Ecl. 2:9
A escolha de Liverant por Dugin como a imagem colectiva das tendências intelectuais e políticas da Rússia não foi acidental. Como afirma Liverant, Dugin e a sua filosofia não são "um episódio insignificante da história intelectual russa; pelo contrário, ela reflecte a tendência dominante da cultura e política russa actual. Se nós queremos entender o zeitgeist que prevalece na Rússia de hoje, é essencial nós nos familiarizarmos com este pensador que expressa os sentimentos mais íntimos de muitos dos seus conterrâneos e dos líderes do país."
Liverant explica o aparecimento de Dugin na vida política e pública da Rússia como resultado do colapso da União Soviética. A euforia que se seguiu após a queda do comunismo, diz Liverant, foi rapidamente superada pelo decepção, insegurança e desespero. Para muitos russos, o alcance global e o poder da URSS eram uma fonte de orgulho que, durante uma década, transformou-se em desespero e humilhação. A Rússia dos anos 1990 nada mais foi que uma sombra do "Império do Mal" que havia sido.
Durante os anos 1990, e início do novo século, o sentimento de tragédia nacional e decadência mantido pelos russos foi adicionalmente agravado pelas acções militares dos americanos sobre os seus aliados - Sérvia e Iraque - que demonstraram uma profunda falta de respeito pelo Kremlin.
A humilhação, diz Liverant, resultou num nacionalismo feroz, direccionado não só às antigas repúblicas da extinta URSS - Ucrânia e Estados Bálticos - mas também às minorias étnicas, aos Judeus e ao Ocidente.
"Sobrepujados pela confusão, frustração e nostalgia pela sua antiga glória, a Rússia era um terreno fértil para a xenofobia e descontentamento nacionalista" escreve Liverant. Este ambiente causou o aparecimento de movimentos radicais e de activistas, sendo o mais talentoso e mais brilhante deles, segundo Liverant, Aleksandr Dugin.
Místico, fascista, nacionalista russo e imperialista, seguidor do filósofo francês René Guénon, Trubetskoy e Gumilev, Dugin encontrou terreno fértil para as suas ideias e aspirações políticas sob o regime de Vladimir Putin.
Combinando a teoria "ethnoses" da Gumilev, segundo a qual a Rússia é um super-ethnos, criado a partir da síntese de Eslavos, Mongóis, Tártaros, Fino-Húngaros, e outros pequenos grupos étnicos, com outras teorias geopolíticas, Dugin vê a Rússia como um poder Euroasiático em ascensão. Os seus sonhos em torno do seu místico "nacional-bolchevismo" (nome que ele deu à sua ideologia) receberam popularidade que coincidiram com o renovado sentido de progresso na Rússia, atingido durante a liderança autoritária de Putin.
"Aleksandr Dugin tem todos os motivos para se sentir profundamente satisfeito", termina assim o ensaio de Yigal Liverant. Perante os seus olhos, a ideologia que ele desenvolveu sob o nome de "Tradicionalismo", "Nacional Bolchevismo" e "Euroasianismo", está a tornar-se a linha oficial do governo russo. Ele [Yigal] está perfeitamente certo em afirmar que "Putin está a tornar-se cada vez mais como Dugin."
Este outrora obscuro intelectual é, agora, o filófoso-chefe do "centro radical." E embora a glorioso nação russa esteja a marchar segundo a sua música, nós seremos prudentes em recordar as palavras de Isaiah Berlin - pensador que se encontra virtualmente no lado oposto a Dugin em practicamente todos os pontos - que nos avisou afirmando que "ideias que foram nutridas na imobilização dos estudos dum professor podem destruir uma civilização."
* * * * * * *
Nacionalismo, socialismo, ódio às minorias, autoritarismo, crença na superioridade racial, intenções imperialistas e busca duma glória perdida.
Onde é que nós já vimos este filme antes?
Pois é.
Apesar da imensidão de evidências que demonstram que o nacional-socialismo e o actual nacional-bolchevismo são ideologias esquerdistas, existem ainda pessoas que ficam chocadas quando apresentamos evidências históricas que demonstram o que já foi dito pelo Padre Paulo Ricardo: o fascismo é o filho bastardo do comunismo.
