quarta-feira, 7 de março de 2012

O Marxismo Cultural Feminista de Bruxelas

Mais uma vez assistimos à omnisciente União Europeia a velar pelo equilíbrio das nossas sociedades, cheias de tendências obstinadas, que carecem de um tutor. Se já é banal assistirmos às regulamentações caricatas diariamente, desta vez elas trazem consigo os laivos do feminismo sedento de tratamento preferencial; referimos-mos assim às quotas por género.

Sendo uma das bandeiras sobejamente conhecidas nos últimos anos, sob alçada de recomendações internacionais, revela-se agora na União Europeia a ambição de punir empresas que não promovam mais mulheres nos cargos de administração de empresas.

Uma modalidade mais frequente das quotas por género é aquela que ganha terreno facilmente no âmbito da representação política, contando com a obrigatoriedade na Constituição ou na lei eleitoral de alguns países, como a Eslovénia, Bélgica e Franca, ou com a adesão voluntária por parte de alguns partidos, no caso de países como Alemanha, Noruega e Suécia.

Se este critério pode levantar muitas questões nestes casos, a aplicação de imposições e punições por parte de uma autoridade como a Comissão Europeia, atropelando instituições democráticas nacionais e imiscuindo-se nas decisões de empresas, revela-se ultrajante.

Os objectivos são agora declarados abertamente pela Comissária Europeia para a Justiça, Viviane Reding, que já em Setembro de 2011, num encontro de escolas de gestão afirmava:

Todos temos de contribuir para que os nossos talentos femininos considerem seguir esse percurso em primeiro lugar. Fico particularmente satisfeita com o envolvimento das escolas de gestão europeias neste processo. Tranquiliza me ver que o sector da educação está seriamente empenhado em atacar as raízes desta desigualdade.
O seu desejo tornado público passa pelo comprometimento das empresas em aumentarem o número de mulheres nos conselhos de administração, numa meta de 30%, até 2015, e 40% até 2020.

A Comissão Europeia autoproclama-se com autoridade para avaliar progressos de empresas que enveredem por este caminho para então ponderar medidas futuras caso o "progresso" registado não seja suficientemente satisfatório, derivando daí o seu plano implacável contra os tão tenebrosos constrangimentos que teimem em continuar.

Toda esta estratégia vem pisar as bases fundamentais de uma sociedade livre, numa economia de mercado pois começa, desde logo, por contrariar a igualdade de oportunidades.

A igualdade de oportunidades nada tem a ver com acertos falsificados de resultados; a igualdade de oportunidades é a completa abertura e liberdade, no ponto de partida, para fazer vingar as capacidades próprias sem interferência do Estado, num meio com constrangimentos próprios que são sentidos por todos e que irá premiar os mais aptos, incentivando os restantes a deslocarem-se para outras potenciais oportunidades.

Esta proposta (aliás, ameaça) de quotas é uma machadada na meritocracia quando ousa tentar corrigir a distribuição de mulheres e homens através do favorecimento das primeiras.

Considerando-as como grupo oprimido, parecem merecer agora um suposto "ajuste de contas" com a história, onde tudo é lícito, incluindo a redução de representação dos elementos do sexo masculino que tenham conquistado os seus cargos, revertida para o acréscimo falseado na percentagem feminina.

No caso de os empresários assistirem ao avanço desta proposta, ver-se-ão impedidos de continuar a escolher os seus colaboradores com base na produtividade de cada um e a promover o benefício mútuo. Estarão limitados na capacidade de concederem oportunidades aos indivíduos mais habilitados a aplicarem plenamente o seu esforço em determina função e, por outro lado, serão constrangidos a integrar elementos femininos numa condescendência que trabalha para cumprir as estatísticas.

Não é racional que um empresário não contrate mulheres e/ou promova uma das suas colaboradoras quando vê sinais de vantagem para a empresa e para os seus lucros. Da mesma forma, é lógico que as diferenças salariais decorrem da produtividade de homens e de mulheres e se existissem razões para deixar de se registar essa desigualdade, os empresários seriam os primeiros a decidir pela alteração, de forma a incentivar os mais competentes a continuarem a colaborar e não escaparem para outro contrato mais atractivo.

O que esta proposta vem preconizar mais uma vez é a proibição da discriminação, forma voluntária pela qual os indivíduos, de igual para igual, escolhem ou recusam associar-se a outros, consoante as suas preferências, necessidades, laços pessoais, etc...

O impedimento ao acto de rejeição/escolha pode afectar a própria harmonia social de associação pacífica ao contrariar o curso natural da organização e delegação de poder nas empresas e ao forçar o desmantelamento da ordem que o empresário definiu como útil.

Mas, acima de tudo, é um factor de desmotivação interna, obviamente ignorado pelo corpo europeu centralizado que define valores homogéneos à força, ditando prazos para consumar a sociedade perfeita.

A ideia de que é necessário procurar uma proporcionalidade estatística como ponto de equilíbrio é negar que existem desigualdades em consequência de diferentes características pessoais e de desempenho e pretende, somente, usar o discurso igualitário para fazer avançar legislação favorável, envolta na típica justificação de complexidade social que só a burocracia do Estado pode vencer.

Numa sociedade livre, cabe ao proprietário escolher contratações e demissões, no sentido que potencie mais a sua vantagem competitiva no mercado, enquanto o pretensioso discurso oficial do "longo caminho a percorrer" incorre somente em desperdícios ao tentar aplicar receitas contra a divisão do trabalho e diversidade voluntária.

As quotas por género, ao ignorarem indivíduos e circunstâncias concretas, no tempo e no espaço, soam como reparações de guerra que o sexo oposto parece estar obrigado perpétuamente a pagar.

"So far as Feminism seeks to adjust the legal position of woman to that of man, so far as it seeks to offer her legal and economic freedom to develop and act in accordance with her inclinations, desires, and economic circumstances—so far it is nothing more than a branch of the great liberal movement, which advocates peaceful and free evolution.

When, going beyond this, it attacks the institutions of social life under the impression that it will thus be able to remove the natural barriers, it is a spiritual child of Socialism.

For it is a characteristic of Socialism to discover in social institutions the origin of unalterable facts of nature, and to endeavour, by reforming these institutions, to reform nature"

Ludwig von Mises


2 comentários:

  1. Não concordo nada com esta história das cotas. Acho ridículo. Tem muito mais a ver com a oferta e a procura. Uma coisa é ser proibido escolher um indivíduo para um cargo apenas por ser homem. Mas neste caso o que estamos a fazer é a escolher indivíduos para um cargo apenas por serem mulheres.

    Oferta e procura.

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  2. feminismo- mulheres mal amadas procurando um jeito de ser homem ,sou mulher mas tenho nojo do feminismo...

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