sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Ociosos de todo o mundo, uni-vos!

Um indivíduo que sozinho destrói propriedade alheia é um vândalo. Um indivíduo que sozinho rouba o próximo é um ladrão. Um indivíduo que sozinho desafia e ataca a polícia é, provavelmente, doido varrido. Mas se tais indivíduos se juntarem em bandos de centenas ou milhares e exercerem os seus talentos em conjunto, estamos logo perante um grito de insatisfação, uma vaga de indignação, em suma um movimento social com causas solenes e origens profundas.

Pelo menos é essa a opinião dos que, sobretudo à esquerda do espectro político ou à revelia do espectro mental, procuram explicar e até legitimar os criminosos que, durante a semana, saquearam Londres e outras cidades inglesas.

A culpa, garantem, sem vestígio de originalidade, é do "contexto", o que no caso naturalmente equivale a dizer que a culpa é do desemprego, da desigualdade, do capitalismo, da globalização, do consumismo, da América, da sr.ª Merkel, do sr. Cameron e, com jeitinho, das próprias vítimas dos crimes, também elas cúmplices de uma sociedade que oprime.

Não vale a pena notar que os "oprimidos" desta história são, em larga medida, os filhos ou os protagonistas do assistencialismo, que retira uma fatia do PIB britânico superior à equivalente da Finlândia, da Alemanha, da Holanda ou da proverbial Escandinávia.

Trata-se no mínimo de duas gerações moralmente arruinadas por subsídios, abonos e benefícios fiscais que não só dispensam incontáveis "oprimidos" de arranjar emprego como os tornam radicalmente avessos a tamanha desumanidade.

O problema dos "oprimidos" não é a falta de trabalho: é a hipótese de que os obriguem a aceitar um, e a agonia do Estado "social" faz que a hipótese seja cada vez mais plausível. Donde o caos vigente em Londres e não apenas em Londres, o qual se assemelha bastante menos a uma reivindicação de justiça do que a uma tentativa desesperada de perpetuar o parasitismo e, afinal, a injustiça.

O que vale a pena notar é o facto de nem toda a esquerda pretender justificar os tumultos na Inglaterra. Certa esquerda, com metástases em Portugal, óptima divulgação na Internet e razoável representação partidária, anda entretida a aplaudir os tumultos e a implorar aos deuses da sua predilecção que os tumultos assumam dimensão internacional e cheguem cá.

O ódio de alguns ao "sistema" que os alimenta não perde tempo com argumentos infantis: exige sangue e exige-o agora. A sorte deles é que o "sistema" não lhes retribui os mimos, e a atitude contemplativa da polícia inglesa face aos selvagens provou-o. Nisso, o "sistema" irrita-me um bocadinho.

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