O próprio facto do ex-líder da KGB - Vladimir Putin - estar a promover o nacional-bolchevismo, da mesma forma que o auto-identificado socialista Hitler promoveu o nacional-socialismo, deveria ser evidência suficiente para nos apercebermos que, longe de serem movimentos distantes do esquerdismo, os mesmos são consequência do mesmo. A alternativa é colocar a hipótese do ex-agente da KGB pura e simplesmente ter abandonado o seu esquerdismo, o que não faz sentido nenhum.
Aquilo que os esquerdistas querem é o poder; para obtê-lo, os esquerdistas estão dispostos a defender duas posições totalmente contraditórias em dois países vizinhos (ou até no mesmo país) se tal for necessário. A internacional socialista e a "guerra de classes" não apelavam ao povo alemão, e como tal o esquerdista Hitler usou o nacionalismo e a raça. Semelhantemente, Putin apercebeu-se que o nacionalismo é-lhe mais útil como manobra de união nacional.
Não deixa também de ser curioso o facto da ascensão de Hitler ao poder ter algumas semelhanças com a ascensão de Putin ao poder. Do mesmo modo que a geração alemã pós-1ª Guerra sofreu uma humilhação enorme com o "acordo" de Paz que foi celebrado após a Primeira Grande Guerra, a Rússia pós-URSS era uma nação humilhada, enfraquecida e uma sombra de si. Longe de ser o Grande Urso, temido por todo o mundo, os seus grandes inimigos - os americanos - avançaram virtualmente sem oposição com a sua agenda política nas áreas que outrora eram de influência exclusiva dos russos.
A área cultural revela também a forma como a elite russa estrategicamente rejeita as ideologias ocidentais actuais. As recentes legislações de São Petersburgo - e de outras partes da Rússia que visam limitar a propaganda homossexualista - não se prendem assim tanto com a "santidade" dos russos (este é um país onde 60% de todas as gestações terminam com um aborto, lembre-se) mas sim com o facto da cultura homossexual estar identificada com a elite do Ocidente actual. O mesmo se passa com o feminismo.
Não é que a elite russa seja contra estas ideologias (afinal, a KGB promoveu-as por todo o mundo, especialmente nos EUA); o que se passa é que, actualmente, a elite russa não precisa delas.
Devido a isso, e como estes movimentos foram criados única e exclusivamente para desestabilização social, os russos proíbem-nas como forma de manter a ordem. Se daqui há 10 ou 20 anos a elite esquerdista russa conseguir retirar dividendos políticos com a promoção da agenda homossexual e da agenda feminista, sem dúvida que eles adoptarão o mesmo tipo de legislação pro-homossexual e pró-feminista que está a ser forçada nos países da Europa Ocidental.
O.T: esse blogue pode ser bastante útil.
ResponderEliminarDugin é um grande homem, um pensado profundo. Semana passada ocorreu aqui no Brasil um evento com a presença dele.
ResponderEliminarDe resto, vá tomar no buraco do... nariz, seu cristão babaca. Você sim é o esquerdista aqui, você sim é o internacionalista. É a sua ideologia de amor aos outros, aos imigrantes, esta sim, que está a destruir a Europa e o ocidente.
Um pensador profundo que "tomou uma surra" do Olavo de Carvalho!
EliminarQuando ao declínio da Europa e do Ocidente, já estamos carecas de saber que os responsáveis são os socialistas marxistas, que incessantemente culpam os cristãos e conservadores pela desgraça global que eles próprios estão a cometer. Eles peidam e jogam a culpa no cara do lado.
Vai estudar, vagabundo!
Ahuhahaha que débil mental. O Dugin tá muito em cima do Olavo, e o Olavo ficou falando sozinho naquele debate mixuruca.
EliminarGosto do seu blog mas falar que nazismo é esquerdista é uma exagero..
ResponderEliminarNa verdade ele não é nem direita e nem esquerda!
http://inacreditavel.com.br/wp/o-ultimo-discurso-de-joseph-goebbels/
A palavra Nazismo vem de nacional-socialismo (em alemão: Nationalsozialismus). (Alguns ainda continuaram dizendo que é de Direita...)
EliminarNazismo = nacional-socialismo. A diferença é que o socialismo no geral é internacionalista.
ResponderEliminarVc mente pra caramba hein? Dugin esquerdista?? kkkkk
ResponderEliminar