domingo, 9 de agosto de 2015

A ascensão do autoritarismo transsexual

Por Brendan O'Neill

A foto da revista Vanity Fair de Bruce Jenner num fato-de-banho aumentador dos seios está a ser descrita como "icónica". Bruce, um Americano que já foi um atleta, quer agora ser conhecido como Caitlyn agora que passou por uma transição de género. E ele está a usar a capa da última edição da Vanity Fair para se "estrear como uma mulher". Junto ao título ‘Chamem-me Caitlyn’, ele está todo cheio de detalhes modificados com Photoshop, cabelo arranjado e seios "olhem-para-mim", naquela que muitos peritos estão já a descrever como "uma imagem icónica na história da revista".

De facto, a foto é icónica, e não só no sentido fútil e popular do termo. A foto é icónica no sentido tradicional também, isto é, ela está a ser venerada como um ícone genuíno, uma imagem devocional duma aparente pessoa santa. É uma imagem perante a qual se espera que todos nós nos debrucemos, cuja verdade essencial nós temos que assimilar; uma imagem que nós colocamos em causa ou questionamos sob nossa conta e risco, com aqueles que se recusam a ajoelhar perante ela a enfrentarem a excomunhão da sociedade educada. A Jennermania de ontem confirma o quão estranhamente autoritária, até idólatra, a política trans se tornou.

Há uma religiosidade palpável na selvagem aclamação Bruce/Caitlyn como um santo moderno, uma Virgem Maria sem testículos. No espaço de 4 horas, mais de 1 milhão de pessoas estavam a seguir a nova conta de Twitter de Bruce/Caitlyn, presos a todas as suas palavras como a multidão expectante aguardando por Moisés nas imediações do Monte Sinai.

Todas as suas palavras, toda a banalidade do seu discurso de celebridade, eram reenviadas dezenas de milhares de vezes. As celebridades e os comentadores saudaram Caitlyn como uma espécie de messias. "Estávamos de braços abertos à tua espera", disse um excessivamente excitado editor da Buzzfeed. Por toda a Twittersfera, Caitlyn era venerada [sic] como uma espécie de "deusa", uma "deusa em forma humana". Um tuitador trans disse:

Caitlyn Jenner poderia esfaquear-me agora, e deixar-me morrer, e eu morreria radiante porque NÃO SOU DIGNO DESTA DEUSA.

Nos média, a conversa centra-se em torno da forma como Caitlyn e a sua aparência icónica podem dar uma injecção de adrenalia à humanidade em si. Uma escritora para o  Guardian descreve Caitlyn como uma ‘rainha’ e diz "curvem-se, idiotas!', afirmando também que o seu ícone na capa da Vanity Fair é ‘life-affirming’.

Tratando Caitlyn como um tipo de Cristo, mas com um sutiã e não com uma bata, Ellen DeGeneres diz que esta deusa traz "esperança para o mundo", e que todos nós deveríamos tentar ser "tão corajosos como Caitlyn". Susan Sarandon celebra o misterioso "renascimento" Bruce/Caitlyn, ao mesmo tempo que Demi Moore agradece-o/a por partilhar humanamente "o dom do teu belo e autêntico eu".

Uma escritora do Huff Post diz que o nome Caitlyn significa "pura" - "que significado perfeito, não é?" Verdadeiramente, sim, porque a Santa Caitlyn, renascida para nos educar a todos, é pura.

Com os milhões de seguidores curiosos, a sua veneração como uma imagem icónica, a insistência de que nos "curvemos" perante a imagem, o Culto de Caitlyn gera para a  mariolatria Católica uma concorrência feroz na escala de devoção cega.

E, obviamente, tal como todos os ícones venerados, qualquer pessoa que se recuse a reconhecer a verdade da capa da Caitlyn presente na Vanity Fair enfrenta um castigo perante as multidões, ou correctivos baseados no agitar do indicador consequência da sua blasfémia que coloca em causa a deusa.

