o tipo de tácticas legais. Por essa altura eu havia voltado
a casar e este caso estava a começar a causar problemas no meu
casamento. Embora a minha, agora, ex-esposa me tenha apoiado durante o
processo, ela sentiu que havia chegado a altura de cortar a ligação e
seguir com a vida.
O meu caso acabou numa mediação e o meu advogado
sugeriu que eu aceitasse um acordo; e foi isso que fiz.
A minha experiência foi horrível e nenhum homem deveria passar pelo que
passei. Embora tenha sido bom que eu a tenha perseguido pelo que ela me
fez, deixem-me deixar algo bem claro: a fraude na paternidade deveria
ser uma ofensa criminal, e um crime doloso.
Decidi partilhar a minha história na esperança de que ela possa ajudar
outra pessoa na minha posição. Pode ser que ela lhes dê forças para
lutar, ou talvez lhes dê forças para seguir com a sua vida.
Título original: "The ultimate lie" - http://bit.ly/1P2acPj
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