Quão agressivas são as mulheres? Quando há três décadas atrás a antropóloga
Sarah B.
Hrdy pesquisou a literatura existente,
concluiu que
"a componente competitiva da natureza da mulher permanece
anedótica, sentida de maneira intuitiva, mas ainda não confirmada pela
ciência.” A ciência avançou muito desde então, tal como nota a Drª Hrdy
na sua introdução para a edição mais recente de
"Philosophical
Transactions of the Royal Society"
inteiramente dedicada ao tópico da agressividade feminina. Ela atribui
a "espantosa" quantidade de novas evidências parcialmente às melhores
técnicas de pesquisas e parcialmente à entrada de tantas mulheres nos
ramos científicos anteriormente dominados pelos homens.
A existência de competição entre s mulheres pode parecer óbvio para
qualquer pessoa que já esteve num refeitório duma escola secundária ou
num bar de solteiros, mas analisar isso mesmo tem sido difícil visto
que essa mesa competição tende a ser subtil e indirecta (e muito menos
violenta) que a variedade masculina. Agora que os pesquisadores têm
olhado para as coisas de uma maneira mais atenta, eles afirmam que esta
"competição intrassexual" é o factor mais importante que explica a
pressão que as jovens mulheres sentem para atingir padrões de conduta
sexual e de aparência física.
As antigas dúvidas em torno da competitividade feminina derivavam
parcialmente da análise das probabilidades reprodutivas das antigas
sociedade onde imperava a poliginia, onde alguns homens eram deixados
solteiros devido ao factos dos machos dominantes terem múltiplas
esposas. Devido a isso, os homens tinham que competir por uma chance de
se reproduzirem, enquanto que virtualmente todas mulheres estavam
seguras que se reproduziriam.
Mas mesmo nessas sociedades, as mulheres não eram troféus passivos nas
mãos dos homens vitoriosos visto que elas tinham os seus próprios
incentivos para competirem umas com as outras como forma de obterem os
parceiros mais desejáveis e mais recursos para os seus filhos. E hoje
que as maior parte das pessoas vive em sociedades monogâmicas, a maior
parte das mulheres enfrenta as mesmas probabilidades que os homens. De facto, elas enfrentam probabilidades mais duras em alguns locais, tais
como em muitas universidades visto que as mulheres são mais que os
homens.
A jovem mulher
Para se ver a
forma como as estudantes reagiam à presença duma rival, os
pesquisadores trouxeram um par de rivais para o laboratório da McMaster
University,
para o que era ostensivamente uma discussão em torno da amizade
feminina.
Mas a verdadeira experiência começou quando outra jovem
mulher entrou na sala, perguntando onde é que ela poderia encontrar um
dos pesquisadores.
Esta última mulher havia sido escolhida pelas pesquisadoras - Tracy Vaillancourt e Aanchal Sharma - porque tinha as qualidades físicas consideradas atraentes para os homens, isto é, "relação cintura-quadril baixa, pele clara, e seios enormes." Às vezes ela usou uma t-shirt e jeans, mas noutras ocasiões usou blusa justa e uma saia pequena.
Quando ela usou jeans, a jovem mulher atraiu pouca atenção e nenhum comentário negativo por parte das estudantes, cujas reacções estavam a ser secretamente
gravadas durante a presença da jovem assistente e depois dela sair da
sala. Mas quando ela usou a pequena saia e a t-shirt justa,
virtualmente todas as estudantes reagiram com hostilidade. Elas olharam para ela dos pés à cabeça, reviraram os olhos, e por vezes exibiram sinais de raiva. Uma das estudantes perguntou, descontente, "Mas que [obscenidade] é esta?"
A maior parte da agressividade, no entanto, acontecia depois dela sair da sala.
As estudantes riram-se dela e atribuíram-lhe motivos, Uma das
estudantes sugeriu que ela estava vestida daquela forma para fazer sexo
com o professor. Outra disse que os seios dela "estavam quase a saltar para fora."
Os resultados da experiência mostram evidências de que esta forma de agressão indirecta ao estilo "rapariga má"
é mais usada pelas adolescentes e pelas jovens mulheres do que as
mulheres com mais idade, visto estas últimas terem menos motivos para
colocar em desvantagem as suas adversárias uma vez já casadas Outros
estudos demonstraram que quanto mais atraente for a rapariga ou a
mulher, mais provável ela é de ser vítima da agressão indirecta de
outras mulheres.
A Drª. Vaillancourt, actualmente psicóloga na Universidade de Otawa, afirmou:
As
mulheres são de facto muito capazes de comportamento agressivo umas com
as outras, especialmente para com as mulheres que elas vêem como
rivais. (...) A pesquisa demonstra também que a supressão da sexualidade feminina é feita por outras mulheres, e não necessariamente pelos homens.
A estigmatização da promiscuidade feminina - isto é, o
"slut-shamming"
- é frequentemente atribuída aos homens, que têm um incentivo natural
para desencorajar as esposas de se afastarem, mas este mesmo incentivo
natural leva-os também a encorajar as outras mulheres a serem
promíscuas. A Drª Vaillancourt afirmou que as experiências, bem como
outras pesquisas, sugerem que
o estigma da promiscuidade feminina é imposto sobretudo pelas mulheres:
A agressão
indirecta pode ter consequências psicológicas nas mulheres que são
ostracizadas on sentem-se pressionadas para atingir padrões impossíveis
- tal como a moda do corpos magros presente em muitos países modernos.
