quarta-feira, 14 de maio de 2014
A ameaça do Marxismo Cultural
(...)
O Marxismo Cultural é frequentemente criticado pelos esquerdistas e
pelos radicais como nada mais que uma "teoria da conspiração", mas essa
qualificação não é adequada - nem de perto nem de longe. Ninguém está a
sugerir que existe uma cabala de cérebros esquerdistas, reunidos numa
sala esfumaçada na Suécia, a dirigir esta campanha duma forma
conspiracional. Não; o Marxismo Cultural revela-se, sim,
como um movimento relativamente cooperativo que opera de forma aberta,
e que usa métodos, e ensina teorias, que são claramente Marxistas na
sua essência.
Essencialmente, o que aconteceu no Ocidente durante as últimas
décadas é o resultado da realização por parte da esquerda radical de
que a campanha em larga escala para radicalizar o proletariado e mobilizá-lo contra a burguesia não iria ser bem sucedido. Esta realização levou a que se adoptassem novas
estratégias. A dialéctica económica Marxista de opor o proletariado à
burguesia foi retido na forma dos partidos políticos socialistas ou
sociais-democratas em muitos países do Ocidente (usando a legislação
como forma de avançar a sua agenda) ao mesmo tempo que a esquerda
radical debruçou-se sobre outras categorias como forma de criar um novo
dicionário dialéctico que pudesse impactar a sociedade duma forma mais
alargada e fundamentalmente mais revolucionária.
O teórico comunista Italiano Antonio Gramsci
foi fundamental para que esta metodologia da teoria
Marxista fosse colocada em marcha - desde a perspectiva intelectual até a teórica. A
perspicácia de Gramsci levou-o a concluir que um certo número de
suposições e estruturas culturais apoiavam o sistema capitalista, e que
era primeiro necessário miná-las ou desalojá-las de todo como forma da revolução
eventualmente ser bem sucedida em derrubar a ordem estabelecida.
Seguindo as análises de Gramsci, os filósofos da esquerda radical, especialmente os membros da Escola de Franfurt,
começaram a examinar os variados critérios que poderiam ser usados para
gerar o tipo de perturbação cultural que Gramsci havia descrito.
A
partir deste grupo várias teorias e correntes intelectuais se
desenvolveram, mas uma linha de pensamento forte era a de que, mal a
esquerda colocasse em conflito (1) tudo o que não era heterossexual,
branco e masculino (2) contra todos os que eram heterossexuais, brancos
e masculinos, uma dialéctica muito mais poderosa e visceral poderia ser
criada e usada para destruir o que os Marxistas viam como uma profunda
resistência cultural às alterações revolucionárias que eles buscavam.
Esta metodologia revelou-se muito mais eficaz que a dialéctica
económica do "Marxismo clássico" visto que ela usava ódios viscerais
que certos segmentos da população nutriam contra os homens brancos
heterossexuais devido a queixas de longa data. Como resultado, os radicais precisavam de fazer menos para "radicalizar" o novo "proletariado"
(isto é, as mulheres, as minorias étnicas e os homossexuais) uma vez
que o ódio visceral emocional já se encontrava presente e ele poderia
ser facilmente usado para fomentar as mudanças revolucionárias ao nível
cultural.
Essencialmente, era necessário re-escrever a História segundo um ponto de vista onde durante toda a história
quase todas pessoas haviam sido oprimidas sem misericórdia
pelos homens
heterossexuais brancos, e reduzir o nosso
entendimento tanto das estruturas sociais do passado como as do
presente, olhando para toda a narrativa como uma campanha extensa de
violação e dominação do homem branco sobre tudo o resto.
Mal esta narrativa revisionista foi finalizada e propagada, ela deu
um alento poderoso aos movimentos que caracterizaram a revolução
cultural que ocorreu no Ocidente durante os anos 60 e 70, bem como durante o
período que se seguiu. Esta visão revisionista disponibilizou uma
narrativa rígida e reducionista que poderia servir como um léxico
para explicar todo o passado e o presente, tal como os Marxistas
económicos haviam tentado fazer com o Marxismo económico "clássico" nos
princípios do século 20.
