terça-feira, 2 de outubro de 2012
Caça ao Piropo
Era uma vez uma menina que só saía à rua
na companhia do Estado. Estamos prestes a assistir a mais uma
modalidade de legislação e punição assente na retórica de vitimização
feminina. Desta vez o exemplo parte da Bélgica e vem no seguimento de um
pequeno documentário [1] realizado por uma estudante belga, nas ruas de
Bruxelas.
No vídeo que está a lançar debate e alarmismo, Sofia Peeters
testemunha como as mulheres são abordadas com muita frequência naquilo
que as queixosas denominam “ataque sexista”.
Sendo uma realidade que incomoda muitas
mulheres, parece uma iniciativa interessante e pertinente. Mas como
seria de esperar, o documentário converteu-se rapidamente num apelo
político. A autarquia aprovou que a partir de Setembro, quem lançar
“piropos” fica sujeito a multas que podem ir até 250€ [2].
Ao que parece as mulheres emancipadas
estão dispostas a abdicar de formas típicas de protecção e reacção às
peripécias sociais mais constrangedoras mas só se o Estado vier com
elas. Se fosse o pai, irmão, namorado, marido ou amigo do sexo masculino
a lançarem-se em sua defesa, isso jamais! Seria uma afronta à igualdade
de géneros. A realidade acaba por provar às mulheres que há humilhações
maiores a que não sabem resistir sozinhas – quiçá uma injecção de
testosterona pudesse ajudá-las a dar uma sova aos tais malandros.
Pela
boa receptividade da opinião pública a este tipo de medidas e tendo em
conta a orientação dos políticos em busca de popularidade, isto promete
ser um antecedente muito “inspirador” para outros governos copiarem.
Porque os governos – e aqui as mulheres – têm aversão ao comportamento
rebelde e imprevisível dos seres humanos de carne e osso. O tempo será
testemunha desta ânsia de controlar.
Não querendo subestimar o fenómeno em
Bruxelas (que parece destacar-se pela especial incidência destes
comportamentos), não sejamos ingénuos quanto às intenções; um exemplo
extremo é o ingrediente muito pertinente que funciona como rampa de
lançamento para a perseguição à liberdade de expressão.
Multiplicam-se
as punições para tudo e mais alguma coisa e as supostas vítimas ficam
com margem para queixas e até para uso abusivo da lei – até vinganças
pessoais. Mas afinal, como se define um “piropo”? Quais os limites para
aplicar as várias sanções? Vai-se pela agradabilidade do galanteio?
Um das particularidades que também fica
evidente no documentário – mas que a estudante depressa procura
desmistificar para não ofender susceptibilidades – é que a grande
maioria dos homens que actua de forma mais intimidatória e insinuante é
de origem marroquina e outras comunidades imigrantes na zona. [3]
Estarão estas moças a atacar o inimigo
errado? Se estão sempre prontas a denunciar “sexismo” e a manchar o
prestígio aos homens, porque evitam tanto referir minorias étnicas se
essas as incomodam com mais frequência? É mais um daqueles paradoxos do
marxismo cultural que arremessa legislação em favor daqueles que define
como “vítimas” e contra os que define como “opressores”, graças a muita
acrobacia argumentativa.
Elas até confessam que iam tomando
providências na forma de vestir, nos percursos escolhidos, etc…Mas a
interacção social, cedências e cautelas que sempre fizeram parte da
convivência continuam a incomodá-las porque não podem parar a realidade e
deixar tudo constante.
Por fim, percebemos que o costume
milenar do piropo pode estar em declínio. Prevemos que esta seja mais
uma intervenção estatal a produzir as distorções de mercado do costume,
pois vão ser perdidos muitos “piropos” à excelência e os que existirem
tenderão a ser mais indiferenciados, falseando a percepção das
qualidades.
4 comentários:
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Se fosse o rapaz da foto do post a disparar um "piropo", elas adorariam. Se fosse um mendigo sujo, elas diriam que é sexismo e "cultura do estupro".
ResponderEliminarExato.
EliminarVeja essa experiência que um cara fez colocando uma foto de um modelo em seu perfil e chegando com cantadas absurdas nelas e TODAS responderam positivamente e forneceram seus números de telefone, mas no final, quando ele coloca a foto dele original o cara recebe um belo e impiedoso fora: http://looksmatter.net/wp-content/uploads/2011/11/looks_matter_you_are_not_a_model_equals_you_are_invisible_to_women1.jpg
Boa cantada é:
ResponderEliminar- feita por um cara bonitão (segundo a definição delas),
e/ou
- que infle o ego da "deusa".
O resto é estuprador. Pelo menos, para elas é assim...
Como diria Chris Brown , a diferença entre cantada e assédio está entre o sujeito parecer ou não com caras tipo Denzel Washington .
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