Estudos demonstraram que a forma corporal ideal das mulheres é mais
magro que a média - e mais magro do que aquele que os homens qualificam
de corpo ideal. Esta pressão é tida como consequência dos corpos
ultra-magros das modelos que se encontram nas revistas e na televisão,
mas
Christopher J. Ferguson, psicólogo na "
Stetson University", e outros pesquisadores dizem que ess pressão
é o resultado da competição entre as mulheres, e não das imagens dos média:
De certo modo, os média reflectem as tendências que estão a decorrer na sociedade, mas não as criam.
O Dr. Ferguson
diz ainda que a insatisfação das mulheres em relação aos seus corpos
não está relacionada com o que elas vêem na televisão, e nem foram elas
influenciadas pelos programas de televisão mostrados nas experiências
de laboratório: ver as actrizes esbeltas da série "Scrubs" não induziu maiores sentimentos de inferioridade do que ver a não-tão-esbelta actriz principal da série “Roseanne.”
Mas o Dr.
Ferguson apurou que as mulheres eram mais susceptíveis de se sentirem
piores quando elas se comparavam com as mulheres do seu círculo social,
ou mesmo quando se encontravam na mesma sala com uma mulher
desconhecida - tal como a assistente do Dr. Ferguson quando este levou
a cabo uma
experiência
com estudantes universitárias. Quando ela usou maquilhagem e um
elegante traje de negócios, as estudantes ficavam menos satisfeitas com
os seus próprios corpos do que quando a assistente usava calças alargas
e não usava maquilhagem. E estas estudante sentiam-se ainda piores se
se encontrasse um homem atraente na sala. O Dr. Fergunson afirma:
A competição sexual entre as mulheres parece aumentar devido a circunstâncias que tendem a ser particularmente comuns ns sociedades afluentes.
Nas povoações
tradicionais, as pessoas casam-se cedo e com alguém de perto, mas os
homens jovens e as mulheres jovens das sociedades modernas são livres
para adiar o casamento à medida que fazem uma busca alongada e extensa por uma melhor opção. A consequência disto é mais competição visto
existirem muito mais rivais - e já não há qualquer dúvida científica de
que ambos os sexos estão nesta competição para ganhar..
* * * * * * *
Portanto, sempre que as feministas levarem a cabo manifestações contra
a "limitação da sexualidade" da mulher, ou outro argumento-palha
qualquer, convém ressalvar que a pessoa mais susceptível de querer
"limitar" a sexualidade da mulher
é outra mulher.
Se os homens "limitam" a sexualidade de alguma mulher, é porque essa
mulher já é dele - esposa, filha ou outra menina ao seu cuidado.
Por outro lado, as mulheres vêem com bons olhos a limitação da
sexualidade feminina porque isso aumenta o seu poder de negociação
junto dos homens: os homens querem sexo, e estão dispostos a trocar o
fruto do seu trabalho por sexo (junto da mulher que eles olhem como
digna disso).
Isto implica que as feministas que promovem a
promiscuidade junto das mulheres, estão, na verdade, a fragilizar o seu
poder de negociação junto dos homens, visto elas estarem a dar gratuitamente
o que eles querem (sem que eles tenham que prescindir de nada seu).
Para os homens promíscuos o feminismo é uma dádiva. Para as mulheres,
uma tragédia.
O slut-shamming é, portanto, feito pelas mulheres e não pelos homens; se as feministas querem acabar com o slut-shamming, o melhor que têm a fazer é mudar a psicologia da mulher. (Boa sorte).
Tenho 45 anos, sou casada, e sou considerada uma mulher elegante (sem excesso de peso e dentro dos parâmetros normais de beleza) mas tenho uma maneira muito simples de vestir, sem ser desleixada nem masculina. Não me pinto, as roupas que eu uso não são ousadas, não uso minissaia, nem decotes, nem tampouco roupa justas … sempre fui assim, por esta razão nunca entrei nesta competição de quem é mais sexy aos olhos dos homens. E que grande alivio que foi, porque está é uma competição muito cerrada, tal como o artigo descreve, e somos alvo de muitos comentários e criticas e na maioria das vezes somos postas de parte por outras mulheres e verdade seja dita quem entra neste jogo sai quase sempre a perder, porque é um jogo que as regras estão sempre a mudar, a insegurança é uma constante, por mais bela e desejável que a mulher seja, ela vai sempre sentir que tem que competir, enfim é uma dor de cabeça! Portanto o conselho que eu dou á minha filha que tem 18 anos é não ir em “modas”, ter o seu estilo próprio, e investir em qualidades pessoais, tais como simpatia, bom humor, generosidade para consigo e com os outros, sensibilidade, foi o caminho que eu segui para estar de bem comigo, com o sexo feminino e com o sexo masculino, e tirando alguns acidentes de percurso que acontece com todos nós, não me tenho saído mal.
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