quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Elly Tams: Feminista em recuperação

Um grupo de feministas do Reino Unido (RU) publicou recentemente um livro com o nome "The Lightbulb Moment", que é uma colecção de histórias em torno do preciso momento em que as escritoras "viram a luz" e se tornaram feministas. Deixando de lado o imaginário religioso ao estilo "Estrada Para Damasco", este livro ressoa em mim uma vez que eu também já tive os meus momentos "light bulb" [lampada eléctrica] em relação ao feminismo - especialmente nos últimos dois anos.

No entanto, o que eu descobri, e as minhas iluminações, foram de natureza totalmente diferentes daquelas descritas no livro, uma vez que, apesar da minha caminhada envolver o meu abandono da irmandade, eu escrevo isto depois de ter sido criada, educada e - sim - indoutrinada durante mais de 40 anos com o dogma feminista. E a irmandade, aquele clube adoravél, "feminino" , sensível, tipo mulheres-unidas, puniu-me severamente pela minha decisão.

Em 2010 comecei a escrever um blogue sob o pseudónimo de Quiet Riot Girl. Tenho participado em algumas comunidades online durante os anos, e sempre adorei a forma como elas nos dão a chance de 1) brincar com a nossa identidade, 2) desenvolver personalidades e 3) explorar ideias e prácticas que podem nunca ter sido adoptadas sob o "nosso nome verdadeiro." No entanto, quando criei a "Quiet Riot Girl", nem sabia o quão impactantes as minhas explorações seriam.

Eu era ainda uma feminista quando comecei a blogar (e a twitar) em 2010. Como uma feminista analítica, encontrava-me bem ciente das divisões e das incoerências que existiam entre as feministas em questões em torno do sexo, economia e autonomia física. Mas mesmo assim, eu era uma "irmã". Se vocês derem uma vista de olhos ao meu primeiro blogue QRG, observarão o quão claramente eu me identificava como uma feminista. Mas passado que estava um ano, eu havia-me já separado do feminismo e estava a escrever como uma "anti-feminista - como por exemplo, no meu controverso ensaio com o nome de "Against Feminisms."

O que foi que mudou? E porquê? A minha rejeição do feminismo (e vice-versa) não é apenas uma questão de eu escolher identificar-me com outro nome, e escolher identificar as minhas escolhas políticas com outro nome, mas sim uma mudança gigantesca em mim - o que significa que eu vejo o mundo de uma forma completamente diferente. Existiram algumas curvas e retrocessos na minha "revolução" pessoal. Estes são os mais determinantes.

1) Cultura de Violação [estupro] e Outros Mitos Feministas

A bloguesfera feminista está cheia de artigos e discussões descrevendo o que as feministas qualificam de "cultura de violação". Segundo elas, as mulheres não são capazes de andar numa rua ou desfrutar duma bebida num bar sem serem objecto de avanços amorosos, assédio e violações por parte dos homens, esses cães sujos. Quando comecei a interagir com as feministas online fui imediatamente atingida pelo facto de não reconhecer o fenómeno da "cultura de violação" que elas falavam.

Certamente que não reconheci os homens como os vilões que elas descreviam. Reparei que os homens, como um todo e individualmente, eram demonizados pelas feministas. Por exemplo, Julian Assange ainda nem foi formalmente acusado, mas as blogueiras feministas já o marcaram como um "violador."

Em 2010 escrevi o artigo com o nome "Why Rapist Is A Dirty Word" e a reacção das feministas foi reveladora. Como vocês podem ver na caixa de comentários desse post, algumas feministas disseram que eu não tinha o direito de falar sobre a violação visto que nunca tinha sido violada [?!!!] . Outras disseram que eu era uma "apologista da violação" enquanto outras disseram que eu era uma “rapey!”

O meu estatuto como mulher foi colocado em causa, e as "irmãs" apelaram para que o meu cartão de feminista fosse revogado. Quando tentei que o meu trabalho em torno da cultura da violação fosse disponibilizado em sites feministas e publicações online, deparei-me com um silêncio sepulcral. Aparentemente eu tinha violado um "tabu".

Sem me deixar afectar com isso. continuei a explorar o tópico; em Setembro de 2011, e depois de desistir de desafiar o conceito da "cultura de violação" dentro do feminismo, o meu artigo "Rape Culture And Other Feminist Myths" [Cultura de Violação e Outros Mitos Feministas] foi publicado no "Good Men Project." Nesse artigo eu afirmei:
Quando oiço a palavra "violador", penso num homem com capacidade de reflexão - e não num homem incapaz de mudar. Se nós queremos reduzir a violência sexual, e a violência entre duplas íntimas, temos que falar deste assunto, e falar com os homens que levam a cabo a violência sexual como se eles fossem capazes de mudar. Para além disso, temos que aceitar que os homens não são os únicos perpetradores. A Cultura da Violação é um mito, e como tal, rejeito-a por completo.
Como consequência disto, as feministas, que ainda olham para a violação como violência sexual primariamente levada a cabo pelos homens, rejeitaram-me.

