sexta-feira, 25 de abril de 2014

O papel da competição feminina dentro do feminismo

Um rápido exercício de associação: o que é que vos vem à mente quando ouvem as palavras "competitividade, agressividade, violência"? Se por acaso pensaram na palavra "macho" ou "homem", muito provavelmente vocês não estão sozinhos. Os traços listados em cima são frequentemente atribuídos à masculinidade. Após análise mais apurada ficamos imediatamente a observar que a competitividade, agressividade e a violência masculina é normalmente dirigida a outros homens (nos campos de batalha, nos campos desportivos, nos locais de trabalho, nos bares, ou nas estradas).

Há já muito tempo que se notou na existência de competição intra-sexual entre os machos, e que essa competição é feita para obter a atenção e o favor reprodutivo das fêmeas. Influenciados por essa forma de pensar (e também pelo facto de que, até recentemente, a maior parte dos pesquisadores serem homens), a maior parte das pesquisas em torno da competição intra-sexual focou-se na luta levada a cabo pelos homens como forma de obter o acesso sexual às mulheres. Só nos anos 80 é que a ciência começou a investigar de forma mais apurada o mesmo fenómeno do outro lado da divisão sexual: a competição feminina por um macho adequado.

Uma vasta gama de estudos recentes demonstrou de forma convincente que a visão tradicional das mulheres como passivas e não-competitivas está errada. As mulheres, sabe-se agora, estão envolvidas na sua própria competição, disputando agressivamente por uma posição na batalha que lhes permita conquistar um macho adequado.

A competição intra-sexual irá ter como preocupação primária os traços que são atraentes para o sexo oposto. O psicólogo Americano descobriu durante os anos 80 que a competição intra-sexual toma duas formas primárias: auto-promoção e a desvalorização da concorrência. Os homens demonstram e promovem as suas habilidades físicas e o seu status, traços masculinos favorecidos pela maioria esmagadora das mulheres (hipergamia), enquanto que as mulheres tendem a promover a sua juventude e a sua atractividade física, traços femininos favorecidos pelos homens (coreogamia - do grego “kore“, para mulher jovem solteira, donzela, sugerindo uma mulher atraente núbil, e, claro, -gamia, que significa fertilização, ou reprodução, do grego gamos, que significa "casamento").

Os homens tentam depreciar os seus rivais atacando a força física e robustez económica (ou falta delas) dos seus adversários enquanto que as mulheres tendem a criticar a idade, a aparência e a castidade (ou a falta dela) das suas oponentes.

Tomando como base o trabalho pioneiro de David Buss, os pesquisadores canadianos Anthony Cox e Maryanne Fisher descobriram há alguns anos atrás outras duas tácticas frequentemente usadas na competição intra-sexual: 1) manipulação dos companheiros/as e 2) manipulação da concorrência.

A manipulação dos companheiros envolve tentar terminar a corrida quando já estamos na liderança e antes dos nossos concorrentes chegarem ao nosso nível. Por exemplo, se o companheiro duma mulher lhe visita com frequência no local de trabalho, e ela frequentemente tem por perto a presença duma colega de trabalho atraente e solteira, é possível que a mulher se sinta motivada para pedir ao companheiro que deixe de visitá-la no seu emprego.

A manipulação da concorrência é o mesmo que afirmar que um dado filme não vale o preço que se paga para vê-lo. Isto pode ser conseguido falando mal do filme (por exemplo, quando as mulheres falam mal de um homem por quem nutrem uma atracção, fazendo com que as outras mulheres "desistam" dele) ou aumentando o preço do bilhete (como quando um homem gasta uma soma imensa de dinheiro com uma mulher, desencorajando outros homens com um status económico aparentemente inferior de tentarem a sua sorte com essa mulher).

Segundo Joyce Benenson, pesquisadora do "Emmanuel College" em Boston, a competição entre as mulheres têm três características únicas:

1. Uma vez que elas têm que proteger os seus corpos do dano físico (como forma de não interferir com a gravidez actual ou futura), as mulheres dependem mais de agressividade oculta dirigida às outras mulheres (por trás de ginástica verbal ou escondida dentro dum grupo) e não através do confronto físico.

2. As mulheres muito atraentes e com status elevado precisam de menos ajuda e de menos protecção por parte das outras mulheres, e desde logo, estão menos motivadas em investir noutras mulheres (que representam competição em potência). Consequentemente, a mulher que se tenta distinguir ou promover, ameaça as demais mulheres e irá, devido a isso, encontrar hostilidade por parte delas.