Devido a isto, quando Drake Bell, uma antiga estrela infantil, tuitou "Desculpa-me, mas vou continuar chamar-te Bruce", ele passou a ser o alvo de fúria global e os devotos do Culto de Caitlyn ficaram loucos. Mesmo depois dele ter apagado o seu comentário blasfemo, continuaram a aparecer tweets a atacá-lo, sugerindo que ele desactivasse a sua conta de Twitter, ou melhor ainda, que "desactivasse a sua vida".

Entretanto, foi activado um robô com o nome de @she_not_he como forma de corrigir qualquer "má identificação do género" a Caitlyn. Obtendo muitos louvores por parte de grande parte dos média, este robô está a ‘verificar o Twitter, procurando por alguém que use o pronome "ele" em junção com o nome Caitlyn Jenner’.

O inventor do robô diz que está feliz com o facto dos meliantes que dão o género errado a Caitlyn estarem a ser "apologéticos nas suas respostas ao robô", e "chegando alguns a apagar os seus tweets originais". Dito de outra forma, eles arrependeram-se.

Tal como se esperava que aqueles que colocavam em causa a Divindade de Cristo se retratassem, também aqueles que negam o género de Caitlyn são perseguidos até ao momento em que pedem desculpas pelo seu erro moral. O grupo activista homossexual Americano GLAAD está a criticar os média mainstream pelo uso da palavra "ele" em referência a Caitlyn, tal como uma incarnação moderna do Index Librorum Prohibitorum do Vaticano (...). A GLAAD emitiu linhas orientadoras de policiamento de discurso para os média:

NUNCA se refiram a ela pelo seu antigo nome..... EVITEM usar pronomes masculinos e o antigo nome de Caitlyn, mesmo que estejam a falar de eventos do seu passado.

A adoração a Caitlyn, e a intimidação das pessoas que se recusam a se vergar perante o seu ícone, tem revelado de maneira gráfica o quão intolerante é o pensamento trans. A insistência de que não só chamemos Bruce/Caitlyn de "ela", mas também que projectemos isso para o passado - reconhecendo, tal como disse o Guardian, que ela [sic] "sempre foi uma mulher" - é algo a roçar o Orwealliano. É uma re-escrição da história e o esquecimento de antigos factos inconvenientes.

Curiosamente, a escritora do Guardian diz que pessoas tais como Bruce/Caitlyn "sempre foram mulheres....mesmo quando estavam a 'gerar' filhos". Note-se que é o 'gerar' que está entre parêntesis, sugerindo que não era algo real, ao mesmo tempo que a descrição de Bruce como uma "mulher" é tratada como uma verdade incontestável.

Guerra é paz, liberdade é escravatura, homem é mulher.

Este Orwellianismo trans está a encontrar cada vez mais espaço na própria lei. No ano passado, na Irlanda, uma mulher trans obteve o direito de ver a sua mudança de sexo para mulher na sua certidão de nascimento. Isto é preocupante. A parteira que disse "É um rapaz!" quando esta mulher-trans nasceu estava a dizer a verdade, e essa verdade está registada num documento público.

Mas isso agora jã não interessa porque a a verdade a história foram colocadas nas mãos do lobby trans. Tal como o Irmão Grande pensa que pode forçar as pessoas a aceitar que 2+2=5, os activistas trans querem que cantemos que:

Bruce Jenner é uma mulher, e sempre foi uma mulher, mesmo quando estava a produzir esperma, a engravidar mulheres e a vencer medalhas de ouro em desporto masculino.

E o que dizer dos pequenos detalhes da certidão de nascimento de Bruce Jenner e da paternidade dos seus filhos? Esqueçam isso tudo, e lancem estas coisas para dentro dum buraco da memória.

O que o Culto de Caitlyn confirma sem sombra de dúvida é que não há nada de progressivo dentro da política trans. Ela é estridente, censuradora, irreal, exige obediência e  pune os dissidentes. (....) Bruce Jenner não é uma mulher, e, desculpem-me dizer isto, mas 2+2=4 e sempre vai ser assim.

~ http://goo.gl/ZVwUnR



1 comentário:

  1. A maior resistência ao movimento trans é o feminismo radical. Ambos vivem brigando.

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