O poder sedutor da narrativa que
caracteriza todas as pessoas - menos os homens brancos heterossexuais
do passado e do presente - como "vítimas" é bastante óbvio: ela liberta
todos aqueles que fazem parte dos "grupos protegidos" de assumir as
responsabilidades pelos seus próprios problemas, causando a que estes
culpem os homens heterossexuais brancos por tudo o que eles acham que
está errado nas suas vidas e no mundo em si. E foi precisamente isso
que foi feito, e continua a ser feito, por um desproporcional número de
pessoas das classes "protegidas" (mulheres, minorias e homossexuais).
A melhor parte disto tudo é que não foi
necessário que o Marxismo fosse expressamente pregado. Embora algumas
feministas e emancipadores raciais tenham, de facto, anunciado
abertamente teorias Marxistas, a maioria não o fez, embora eles
continuassem a adoptar a re-interpretação Marxista cultural da História
como sendo ela nada mais que uma história da dominação dos homens
heterossexuais brancos sobre as mulheres, as minorias e os
homossexuais. Dito de outro modo, mesmo aqueles activistas que se
recusavam a admitir que eram Marxistas, ou que negavam acreditar nas
ideias Marxistas, baseavam-se numa História revisionista que era nela
mesma totalmente Marxista no seu conteúdo.
O sucesso maior do movimento Marxista-Feminista é o seu sucesso na propagação por toda a cultura
desta História revisionista. Em muitos círculos actuais, por exemplo, é
assumido por completo que a História documentada nada mais é que um
catálogo dos crimes do homem branco heterossexual contra todos
os outros grupos. Esta é a versão histórica que domina as nossas
universidades, e também aquela que é espalhada intensamente pelos
órgãos de informação mainstream,
gerando uma atmosfera que dá aos demais o "direito" de odiar os homens
brancos heterossexuais, e a legitimidade de apoiar leis e costumes
sociais que foram feitos para arrancar o poder dos homens brancos
heterossexuais como uma medida que visa a "justiça social" (mesmo numa
altura em que os homens estão a ser desproporcionalmente afectados pela
recessão económica).
Naturalmente que, devido ao "poder
estrutural" dos homens nos pontos mais elevados da sociedade, nenhuma
destas alterações culturais e legais poderiam ter ocorrido sem a sua
colaboração. Então, porque é que eles colaboram?
A razão principal prende-se com o facto
dos "homens-no-poder" de qualquer sociedade terem sempre olhado para a
larga maioria dos homens com uma mistura de desprezo e receio.
Normalmente, os homens competem nas hierarquias, e aqueles que se
encontram no topo das hierarquias geralmente sabem que eles estão sob
algum tipo de ameaça dos restantes homens da hierarquia.
Historicamente, isto tem sido controlado por aqueles que se encontram
no topo através duma combinação de lealdades e prácticas feudais
criadas para abater as classes mais baixas de homens - tais como
guerras prolongadas e a classe de eunucos.
O Marxismo cultural dos finais do
século 20 deu aos homens-no-poder uma ferramenta poderosa com a qual
manter os homens dos escalões inferiores controlados (de forma mais ou
menos permanente), organizando todo o resto da sociedade contra eles. Desta forma, os homens-no-poder reduziram a ameaça feita pelos outros homens.
De forma mais ou menos geral, este
grupo de homens (no topo) nunca chegou a temer ser subjugado por
pessoas que não eram maioritariamente homens brancos heterossexuais
precisamente porque estava a criar estruturas culturais que iriam
impedir isto por parte de outros homens. Esta classe certamente que não
temia ser substituída do topo pelas mulheres (muito provavelmente
porque os homens a este nível estão no sítio certo da curva no que toca
a alguns traços relacionados com o poder, e como tal serem suplantados
pelas mulheres não parece ser um risco realista).
Isto não quer dizer que houve uma
"conspiração" entre a esquerda radical e os homens-no-poder; em vez
disso, os homens-no-poder colaboraram com as ideias da esquerda radical
porque ela servia aos seus interesses - nomeadamente, o interesse de
preservar o seu poder no topo da sociedade marginalizando a maioria dos
outros homens através duma rede confusa de "direitos", preferências e
discriminação pura e simples como forma de substituir os homens por
pessoas menos ameaçadoras (para o seu poder) que não são homens brancos
heterossexuais.
É precisamente este alinhamento entre
as nossas elites (que são maioritariamente compostas por homens
brancos) e os esquerdistas radicais que permitiu que a revolução
cultural tivesse o impacto que teve - e ainda tem - na nossa cultural,
e que opera de forma razoavelmente deliberada para manter a maior parte dos homens [brancos] em baixo.