Segundo Benenson, uma forma comum através da qual as mulheres lidam com a ameaça representada por uma mulher extremamente poderosa ou bonita é insistindo em padrões de igualdade, uniformidade, e partilha para todas as mulheres do grupo, e fazendo os possíveis para que estes atributos se tornem requerimentos normativos para a própria definição de feminidade. Isto faz com que as características únicas da mulher bonita/jovem/casta se diluam dentro de grupo, e outros requerimentos arbitrários sejam colocados no seu lugar - requerimentos esses que as demais mulheres podem também "possuir", elevando artificialmente o seu status aos seus próprios olhos (mas não aos olhos dos homens).

3. Em casos extremos, as mulheres podem-se proteger de potenciais competidoras através da exclusão social.

Se uma mulher bonita aparece na vizinhança (ou na escola, ou no clube), todas as outras mulheres podem-lhe virar as costas, levando a que ela (a mulher bonita) se retire da cena, e desde logo aumentando as chances das demais mulheres de captar a atenção dos homens.

Mais Estudos

Um certo número de estudos reforçaram ainda mais a ideia da "competição feminina". Por exemplo, Jon Maner e James McNulty (Florida State) descobriram que os níveis de testosterona das mulheres aumentaram quando elas, sem saberem, cheiraram camisas de mulheres jovens em ovolução (supostamente em preparação para competição agressiva).

Os pesquisadores Canadianos Aanchal Sharma e Tracy Vaillancourt revelaram a forma como as mulheres julgam e condenam as outras mulheres com base na aparência organizando um estudo de modo a que as participantes interagissem com uma jovem mulher que fazia o papel de assistente de pesquisas. Algumas das participantes viram a assistente vestida com roupas bastante reveladoras enquanto outras participantes viram-na vestida com jeans e uma t-shirt. Os pesquisadores analisaram então as respostas dadas à assistente durante o encontro e depois dela ter abandonado o local.

Resultado: A assistente foi unanimemente criticada quando usou as roupas mais reveladoras, e largamente ignorada quando usou roupas menos reveladoras. Estes resultados confirmam um dado importante da competição intra-sexual feminina: as mulheres mais atraentes (isto é, aquelas que têm mais daquilo que os homens mais apreciam - juventude, castidade, beleza) são mais susceptíveis de enfrentar hostilidade e pouca cooperação por parte das outras mulheres porque a sua presença ameaça o acesso das demais mulheres ao prémio sexual (os homens).

Um palco central para a competição entre as mulheres é o próprio comportamento sexual. Estudos sociais demonstraram que as mulheres tendem a criticar e a rejeitar as mulheres cujo comportamento é visto como sexualmente promíscuo. Há pouco tempo atrás a pesquisadora Zhana Vrangalova e as suas colegas da "Cornell University" inquiriram 750 estudantes universitárias acerca do seu comportamento e das suas atitudes em torno do sexo. Depois disso, as participantes leram uma pequena descrição duma hipotética pessoa (do seu próprio sexo) que havia tido 2 parceiros sexuais (não-permissiva) e de outra hipotética mulher que havia tido 20 parceiros sexuais (permissiva). Posteriormente, as participantes avaliaram esta potencial amiga segundo vários items relativos à amizade.

Os resultados mostraram que as mulheres envolvidas na pesquisa, independentemente da sua própria experiência sexual, tinham uma preferência sobrepujante pela hipotética mulher com apenas 2 parceiros sexuais. Segundo os pesquisadores, isto prende-se com o facto das mulheres quererem manter os seus parceiros (o que é mais complicado se ele tem interacção constante com amigas promiscuas), e não querem obter algum tipo de estigma social: se uma mulher tem o hábito de conviver com uma mulher que se sabe ser promiscua, existe o perigo real desse rótulo se agarrar a ela também, e ela ver o seu valor marital reduzido (quando se fala em casamento, os homens têm uma preferência natural por mulheres com nenhuma ou pouca experiência sexual).

Este estudo, bem como outros, alinham-se com a observação de que as mulheres são as principais executoras de normas estritas e por vezes cruéis em torno da aparência e do comportamento sexual feminino. Por exemplo, o bárbaro ritual da mutilação genital feminina (que ainda é practicado em alguns países islâmicos) está construído para fazer da menina um "bom material matrimonial" para os homens. Tendo em vista esse fim, a clitoridectomia reduz a sua habilidade de desfrutar do sexo, e consequentemente reduz a probabilidade dela enganar o marido. Coser a abertura vaginal, que é frequentemente feito depois do corte vaginal, reduz a possibilidade dela vir a ter sexo antes do casamento, e, mais uma vez, beneficia os interesses do futuro marido. Mesmo assim, esta cerimónia é gerida, executada e forçada pelas mulheres (normalmente as mães ou as avós).