2) Guerra entre os Sexos

Quando finalmente me apercebi da forma horrível como o feminismo trata os homens e a masculinidade, não fui mais capaz de me identificar com o feminismo. O sexo, obviamente, é complexo, e universalmente complexo. A minha própria sexualidade e a minha política sexual variaram com o tempo. Uma das razões que me levou a cortar os laços com o feminismo é a "guerra dos sexos." Apesar de todo o puritanismo que emana do feminismo, aquelas miúdas estão extraordinariamente interessadas no sexo, especialmente nas maldades dos homens heterossexuais.

Durante o ano de 2010 escrevi um post com o nome de "Sex For Sale". Embora hoje em dia discorde comigo mesma em relação a muito do que se encontra lá escrito, o artigo é importante para mim porque revela a forma como me recusei a aceitar o pânico feminista em torno do trabalho sexual. Tal como disse no artigo, "Quando falo do trabalho sexual, incluo-me na discussão. Também te incluo. Se nós não falamos do sexo como participantes, então estamos a levar a cabo um “othering” [da palavra "other" que significa "outro"] das mulheres que abertamente trocam o sexo por dinheiro." (Se fosse hoje, eu diria "homens e mulheres!")

O termo-chave aqui é “othering”. As feministas ADORAM falar da objectivação - que, para elas, significa a objectivação sexual das mulheres. Mas eu sei que no século 21 os homens são também objectos de desejo; os homens mais jovens em particular são colocados em cartazes e ecrâns de televisão, usando pouco mais que nada. Mas esta sexualidade metrossexual masculina é ignorada pelas feministas.

As feministas afirmam que, na nossa cultura, são as mulheres, e não os homens, que são objectivados. Elas adoram atribuir culpas à industria do sexo e aos desejos dos homens heterossexuais pelo estatuto "other" das mulheres como "objectos sexuais", vítimas dos "olhares masculinos", e, essencialmente, como vítimas da violência sexual levada a cabo pelos homens.

Mas na minha opinião, são as feministas que objectivam tanto os homens como as mulheres. Quer elas sejam feministas "sex positive", ou feministas "anti-sexo" e "anti-indústria do sexo", elas simplificam e objectivam as pessoas de modo a que elas se tornem caricaturas de "vítimas" e caricaturas de "perpetradores."

Eu recuso ambas as qualificações e devido a isso, não me ajustei aos moldes feministas.

3) Mas a Sério, e Então e os Homens?

A primeira vez que eu ouvi o termo "misandria" foi há apenas alguns anos atrás. Eu era directora duma organização feminista sem fins lucrativos que providenciava treino a mulheres da indústria musical. Estávamos num dia de treino em torno da "igualdade de oportunidades" quando um homem sugeriu que a minha organização poderia ser sexista. Para além de ter ficado zangada, rejeitei o homem e a posição que ele havia tomado. Eu pensava que a "misandria" da qual ele falava não existia.

Não quero uma medalha por me ter apercebido que existe. Estou a contar este episódio como forma de sublinhar o quão raro o sexismo contra os homens é levado a sério pelas feministas. Durante o tempo em que tirava o meu PhD em estudos de género, usava com frequência um "dicionário da teoria feminista." O termo "misoginia" era longo e detalhado, mas o termo "misândria" não se encontrava presente.

Quando me apercebi da forma cruel como o feminismo trata os homens e a masculinidade, não fui capaz de continuar a identificar-me como feminista. No artigo presente no blogue "Good Men Project", escrevi em torno da expressão horrível que as feministas e os seus aliados usam quando se falam de assuntos masculinos: “whatabouttehmenz?”.

Incidentalmente, acho que mereço uma medalha pelo facto de ter sido banida do site com o nome "No, Seriously, What About Teh Menz?". Supostamente NSWATM é um fórum feito para as pessoas que se preocupam com os homens, com a misandria e com a masculinidade, mas eu fui banida por ter desafiado a Sady Doyle, a proeminente blogueira feminista americana, activista e . . . er . . . alguém com ódio aos homens!