Acho que é impossível entender o que
realmente aconteceu no Ocidente desde os anos 60 sem um entendimento
das suas subjacentes bases Marxistas culturais. Isto também explica o porquê do sistema criado depois da revolução cultural ter-se revelado resistente e forte: de uma forma ou de outra, ele tem o apoio da maior parte das nossas elites.
Obviamente que, a longo prazo, se o
programa revolucionário se materializar, as elites serão esfaqueados
pelas costas pela esquerda radical, mas por enquanto, existe um forte
alinhamento de interesses entre as elites e os radicais - de tal forma
que toda a sociedade foi remodelada de tal maneira que ela serve, na
verdade, como instrumento de preservação do poder das elites actuais,
dividindo o resto da sociedade contra ela mesma.
Para os homens, o caminho que for tomando tem que reconhecer o Marxismo cultural e a sua demonização deliberada do nosso sexo - frequentemente com a colaboração de machos idiotas úteis (não lhes vou chamar de "homens" porque eles não merecem esse termo).
Mas para além disso, é preciso reconhecer que o nosso caminho é, mesmo
assim, um caminho revolucionário, caminho esse que nos irá levar rumo a
novas direcções, deixando para trás os antigos.
Se nós deixarmos que assim seja, e se
tivermos a força de vontade, nós seremos os donos do nosso destino e
poderemos caminhar em rumo a muitos destinos deslumbrantes. Um
pré-requisito para isso é entender este aparato Marxista cultural que
foi instalado para nos minar, para além do facto dos conservadores
sociais estarem a colaborar com ele.
O passo seguinte é levantarmos o
nosso dedo médio a este aparato e aos conservadores sociais que
permitem que ele avance, e abandonar tudo.O passo seguinte é a verdadeira emancipação do homem. Ela vira até nós, como indivíduos, se adoptarmos estes passos com integridade e confiança - e com um desprezo saudável pelo que as mulheres pensam disto. Este é o nosso jogo e esta é a nossa vida.
* * * * * * *
O autor do texto correctamente alerta
para o facto de muitos conservadores estarem a pactuar com a agenda
Marxista-Feminista sem se aperceberem que estão a causar a sua própria
destruição. Para se ter uma ideia de como algumas instituições
supostamente "conservadoras" directa ou indirectamente dão apoio ao
movimento Marxista-Feminista, note-se o que este link nos revela..
5 comentários:
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Curioso, algumas das ideias eu já havia me pegado pensando, como esta da oposição entre homens e as maneiras de se sobrepor. Na campanha presidencial de agora, no Brasil, as argumentações já caíram no terreno da briga ideológica (não vote em tal candidato porque ele é pró-ricos e contra pobres - nova versão da oposição burguesia e proletariado; ou, ele foi apontou o dedo para sua opositora, logo é machista. A campanha começa a se reduzir a este tipo de argumentação e mais meia dúzia de distorções ou mentiras. Os que difundem este discurso estão muito certos de sua legitimidade). Gostaria de saber mais sobre a temática, se o autor tiver dicas de leituras eu agradeço. Tiago.
ResponderEliminarQuando Karl Marx escreveu o “Manifesto Comunista” (séc. 19), ficou bem claro que ideologia que nascia assentava em duas vertentes básicas: O Marxismo Económico, que defende a ideia de que a História é determinada pela propriedade dos meios de produção, e o Marxismo Cultural, que defende a ideia de que a História é determinada pelo Poder através do qual, grupos sociais (para além das classes sociais) definidos pela raça, sexo, etc., assumem o poder sobre outros grupos. Até à I Guerra Mundial, o Marxismo Cultural não mereceu muita atenção, que se concentrou praticamente toda no Marxismo Económico, que deu origem à revolução bolchevista (URSS).
ResponderEliminarO Marxismo Cultural é uma sub-ideologia do Marxismo (a “outra face da moeda” é o marxismo económico), e como todas as ideologias, tende inexoravelmente para a implantação de uma ditadura, isto é, para o totalitarismo.
Sinto falta de citaçoes nos textos dessa pagina. Sem citações tudo parece ser achismo.
ResponderEliminarMuito interessante!
ResponderEliminarQuanta besteira!!!
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