Outro exemplo: amarrar os pés das meninas foi um costume na China por mais de mil anos até que foi ilegalizado no princípio do século 20. Este costume antigo (que envolvia partir os dedos da bebé, dobrá-los e amarrá-los ao pé durante anos) era valorizado porque as mulheres com pés pequenos eram sexualmente mais desejadas e porque os pés pequenos da esposa eram evidência da riqueza do marido ("Sou tão rico que a minha mulher não precisa de trabalhar. Na verdade, ela nem pode trabalhar"). Também neste caso, as principais executoras deste costume eram as mães e as avós.

A explicação para este fenómeno depende da presunção de que ter sexo com uma mulher (e desde logo ter acesso ao seu útero) é um recurso biológico desejável e raro para os homens. Para as mulheres em idade de conceber, reduzir a "oferta" de mulheres em idade de conceber aumenta o poder feminino na economia das relações. Logo, para as mulheres é benéfico colocar em práctica o conservadorismo sexual mesmo que isso signifique ostracizar e manipular as mulheres vistas como promiscuas. Pela mesma lógica, as mães e as avós têm um forte incentivo para garantir que as suas filhas (que carregam os seus genes) se tornem atraentes para os homens, mesmo que isso signifique causar sofrimento inicial e mutilação.

Feminismo

A psicologia feminista, no entanto. alega que a competição entre as mulheres é primariamente motivado não pelos imperativos biológicos mas sim pelos mecanismos sociais. Segundo este argumento, a agressiva competição entre as mulheres prende-se principalmente com o facto das mulheres, nascidas e criadas numa sociedade dominada pelos homens, internalizaram a perspectiva masculina (o "olhar masculino") e adoptarem-na como a sua. A visão masculina das mulheres como objectos sexuais torna-se assim numa profecia que se cumpre a ela mesma. Quanto mais as mulheres são levadas a considerar a validação masculina como a única fonte de força, valor, conquista e identidade, mais elas são levadas a batalhar umas com as outras pelo prémio.

Olhando para as coisas segundo esta perspectiva, a interpretação feminista disto tudo alega que muitas mulheres encontram-se rodeadas pelo que Karl Marx chamou de "falsa consciência." Segundo Marx, o operário da fábrica que foi convencido de que o seu inimigo é outro operário buscando por um emprego, tem uma falsa consciência porque não entende que o seu verdadeiro inimigo é o dono da fábrica que coloca os operários uns contra os outros como forma de subjugar ambos e enriquecer através do seu trabalho. Segundo este argumento, muitas mulheres recusam-se a ver que a verdadeira ameaça às suas conquistas, ao seu poder, ao seu valor e à sua identidade não são as outras mulheres, mas o establishment masculino que controla as suas vidas.

De qualquer das formas, a competição feminina tem um preço e não só ao nível político. Esta competição produz muito do stress que interfere com a felicidade de muitas mulheres, especialmente das mais jovens. Alguns estudos demonstram que, comparadas com os homens, as mulheres tendem a ser mais sensíveis à informação emocional e elas são melhores a descodificar mensagens sociais e interpessoais habilmente codificadas. Para além disso, o sentido feminino do valor próprio baseia-se mais na opinião que ela julga que as amigas têm dela. Esta combinação de percepção - e sensibilidade - apurada em relação às pistas sociais deixa as mulheres mais vulneráveis à agressão interpessoal.

Por exemplo, o pesquisador Christopher Ferguson (Stetson Universit, Flórida) e os seus colegas, perguntaram às participantes para assistir dois programas de televisão (um com uma mulher esbelta e outro com uma mulher gorda) e interagir com uma mulher (com roupa atraente ou casual). Eles apuraram que o estado de espírito e a imagem própria das participantes não era afectado pelos programas de TV mas afectado de um modo significativo pelos encontros reais. Interagir com mulheres atraentes vestidas com roupas vistosas levou as participantes a sentirem-se deprimidas e negativas em relação ao seu próprio corpo, especialmente se esses encontros se realizaram na presença de homens atraentes.

A tendência para se envolver em competição intra-sexual parece fazer parte do nosso hardware genético e é um traço da nossa herança cultural. Não é fácil mudar os nossos genes e os nossos hábitos sociais, e certamente que isso não acontecerá da noite para o dia. Mas o primeiro passo para a alteração dos hábitos é a realização dos mesmos. Tendo isso em fim, os homens têm que se questionar se "conquistar a rapariga" vale o sangue derramado e os narizes partidos, enquanto que as raparigas podem reflectir se o objectivo de obter o homem (e o seu esperma e os seus recursos) justificam as tácticas competitivas de manipular, envergonhar ou ostracizar as outras mulheres, bem como a dor que isso lhes causa.