A lista de feministas conhecidas que dedicam uma boa parte do seu tempo e energia a demonizar e a rebaixar os homens é longa. Todos temos as nossas favoritas - estou-me a lembrar de Amanda Marcotte, Melissa McEwan, Cath Elliott, Jill Filipovic e Gail Dines. Mas eu dei por mim a identificar a jornalista do UK Guardian Suzanne Moore como particularmente culpada de misandria. Numa das suas colunas semanais, Moore conta a história da forma como a filha lhe perguntou do porquê dela ser uma feminista. A sua resposta? "Porque os homens fazem coisas horríveis."

4) Quem é Que Está a Silenciar Quem?

As feministas, especialmente as que se encontram online, frequentemente falam no "silenciamento." Alegam elas que os homens tentam silenciar as feministas usando uma variedade de técnicas malignas. Entre estas incluem-se o “mansplaining,” “gaslighting” e o “bullying sexual.” Não vou explicar os conceitos - os leitores do blogue A Voice For Men certamente que estão familiarizados com os mesmos, e tenho a certeza que eles já foram usados contra eles em discussões com feministas.

Há algum tempo atrás, numa estranha discussão no blogue Feministe, fui acusada de todas as coisas que alegadamente os homens fazem para silenciar as feministas. De facto, elas chamaram-me de "homem", e galardoaram-me com um "pénis honorário" - que guardo até hoje. Para além disso, as adoráveis senhoras do blogue Feministe baniram do deu blogue.

Em Abril de 2011 fiz uma lista de todas as pessoas que me baniram e bloquearam (online). O nome da lista foi retirado dum blogue feminista com o mesmo nome, 101 Wankers. Actualmente atingi e ultrapassei o meu "alvo" e deixei de contabilizar.

Mas isto não me silenciou, e como tal, em Março de 2012 Julie Bindel, a conhecida feminista que milita contra a indústria do sexo, juntamente com as suas amigas, "revelaram-me". O meu pseudónimo Quiet Riot Girl foi revelado como pertencendo a mim, Elly Tams,e fui qualificada de "anti-feminista", "homofóbica" e uma "troll."

O termo "troll" é particularmente eficaz uma vez que é aceite de modo geral - muito para além da bloguesfera feminista - como uma palavra que significa que alguém é "mau", "não fiável", e até "sub-humano." Fui chamada de troll em várias ocasiões, e embora a expressão seja usada com intenções políticas, o mesmo magoa. Quando existem programas de TV com o nome de "RIP trolls", e que seguem o rasto no Facebook por tributos a pessoas recentemente falecidas, e então desfiguram-nos e assediam de forma horrível os familiares, é difícil ser chamada de "troll" e permanecer firme e orgulhosa.

Mas levando em conta o tratamento que as feministas, e outros que não gostam do que eu tenho a dizer, me deram, fico com uma pergunta: Quem é que está a silenciar quem?

5) "Lies, Damn Lies and Statistics"

Uma das coisas que sempre achei difícil de aceitar acerca do feminismo é a forma incoerente o mesmo é, e a forma como usa dados adulterados - bem, chamemos-lhe de mentiras - para promover e justificar as suas declarações. Eu estudei o género até ao nível de PhD e para além, e como tal fundamentei o meu trabalho na teoria feminista e nas pesquisas influenciadas pelo feminismo. Será que estava tudo errado? A resposta é "sim" e "não."

No meu ensaio "Against Feminisms" eu demonstro que rejeito TODAS as pressuposições feministas bem como as suas posições básicas. Mas eu não alego que tudo o que foi escrito por uma feminista é inútil. As teóricas e escritoras feministas cujo trabalho eu não abandonei de todo incluem nomes como Camille Paglia, Judith Butler e Gayle Rubin. No entanto, eu penso que elas focam-se demasiado na mulher e nos assuntos que se centram na mulher, fragilizando os seus argumentos.

Preciso de outro artigo, ou se calhar um segundo PhD, para demonstrar a forma como as feministas são inconsistentes nas suas posições, e como as suas pesquisas são frequentemente muito pobres. Mas eis alguns exemplos recentes:
  • No seu livro recentemente publicado "The Sex Myth", Brooke Magnanti, mais conhecida como Belle de Jour, mostrou como as feministas que são contra a indústria do sexo usam dados erróneos e análises pobres para emitirem o que eu só posso qualificar de "misoginia" e mentiras em torno do entretimento adulto.
Magnanti mostra como as activistas feministas basearam uma parte do seu activismo em estatísticas erradas em torno da relação entre o número de clubes de "danças de colo" na área, com o nível das violações na mesma área. Organizações sediadas no Reino Unido, tais como Object UK e a Fawcett Society, normalmente apresentam "factos" em torno da violência contra as mulheres que, após inspecção mais pormenorizada, revelam-se como tudo menos factos, ou dados incompletos.
  • A Fawcett Society fornece-nos um exemplo dos dados erróneos feministas. Actualmente, eles têm uma campanha em torno da forma como, durante uma recessão, as mulheres são mais afligidas economicamente que os homens.
Eu acho os números que eles usam particularmente insultuosas para a nossa inteligência uma vez que elas ignoram o "facto" que todos nós sabemos do nosso dia a dia, isto é, que, na esmagadora maioria dos casos, os homens e as mulheres vivem juntos - quer seja em famílias nucleares ou estendidas - e sustentam-se mutuamente.
  • Outro facto ignorado pelas feministas é a forma como os pais que não vivem com os seus filhos, e que muitas vezes nem têm acesso a eles, tendem a pagar consideráveis somas de dinheiro em pensão alimentícia.
6) A Visão Completa

A questão dos pais e dos direitos dos pais é um que me traz para o último ponto.

Nos meus conflitos mais recentes com as feministas, particularmente através da internet, descobri que elas são incrivelmente mesquinhas, de visão limitada, e particularmente insensíveis às questões mais amplas da sociedade que não lhes afectam directamente. A bloguesfera feminista encontra-se dominada por mulheres jovens, brancas e da classe média que não têm que se preocupar com o facto de terem ou não terem permissão para ver os seus filhos, se serão chamadas para combater numa guerra, ou de onde virá a próxima refeição.

De modo global, quando se fala em crises tais como fomes, desastres naturais e conflitos armados e desemprego, todos - e não só as mulheres - sofrem. Mesmo nos EUA o alistamento militar é compulsório para os jovens homens - não para as mulheres - mas as feministas descartam isso como um importante assunto de género.

O choramingar constante de feministas endinheiradas em torno do "privilégio masculino" foi a gota de água final no meu relacionamento com o feminismo. Privilégio? Qual privilégio?

[Conclusão:]

No título deste artigo eu identifico-me como uma "feminista em recuperação." Embora eu ache que eu nunca tenha sido "viciada" no feminismo, essa frase foi propositada. Abandonar o dogma que tem dominado a minha vida até hoje não tem sido fácil. Existem até paralelos com a forma como o álcool e as drogas podem servir de, digamos, "adereços" e "redes de segurança", uma forma de tentar evitar alguns dos aspectos mais duros da realidade, e o que o feminismo me ofereceu.

Hoje, sem a confortável desilusão do feminismo encontro-me mais vulnerável. Por vezes, sem o "gang", o "clube" (a "seita"?) sinto-me sozinha. Mas não tenho arrependimentos. Para além da misandria, das mentiras, das tácticas de silenciamento, e das políticas sexuais opressoras do feminismo, ao escrever este artigo lembrei-me de que, mesmo quando ainda era uma feminista que pensava pela sua própria cabeça, eu fui expulsa e ridicularizada. Para mim, ser uma feminista foi estar numa irmandade mas não ter irmãs. Nunca mais voltarei para lá.


Agradeço ao Dean Esmay por me encorajar a escrever isto. Agradeço também à minha própria irmã que nunca se deixou convencer pelo feminismo e que agora passa o seu tempo a dizer "Eu bem te disse!"

O meu corrector
ortográfico não reconhece a palavra "misandria". Talvez o meu pc seja feminista.


3 comentários:

  1. Bem pelo menos ela teve seu "momento de lucidez".
    Prova que o feminismo não tem nada de democrático.
    PS. A palavra para aversão a homens, Misandria, não existe apenas no dicionário virtual do google.
    Vários dicionários considerados sérios não falam sobre esta palavra.

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  2. Se pelo menos fossem as próprias mulheres a combaterem o Feminismo. Mais uma vez, nós homens, é que salvaremos esse mudo das vertentes socialistas.

    Bom mesmo seria se gays denunciassem o movimento gay.
    Bom também seria se negros denunciassem o movimento negro.

    Enfim, as próprias minorias denunciassem essas falsas bandeiras que são essas ONGs politicamente corretas.

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  3. As feminazis não tem coerência nenhuma quando vão criticar o que se referem por "misoginia" e "cultura de violação", sempre tentam ofender os cristãos mas nunca as vejo atacar o islamismo que efetivamente promove uma subjugação total das mulheres. Já cheguei a ouvir uma feminazi que mora em Londres dizer que a proibição ao uso do niqab na França e na Bélgica seria "islamofobia". São idiotas úteis abrindo caminho para islamo-socialistas.

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