Modificado a partir do original

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Uma parte relevante do artigo tem uma ligação directa com o movimento feminista:

Segundo Benenson, uma forma comum através da qual as mulheres lidam com a ameaça representada por uma mulher extremamente poderosa ou bonita é insistindo em padrões de igualdade, uniformidade, e partilha para todas as mulheres do grupo, e fazendo os possíveis para que estes atributos se tornem requerimentos normativos para a própria definição de feminidade

Portanto, o ódio das feministas ao slut-shamming, ao fat-shamming, e aos ataques feitos às mães solteiras promiscuas (bem como os seus ataques à recusa masculina de colocar as mulheres menos atraentes ao mesmo nível que as mais bonitas) nada mais são que estratégias de competição intra-sexual entre as mulheres; é a luta das mulheres com menor poder de atracção contra as mulheres com maior poder de atracção

(Na foto ao lado vê-se como isso é feito: existem mulheres com seios bonitos e outras com seios menos atraentes; as feministas removem essa natural distinção, e dizem que TODOS os seios são bonitos. Isso faz com que as mulheres com seios genuinamente bonitos vejam a sua vantagem reduzida, e as mulheres com seios menos atraentes sejam colocadas (artificialmente) ao mesmo nivel que as primeiras.)

Tendo como base este conhecimento, qualquer pessoa pode facilmente reformular qualquer argumento esquerdista em torno duma "guerra às mulheres" como, na realidade, uma guerra das mulheres derrotadas contra as mulheres bem sucedidas. É a guerra das promiscuas e menos atraentes contra as castas e bonitas.

A beleza desta reformulação do argumento é: que mulher é que gostaria de fazer parte do grupo das derrotadas (promiscuas e menos atraentes) e não do grupo das vencedoras (bonitas e castas)? Que mulher quer pertencer ao grupo inferior e não ao grupo no topo?

Isto leva-nos também a inferir que as mulheres com um valor marital baixo (menos bonitas, promiscuas, etc) enveredam pelo feminismo como um mecanismo social que visa, ao mesmo tempo, reduzir a competição feita pelas mulheres com um valor marital mais elevado, e aumentar as suas escolhas sexuais e o seu acesso aos recursos masculinos.

Elevar o status das mulheres vistas como maritalmente inferiores, ao mesmo tempo que se ataca as mulheres com um valor marital elevado, é um dos grandes objectivos do feminismo. É por isso que para a feminista comum a promoção da castidade sexual é um perigo para ela - não porque ela (a feminista) veja algo de fundamentalmente errado nisso, mas sim porque ela está bem ciente que se os homens valorizarem as mulheres castas, a esmagadora maioria das mulheres em idade para casar verá o seu valor marital reduzido de forma colossal.

Como forma de evitar essa desvalorização, as feministas defendem que ser casta é "anormal", e que o "bom" é ser-se promiscua. Desta forma, um elevado número de mulheres vê o seu valor marital artificialmente elevado, e as mulheres castas observam como um dos seus pontos mais fortes é desvalorizado (o que faz com que muitas mulheres enveredem pela promiscuidade, reduzindo assim o seu valor marital - tal como as feministas querem). 

O feminismo não se centra, portanto, numa guerra contra as mulheres, e nem tem em vista proteger a mulher do "patriarcado maligno"; para além de tudo o resto, o feminismo é (também) uma guerra ENTRE as mulheres. Todas as queixas em torno da "igualdade", todos os juízos morais, todo o combate ao slut-shamming e todo o combate ao patriarcado nada mais são que palavras vazias que as derrotadas da vida emitem como forma de poderem ter algum tipo de chance na sua luta contra as mulheres mais bonitas e mais desejáveis.



2 comentários:

  1. http://br.forum.z8games.com/showthread.php?p=1360570

    Igualdade no meio militar

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  2. Um ótimo texto realmente, parabéns pelas analogias e pela lógica do argumento.

    Se eu puder de alguma forma contribuir, permita-me deixar aqui este link, contendo um estudo que tem alguns pontos em comum com a apresentação acima, e que quebra com toda a programação "androfóbica", que tem sido gerada pelo marxismo cultural:

    https://www.academia.edu/11654843/A_Lua_de_Histeros_e_o_Falo_do_Sol

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